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sábado, 7 de janeiro de 2023

Novidades em percursos em BTT na Costa Vicentina

Olá
Aqui e aqui abordei a Costa Vicentina como uma boa opção para viagens em bicicleta, no meu caso sugiro BTT.
O site que promove a Costa traz agora mais soluções e propostas que entram pelo Alentejo adentro.
Sabem que mais: estou com vontade de ir!
Vejam as novidades.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Manuais de bicicleta de montanha e estrada


A net tem destas coisas, de quando em quando descobrem-se boas "ferramentas" de melhoria do nosso conhecimento.

Foi assim com o site archive.org. Imensos conteúdos gratuitos e prontinhos para a sua descarga. Aqui ficam duas sugestões. Ainda não os li, nem conferi a exatidão e rigor técnico (nem tenho conhecimentos para tal desiderato), mas têm tudo para ser uma boa opção de leitura e aprendizagem.

Manual da bicicleta de estrada, clique aqui. Manual da bicicleta de montanha, clique aqui. Estes links são para descarga em pdf mas no site pode escolher outras opções. Um site a explorar.


Vítor Franco

sábado, 31 de outubro de 2020

Alô ciclistas, como estão as vossas barrigas?

Cristina Spínola é uma das mulheres cicloviajantes mais famosas. 
As suas aventuras e os seus ensinamentos fazem escola e partilha democrática e gratuita de conhecimento.
A sua coleção de vídeos é muito boa. Podes consultá-la no youtube clicando aqui e no facebook clicando aqui.
Sobre os seus vídeos diz a Cristina:
"Acho que não há melhor maneira de conhecer a realidade de um país e de seus habitantes do que viajando de bicicleta. Não importa de onde você é, de onde você está ou do motivo de sua viagem, a única coisa que une você e eu é que a bicicleta é o centro de nossas vidas. Solaenbici é para pessoas como você e eu que viajam a pedais para conhecer a realidade profunda de um lugar que transpira gordura, cruza desertos, selvas e pântanos, sobe e desce montanhas, passa pelo calor ou pelo frio, se move devagar sem parar. Às vezes vale a pena sofrer para chegar aonde ninguém vai e encontrar seres humanos incríveis que jamais conheceríamos de outra forma; pessoas com valores incríveis com quem aprendemos e graças a quem cumprimos o propósito final desta viagem, crescer como pessoas."
Que se poderia dizer melhor?
Ah pois... o título é como estão as vossas barrigas :) :) :) 


Vítor Franco

domingo, 29 de dezembro de 2019

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Estórias do Danúbio: a caixa de revistas pornográficas

Rio Danúbio tinha inundado as margens
Este foi talvez o dia mais engraçado versus peripécias:

1ª Estava em dormida solidária em Eching. Depois de dois dias de visita a Munique e Dachau chegou o dia de partir de bike rumo ao Danúbio. Estação de comboio de Eching: ops, não consigo tirar o bilhete para a bicicleta nas máquinas automáticas, alternativa tirar só bilhete para mim e sujeitar-me a multa se for apanhado… Penso: isto na Alemanha disciplinada é muito mal visto… Pois, volto a tentar noutra máquina, e noutra… Os comboios vão passando… Vou arriscar… Uff, safei-me…

