domingo, 31 de dezembro de 2023

Para 2024 desejo-te tempo!

Relógio do Duomo de Florença, roda em sentido inverso. 

"Não te desejo um presente qualquer.

Desejo-te somente aquilo que a maioria não tem.

Tempo, para te divertires e para sorrir;

Tempo para que os obstáculos sejam sempre superados

E muitos sucessos comemorados.

Desejo-te tempo, para planear e realizar,

Não só para ti mesmo, mas também para doá-lo aos outros.

Desejo-te tempo, não para ter pressa e correr,

Mas tempo para encontrares a ti mesmo,

Desejo-te tempo, não só para passar ou para vê-lo no relógio,

Desejo-te tempo, para que fiques;

Tempo para te encantares e tempo para confiar em alguém.

Desejo-te tempo para tocar as estrelas,

E tempo para crescer, para amadurecer.

Desejo-te tempo para aprender e acertar,

Tempo para recomeçar, se fracassar.

Desejo-te tempo também para poder voltar atrás e perdoar.

Para ter novas esperanças e para amar.

Não faz mais sentido protelar.

Desejo-te tempo para ser feliz.

Para viver cada dia, cada hora como um presente.

Desejo-te tempo, tempo para a vida.

Desejo-te tempo. Tempo. Muito tempo!"

José Régio

domingo, 3 de dezembro de 2023

Mapa de rotas ciclistas, um excelente trabalho do site Con Alforjas


Já aqui referenciámos este site. Escrito em castelhano, assim o é, Con Alforjas é um site muito interessante que faz um excelente trabalho de divulgação do ciclismo na natureza, do bikepacking mas principalmente do utilização de alforges.
O site vem também demonstrar quanto mais avançado está o estado espanhol face ao português.
O trabalho deste site, que hoje aqui referenciamos, traz-nos este mês um mapa com todas as rotas que já planificaram, fizeram e divulgaram; não só no país vizinho mas também noutros países. Um trabalho detalhado e muito útil para todas as pessoas que se querem iniciar nas viagens em bicicleta ou já querem projetos mais audaciosos.
Sem mais delongas - e porque por aqui não fazemos copypaste do trabalho dos outros - aqui fica a ligação que vos vai permitir fazer já planos de cicloviagem de crescer "água na boca"...
Clique aqui e vá direto ao mapa das rotas.
Clique aqui e vá direto à página inicial do site.
Vítor Franco

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Que tal uma viagem em bicicleta pela América do Sul?

Há oito anos punha a ideia de fazer uma viagem "mochileira" pela América do Sul, a fazer com muita calma, talvez durante seis a oito meses, consoante o dinheiro e a capacidade física. A previsão é parecida com isto: São Paulo, Iguaçu, Florianópolis e Porto Alegre no Brasil, Montevideu no Uruguay, Buenos Aires até Ushuaia na Terra do Fogo extremo sul da Argentina, subir algumas rotas vulcânicas a caminho de Santiago do Chile, fazer Machu Picchu e Cuzco já no Perú, daí até Lima, depois Quito no Equador, se houver “guito” dar um salto às Galápagos, ir para o interior até Puerto Francisco de Orellana já às "portas" da floresta amazónica, até aqui 16.201 km. Depois procurarei reentrar no Brasil descendo o rio Amazonas [com paragem obrigatória em Almeirim e Santarém] e sair em Belém. Daí volta a Portugal.
Ora umas ajudas davam jeito: legalidades a tratar, medidas e cuidados de saúde, informações de transportes, pdfs de revistas e lugares a visitar, informações culturais históricas e patrimoniais, sites, blogues, dicas úteis, pessoas aderentes ao Couchsurfing / “partilha de sofá”, hostels, aplicações de smartphone… O objectivo é reduzir as despesas ao mínimo. 
Dizia eu que a viagem deveria começar com a minha pré-reforma, pois... 
Mas ainda têm tempo para começarem a ser solidári@s eh eh eh.
Mandem tudo para a correspondência do blog. Quem sabe o desafio se faz?!
"Viajantes de todo o mundo uní-vos"!
Vítor Franco


sábado, 30 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #5

Pronntttssss. O meu sexto caminho está feito!
Pelo caminho ficam os caminhos francês, inverno, costa portuguesa, interior português 2x, norte e ainda o lebaniego que é um caminho que termina em Potes.
Neste blogue tens um vasto conjunto de hiperligações, ver colunas à direita, que te podem ajudar a fazer estes percursos.
Vítor Franco

Assim estava, à partida.

Assim se chegou à Praça do Obradoiro, Santiago de Compostela.


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #4.2

A natureza é tão generosa connosco...
Reparem que não há um único eucalipto.
55km mais, falta pouco...
Vítor Franco



Caminho de Inverno a Santiago #4.1

Subida à Serra do Faro e Ermita de N. Sra. de O Faro, uau…
Foram precisas 2h13m para chegar ao alto, 1176m, subindo só 565m e apenas uma distância de 8,57km. Foram precisos dois pequenos almoços, mas valeu a pena. Ou estou fraquinho ou isto custa um bocadinho. E foi só a parte da manhã eh eh eh
Vítor Franco



quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #3.2

As fotos de hoje, trilhos, belas subidas e descidas em muita pedra, rio Minho e as lindas vinhas em socalco...

Vítor Franco


Caminho de Inverno a Santiago #3.1

Hoje poderia falar-vos da estrada romana, das florestas de carvalho e castanheiros, da espetacular descida em adrenalina em "milhões" de calhaus para Belesar no Rio Minho e quando vamos a chegar ao rio olhamos em frente e à nossa frente está uma linda e enorme encosta toda cultivada de vinha em socalco tal como o nosso Douro.

Poderia, pois, mas hoje partilho convosco um vídeo que gravei, substituindo o meu artigo semanal, está publicado no jornal online mais Ribatejo.

E digam lá que eu não estou bonito... 😀😀

Hoje foram 56,8 km de dureza no Caminho de Inverno. Afinal tudo isto são Desafios Positivos D+

Vítor