2ª Na enorme estação de comboio de Munique estava uma “pilha” de gente. Pessoas, carros de bagagem e bicicletas passavam-me pela esquerda e pela direita, quase parecia a “medina de Marraquexe” eh eh eh, procuro um canto e fico a observar as pessoas, tento descobrir o WC, era ao fim das escadas… Uff, não vou descer isto com a bike… Aguentei… Começo a dar umas voltas pela estação: onde estaria a bilheteira? Foi fácil encontrá-la, esperava uma fila gigante mas os atendimentos eram muitos e fui logo atendido. Pedi um bilhete para Ingolstadt, a menina tinha dificuldade em entender mas lá foi. Bilhete para bicicleta e para mim, fez uma bola na hora de partida e no cais de embarque. Porreiro, penso, é fácil. Meia hora antes já estava no cais nº 2. O comboio chega e sai imensa gente, imensa gente começa a entrar… procuro o símbolo da bicicleta nas carruagens, não o vejo… Deixo as pessoas entrarem e vou tentar entrar com a bike. Ops… apitos incessantes… Uma funcionária exaltada apitava-me e ralhava comigo, em alemão claro. Claro está que percebia tudo eh eh eh, népias… Afinal aquele comboio não admitia bicicletas, mostro-lhe os bilhetes, era aquela hora, aquele cais e aquele comboio… Ralhou mais… Chegou-se um outro funcionário que me explicou então que teria de tomar outro comboio embora o destino fosse o mesmo, indicou-me o cais… A “apitadeira-ralhadeira” foi dar partida ao comboio… Mudei de cais, esperei… E eu sem urinar… Prendi a bike com cadeados num separador e fui aliviar a bexiga, uff, 

3ª Eram 13h, 12h de cá, tinha-me levantado às 6h de lá, a fome apertava. As bolachas de arroz e as bananas já estavam a cargo do suco gástrico há um tempo… Só estaria em Ingolstadt por volta da 14h… Conclusão: tinha de violar uma regra! Após aturada reflexão concretizo a violação: duas carcaças grandes com queixo, tomate, chourição, dois croissants e um sumo. Regra violada: estava a comer glúten… Mas um intestino sportinguista, mesmo intolerante, está habituado às dificuldades, aguentou…
O Danúbio em Ingolstadt
4ª Ingolstadt, saio do comboio, espero ver os passageiros sair para saber onde era a saída e lá vou. Finalmente comecei a pedalar, sigo a direção do rio, num cruzamento vejo uma senhora aproximar-se, ruiva, vejo uns olhos azuis muito brilhantes e umas pintinhas na cara, uff, ciclista sofre, uff, pergunto e indica-me o caminho, apanho o rio, Eurovelo 6 indica uma placa, perfeito, faço cerca de 20 kms, o canto das aves é permanente, passo por um grupo acampado junto ao caminho, todos de negro e com várias bandeiras negras de cruz celta muito usadas por grupos de extrema-direita, finjo que não os vejo, sigo, tiro o telemóvel e faço um direto no facebook para partilhar a beleza da natureza…

Central térmica
5ª Passo à central térmica de Irsching, tiro fotos e mando a amigos da EDP, por uma ponte passo para norte do rio e sigo por cima do dique, desço, fico entre o rio e um seu braço, paisagens lindas, mas o rio tinha subido antes e o caminho passou a lama, lama mais lama, empurro a bike sempre em frente, já nem mudanças metia, mas a lama haveria de acabar, assim foi em Hinheim, tento tirar o maior com um pau, consulto o mapsme, tinha um local de acampamento a uns 6 kms, pedalo, corto à esquerda e começo a subir, a subir por uma estrada estreita, uma avioneta aterra, afinal tinha-me enganado, fui parar a um aeródromo, volto para trás, apanho a estrada principal, mais à frente corto à direita, desço para a margem do rio, encontro uma quinta, a de Armin Trübswetter, não havia ninguém, nem um cão, chamo sem resultado, toco a campainha da bicicleta, nada, entro na quinta, procuro o local de acampamento, vejo um pequeno edifício de apoio em madeira com tomadas e torneiras, olho em frente: o rio tinha inundado o local, bbbzzzz, espero, nada, pego numa mangueira e lavo bem a bicicleta, ao fundo vejo três mulheres e um jovem na minha direção, espero, quando chegam perto de mim pergunto pelo local de acampamento, apontam para o local inundado e riem-se, e seguem, bbbzzzz, mandei-os dar banho ao cão em português, também não havia cão, só ouvia umas vacas, bati a uma porta da casa grande, ninguém responde, nem cão…

6ª Recomeço a pedalar, subo para retomar a estrada principal de novo, no cruzamento encontro um casal em bicicletas, deveriam estar na casa dos 50 anos, deviam ser de perto pois nem água traziam, riam muito a ver uma revista, chego perto, olho, estava um caixote cheio de revistas pornográficas no chão, riam-se, demoraram a dar por mim, riam-se, quando dão por mim meto conversa, sou português, começo sempre assim: “sou português e não sei bem a língua alemã”, deixam de rir, explico de onde vinha e pergunto por um parque de campismo, simpáticos explicam, só tinha que seguir até Essing e cortar à esquerda até encontrar um parque. Retomo a pedalada, sempre a subir, floresta de um lado e outro, mal sabia eu que no dia a seguir a teria de subir à mão por trilhos de lama(...)



e arvoredo fechado, 


começo a descer e corto à esquerda para Essing, continuo pedalando, não vejo o parque de campismo, volto para trás, deveria ter entrado entre o rio Naab e um seu canal, apanho o trilho e chego ao camping de Landgasthof Kastlhof. 

7ª Um lugar paradisíaco. Monto a tenda, tomo um banho, como um excelente jantar no restaurante, descontraio junto ao rio, dormi bem. O dia tinha sido engraçado!

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Não tens medo de andar sozinho?

Schlögen, Áustria
Sou alvo de muitas perguntas sobre esta matéria. A primeira questão que me colocam é:
- Não tens medo de andar sozinho?
O mundo é muito melhor do que o sensacionalismo criminal das TVs indica. A perceção televisiva é que cada desconhecido é um perigo, em verdade é uma oportunidade de convívio e amizade. Em rigor não tenho tido medo, algumas vezes receio. Planeamento e prevenção são as minhas palavras-chave e solução sobre que situação for.
- Já levas tudo planeado onde vais dormir, não é?
Não, em regra só a primeira ou duas primeiras noites, são marcadas previamente. As seguintes são calculadas senão uma previsão de quilometragem – que na maioria das vezes não acontece :). Na última cicloviagem, Danúbio, a primeira noite em acampamento foi gorada por este estar inundado pelo rio. O treino de dormida foi cerca de uma semana dormindo na sala de casa em cima de um simples colchão de trekking [daqueles fininhos] com o saco cama [10 graus] que ia usar.
- E como comes?
Essa é a minha maior dificuldade, até pelo facto de ser intolerante ao glúten. Significa que também isso precisa de algum planeamento e medidas de prevenção. Eu não tenho [ainda] prática de fazer comida em cicloviagem mas barritas, bananas e amendoins costumam fazer-me companhia.
- Já sabes onde vais passar?
Antes de uma cicloviagem leio o suficiente sobre ela até me sentir suficientemente confortável. Tenho uma ideia onde vou passar e o que irei ver, como e quando. Ter uma ideia é isso mesmo, por exemplo: na última viagem não consegui encontrar um campo arqueológico romano em Enns e uns 20 kms antes tive de fazer uma bela subida até ao campo de concentração de Mauthausen.
- Quais as ciclo-viagens que já fizeste?
Rota Vicentina [em equipa], quatro caminhos de Santiago, Caminho Lebaniego/Picos da Europa e Rio Danúbio. Os períodos de viagem variam entre 5 e 18 dias.
- Que medidas técnicas recomendas?
Para além das peças simples de substituição e reparação [pneus com líquido anti-furo, reparadores, pastilhas de travão, câmara, um cabo, um dropot, spray anti-furo], aconselho a que leves luzes, mapsme no telemóvel [com campings e locais a visitar carregados] e gps – deves ter sempre sempre uma redundância no sistema de orientação embora no caminho de Santiago quase nem é preciso nada. A fita-cola conhecida como fita americana pode ser importante, nem que seja para embalar a bike no regresso.
- A questão da língua…
Saber um mínimo de inglês é essencial na Europa, francês em Marrocos, assim como o castelhano. Procura saber dizer palavras-chave na língua do país que vais visitar. Uma ferramenta útil é o Google translator, descarrega primeiro as línguas para teres tradução offline, de outro modo terás de utilizar dados para a tradução.
- E com o dinheiro?
Levo euros em vários “locais” de mais difícil acesso a ladrões, cartão de crédito recarregável Revolut / Mastercard, multibanco / Visa e aplicação Mbway. Nos destinos, se fores ao multibanco procura fazê-lo num interior de agência bancária e não andes com dinheiro à mostra. Não uses objetos de valor à vista, não coloques mochilas ou malas ao lado de ti, ou na cadeira ao lado… O cartão de crédito virtual de uso único pode ser útil para evitares que te tenham acesso à conta. Atenção ao uso de palavras passe em locais de acesso gratuito.
- Saúde?
Na Europa tira previamente o cartão de seguro europeu, faz seguro de viagem e leva medicamentos base ou essenciais como um desinfetante. Para locais onde a água possa ter qualidade duvidosa não se perde teres contigo uns comprimidos desinfetantes e um antibiótico de largo espetro.
- E outras notas básicas?
Se comprares bilhete de avião pela net, faz primeiro limpeza de computador e depois usa a navegação anónima. Se precisares de simular muito tenta usar outras datas e não a que pretendes. Quando te decidires pela data começa por usar um agregador e logo depois o da companhia que escolheres, vai avançando até saberes a certeza da decisão e fazeres a compra. Digitaliza a tua documentação e guarda-a no telemóvel e num e-mail. Tem um bom powerbank.
- Que ganhas nessas viagens?
Conhecimento histórico e social, prazer do contato com a natureza, aprender novas culturas e línguas, visitar imensos locais históricos, percorrer a beleza da vida... Ah, faço muitas perguntas; talvez seja o cicloviajante mais chato e curioso :) :)
Afinal, viajar é a única atividade em que se fica mais rico gastando dinheiro!

sábado, 25 de maio de 2019

As margens do Danúbio são lugares de muitas estórias que fazem a história da humanidade.

Previsão de como irá ser montada a bike



Nascendo na Floresta Negra, na Alemanha, o 2º maior rio da Europa passa na Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Roménia, Bulgária, Moldávia e Ucrânia.
O seu delta é reserva mundial da biosfera e um santuário de avifauna e peixe. Embora a maior parte fique do lado romeno também a Ucrânia partilha parte essencial do delta do rio.
O rio dá acesso de todos estes países ao Mar Negro e deste, para sul, através do estreito do Bósforo (que separa a parte europeia e asiática da Turquia e da sua cidade de Istambul) dá acesso ao Mar de Mármara e depois ao Mar Egeu e deste ao Mediterrâneo. Para norte o acesso marítimo segue para o mar de Azov através do Estreito de Querche.  
Agora acrescente-lhe que a Alemanha construiu um canal de 171 kms que o liga ao rio Meno e que este desagua no Reno que por sua vez vai desaguar no Mar do Norte…
Assim, quando falamos do Danúbio, falamos de um rio altamente estratégico na geopolítica e geografia europeia e até asiática. Isso fez dele um lugar de disputa e grande circulação de povos, disputas militares e poderes. O último dos quais foi a guerra dos Balcãs e parte dos seus combates tiveram foco entre a Croácia e a Sérvia, uma guerra que só foi há 20 anos e de que restam ainda campos minados, aldeias e casas destruídas.
Perto das suas margens foi construído o Campo de Concentração de Mauthausen (https://pt.wikipedia.org/wiki/Mauthausen) cujo musealização perpétua a recordação do horror e do fascismo. Antes visitarei o de Dachau (https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_de_concentra%C3%A7%C3%A3o_de_Dachau), perto de Munique, cidade para a qual parto terça-feira de avião.
As margens do Danúbio são, pois, lugares de muitas estórias que fazem a história da humanidade.
Mas são também lugares seguros e de atração popular.
A minha intenção é fazer de Ingolstad ao delta do rio até ao Mar Negro.. Farei em autossuficiência e sozinho – mas encontrarei muita gente pelo caminho ou trilhos. Dormirei essencialmente em parques de campismo e comerei onde for possível, não tenho conhecimentos culinários para arriscar fazer sempre a minha própria comida.
A rota será longa, 2440 kms, mas não é uma “rota BTT” como a que fiz o ano passado com o Caminho do Norte de Santiago e o Caminho Lebaniego / Picos da Europa.
A maior dificuldade será de novo a chuva. Junho é o mês de maior [ou dos maiores] precipitação na Alemanha, Áustria, Sérvia, Hungria ou Croácia. Se apanhar chuva torrencial talvez seja possível recorrer ao comboio ou a algum percurso em barco.
Tentarei ir atualizando este blogue e o facebook, mas não esperem grandes fotos que a aselhice técnica não o permite; também serão essencialmente de telemóvel.
Então até breve.

terça-feira, 19 de março de 2019

Sapatilhas novas para a rota do rio Danúbio :)

O equipamento para a rota do rio Danúbio está quase completo. Hoje chegaram as minhas Shimano XM7 Mountain Bike. O treino é que está um pouco atrasado, mas em 2440 km tenho tempo de treinar eh eh eh
Junho, julho e agosto são meses de chuva pelas terras alemãs, austríacas… Ao contrário de cá, lá chove no verão. Há que ir preparado e aproveitando os saldos junta-se o útil ao agradável. Compradas na Ofimoto ao amigo Nuno.
Uma das vantagens da travessa de encaixe embebida na sapatilha é que a podes usar quer em encaixe no pedal, com as vantagens conhecidas, quer como passeio ou caminhada.
Segundo a descrição “o trunfo de referência deste modelo reside no forro impermeável Gore-Tex: contrariamente à maioria dos modelos resistente à água, não sacrifica a ventilação do pé. Por esta razão, a humidade corporal é evacuada durante o exercício e a pele seca mantém-se à temperatura ideal. Sem sufocar, este modelo garante excelentes desempenhos com mau tempo.
Muito aderente, a sola antiderrapante permite-lhe estabilizar o pé, independentemente das condições do terreno. Também encontra uma palmilha Cup que acompanha a morfologia da sua abóbada plantar. A placa flexível aumenta a potência de apoio, absorvendo as ondas de choque sentidas no pedal.
Graças aos atacadores e ao velcro, o ajuste efetua-se facilmente e o pé muito apertado mantém-se apoiado. Adorámos, a resistência do couro da gáspea: para o proteger, o fabricante revestiu a biqueira e o calcanhar (muito solicitados) com borracha, o que proporciona uma proteção suplementar contra impactos”.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Riscos e atividades físicas em meio natural

Algures no País Basco
Muitas pessoas me equacionam sobre os perigos de fazer "grandes" cicloviagens sozinho - a minha forma preferida. 
Na verdade o perigo existe em todo o lado e em todos os atos, pelo que o essencial dá pelos nomes de planeamento, concentração, avaliação, pensamento permanente em perguntas, ação e medição racional.
É importante não nos deixarmos levar pela perceção em desfavor da análise fria da realidade. A porta da minha casa é, teoricamente, um lugar seguro; foi de onde me roubaram um carro que nunca mais apareceu.
Há cicloviagens muitos diferentes e riscos muitos diferentes, tal como nas atividades de montanha.
Um dos artigos fundamentais é este que aqui partilho. É útil para desportistas amadores e para promotores de atividade.
Boas leituras.
Resumo:

"O risco associado às atividades físicas desenvolvidas em ambiente natural pode ser condicionado por muitos fatores em alguns casos de difícil objetivação. Este artigo tem como objetivo fazer uma abordagem conceitual e uma análise dos fatores implícitos nos diferentes componentes que compõem a prática de atividades físicas no ambiente natural. No meio da prática, podemos considerar um conjunto de elementos estáticos e dinâmicos que facilitam a prática de atividades. Suas características, como altura, grau de coesão, velocidade, presença de obstáculos, etc., às vezes acarretam uma limitação, até mesmo um risco quando as associamos a variáveis ​​qualitativas e quantitativas. Outros fatores de risco estudados são aqueles derivados do planejamento das ações e de sua aprendizagem. Em relação a este último ponto, falaremos sobre as características do contínuo temporal-espacial, a irreversibilidade das ações e a adaptação de ações baseadas em um contínuo energético. Por fim, trata da variabilidade que pode existir na avaliação de risco, ou seja, os fatores que influenciam a percepção de uma situação como arriscada."Risco e atividades físicas no ambiente naturaluma abordagem multidimensional
Link de todo o artigo com todo o texto em pdf.

domingo, 1 de julho de 2018

De Irun a Cangas de Onis, passando pelos Picos da Europa

Caminho do Norte a Santiago, até San Vicente de la Barquera; Caminho Lebaniego pelo desfiladeiro de La Hermida até ao fim em Stº Toribio / Potes. Subida, nos Picos da Europa, em Fuente Dé e descida até Poncebos. Rota do rio Cares a pé, e bicicleta até Cangas de Onis. Desistência, em Oviedo, devido à chuva persistente. 
Foi simplesmente espetacular apesar da chuva quase permanente. Mais de 500km em pedal e uns 14 de acumulado.
Filme de fotos "salteadas"!

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Notas republicanas no molhado Caminho do Norte a Santiago de um estado monárquico

Hendaye é País Basco (Euskal Herria), quer dizer, o lado basco do estado francês quando passamos o rio Bidasoa depois da basca Irun. Irun está do lado monárquico, o espanhol; Hendaye está do lado republicano, o francês.
É toda uma diferença. Ora vejam estas fotos:





sábado, 16 de junho de 2018

Sugestões de planificação de uma ciclo viagem

Uma ciclo viagem necessita sempre de preparação pois os imprevistos podem surgir quando menos se espera. 
Antes de ir defina a essência dos seus objetivos, seja flexível mas construa uma programação mínima. Investigue, pesquise, use a net, procure blogues ou sites, pense...
O fundamental é construir perguntas sobre a ciclo viagem, antes e durante. Em qualquer momento, faça previsões sobre qualquer circunstância, tenha a palavra chave segurança no centro da previsão e da concretização da ação. Uma questão banal que pode ter consequências: vazar água num bidon, se ele não estiver estável e cair você pode ficar sem água e sofrer desidratação por isso.
A queda da bike é o acidente mais comum, mas muitos imponderáveis podem surgir: furos, pequenos acidentes, perder-se no caminho, ficar sem água ou sem comida... Eu não uso tubless mas câmaras com líquido anti-furo. Uso ainda adaptador num dos lados de pedal de encaixe, assim tanto pode pedalar com sapato de encaixe como com sapatilha.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Uma La Fuente de estórias, no Caminho Lebaniego…


Ele arrastava as palavras como se cada sílaba lhe fizesse muita falta para preencher cada minuto. Muito calmamente, o jovem búlgaro erradicado na aldeia de La Fuente que tomava conta do albergue municipal explicou-me o caminho para o mirador de Stª Catalina e como chegar mais facilmente a Potes. A explicação minuciosa incorporava tanta informação que à medida que avançava crescia o meu receio de me perder nas serras. Pedi-lhe para esperar e fui buscar o meu caderninho. Olhou-me calma e compreensivamente recomeçou, repetindo pausadamente cada passo.
O jovem convidou-me para jantar mas eu já trazia como farnel o segundo prato de fausto e delicioso almoço de fabada asturiana, agradeci com simpatia. Andava como falava, como que caminhando naquele nevoeiro que frequentemente me acompanhava ou em lugar de força gravítica inferior. A sua figura aparecia e desaparecia no albergue de peregrinos como as nuvens naquelas serras altas: silenciosa e rapidamente.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Caminho Português a Santiago de Compostela em BTT



 Porto - Santiago em BTT, feito em Março 2018 em dias afetados pela invernia. Filme e montagem de Hugo Ferreira, a partir de câmara em bicicleta, com Vítor Franco. Obrigado às pessoas que nos ajudaram!

sexta-feira, 30 de março de 2018

Caminho Português de Santiago: bonito e durinho [aqui para o velhote].

O meu segundo Caminho de Santiago foi o português, com ida de inter-cidades para o Porto, na companhia do amigo Hugo Ferreira.


Parti sem ter feito preparação física prévia, o que teve consequências à medida que o esforço se estendia no tempo. O mau tempo, em particular a chuva e o frio, acrescentaram dificuldades.


A saída do Porto é algo confusa, até porque há três Caminhos portugueses: o do litoral, o do interior e o central que é o que nós fizemos.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Rota Vicentina: aventura na beleza ou a beleza da natureza

Nos dias 8, 9 e 10 dezembro participei com um grupo de novos amigos nesta rota em regime de auto-organização. Foram 3 dias cheios de convívio com a natureza e com a amizade.
A rota está perfeitamente documentada em site próprio: http://pt.rotavicentina.com/ e pode ser feita de várias formas com largo leque de apoios.
"São 110 km de costa selvagem e cerca de 75 mil hectares de área protegida, inseridos no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, constituído por um conjunto variado de habitats, alguns deles ainda pouco alterados, onde ocorrem diversas espécies de plantas endémicas e um grande número de espécies animais, com destaque para os anfíbios, aves e fauna marinha.
Unida por duas regiões portuguesas de particular beleza, esta costa alia o romantismo e tranquilidade do Alentejo com a única faixa litoral do Algarve verdadeiramente genuína e selvagem. Natureza, ruralidade, autenticidade e um clima ameno, temperado por mais de 300 dias de sol por ano, fazem desta região um destino imperdível para os amantes do turismo de natureza", daqui: http://pt.rotavicentina.com/regiao.html.
A rota está bem marcada e será difícil alguém perder-se, mas ter gps ajuda.

O trajeto mais bonito [ainda mais bonito] é o Trilho dos Pescadores mas apenas pode ser feito a pé. Eu e mais 3 amigos optámos pela bicicleta pelo que seguimos outros trilhos, autorizados, mas tentando mantermo-nos próximos do pessoal do “ultra trail”.
A Rota Vicentina está já a adquirir um forte prestígio internacional que se comprova pelo elevado número de outras nacionalidades no trajeto e alojamentos.

Este percurso permitiu-me ainda observar uma realidade negativa: a invasão de espaços protegidos por veículos motorizados e pequenas auto-caravanas desrespeitando e destruindo a natureza.
Foi ainda possível observar muitas pessoas trabalhando nos campos e estufas que se percebe serem de outras paragens; segundo a atenta e interveniente Associação Solidariedade Imigrante, indianos, nepaleses, paquistaneses, romenos, são vítimas de sobre-exploração e tráfico humano.

A nossa aventura

Muitíssima bem organizada pelos amigos que puseram mãos-à-obra e com dois carros de apoio os 200km foram feitos com ânimo e satisfação. Estávamos divididos em três grupos: BTT, apressados e lentos em trail.
A primeira etapa, de Santiago do Cacém a Almograve, foi essencialmente pelos trilhos oficiais, foi o dia “parte-pernas”: muitas subidas e descidas,

alguns trilhos técnicos, passagens de ribeiros [secos a comprovar a danosa seca que nos atinge], estradões e algum cuidado necessário a ramos de árvores no caminho.

À hora de almoço começou uma chuva miudinha que foi reaparecendo quase até ao fim. Cheguei à pousada da juventude de Almograve com muito frio e recorri a um banho de “quase meia-hora”.

A noite caiu fez-se hora de jantar, 12horas depois da partida, faltavam atletas. Os últimos, grupo de trail lento, lá chegaram, julgo, já depois das 21h…
- Então o que se passou convosco?
- Uma velhinha viu-nos a correr e chamou-nos para casa dela para comer uma canja quentinha! 😋 😋
A segunda etapa que ligou Almograve à Praia da Arrifana foi para mim o percurso mais bonito pois também é o mais próximo da costa.

O Fernando Palhim fez-nos uma partida: levantou-se mais cedo, limpou-nos as bikes e colocou óleo nas correntes, “valeu cara 😊”. Foi o dia de maior diversão para nós grupo de BTT. Inúmeras paragens em praias e miradouros, lindas paisagens, boa motivação que nos fez chegar um pouco “adiantados”.
Alguns percursos em areia a exigir-me mudanças baixas e força nas pernas e no guiador, subida do castelo de Aljezur uff, uff, mas também estrada.

Quem fez os 70 km desse dia em trail no trilho dos pescadores usufruiu das melhores e deslumbrantes paisagens, mas sofreu correndo imensos km em areia.



A noite ia já adiantada mas a bike ainda quis parar na Igreja da Misericórdia para uma foto!


Os grupos de trail ressentiram-se dos 70km do dia anterior. O grupo mais lento chegou já depois da meia noite e às cinco da manhã puseram-se de novo a correr... O cansaço era evidente em muitos mas a satisfação e o convívio suplantava as dores.
A equipa de apoio continuava a 200% cumprindo todos os pontos de abastecimentos e contato, correndo atrás e à frente para apoiar todos (BTT, grupo trail rápido e grupo trail lento), nada faltou incluindo comida e suplementos alimentares sem glúten.
Os 70km do terceiro dia foram os mais fáceis e o tempo para o convívio e descontração aumentou. Partida consumada lá fomos nós ao cafezinho e começámos a rota. Na chegada a Vila do Bispo a descoberta do snack bar Convívio em Vila do Bispo de ótima comida e simpatia fez o grupo de BTT parar e “curtir” um bom caldo verde. Qual “pássaro voador” logo chegaria o Luís Franco que “cheirou” uma feijoada de búzios 😊
O percurso de Vila do Bispo até ao Cabo de S. Vicente é de estradão fácil, o difícil foi vencer o vento. A 200m do Cabo, a dado momento olho para trás a procurar os meus companheiros, uma rabanada de vento apanha-me distraído e zás alaga-me da bike; nada de especial, serviu para nova diversão!
Mais umas paragens para fotos e vídeos, visita ao forte e esperar pelos “trailistas”. Os últimos chegaram já de noite, cansados mas felizes pelo feito conseguido. Fizemos a festa e até houve banho de champanhe.
O vento e o frio apertavam, estava na hora de regressar a Vila do Bispo, a janta esperava-nos. A festa tinha acabado e o caminho para Lisboa foi feito nos carros de apoio debaixo de chuva torrencial.
De quinta-feira para sexta tinha dormido em casa dos amigos Carlos e Lisa; obrigado pela vossa receção e simpatia. Cheguei a casa cerca das 4:30h da manhã, cansado mas pronto para outra!

Obrigado a quem tornou esta iniciativa possível: Luís Neves Franco, Joana Sofia Martins, Carlos Baptista, Lisa Mtvabreu V Abreu, Susana Castro, Rui Batista

- - -

O que levei na bike:
Câmara de ar com líquido anti-furos e pneu e suplentes, remendos, cola, lixa, jogo de chaves, 3 sprays anti-furos, cadeado, bomba de ar, gps, conta km.

E na mochila:
Corta vento, impermeável, luvas, camisolas técnicas dentro de sacos zip&go para ir mudando e manter-me mais seco, sacos de plástico [daqueles fininhos do pão] que são ótimos para calçar por cima da meia e manter os pés mais quentes e secos em dias de chuva, folhas de papel de alumínio que punha por dentro e na frente nos sapatos de encaixe para manter os pés quentes durante mais tempo [friorento sofre], bateria de telemóvel e pilhas recarregáveis para gps.

Foram bons momentos e criei bons novos amigos. Espero não ter esquecido nenhum nas notas.
As fotos são em geral de telemóvel e algumas das minhas são do verão passado

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...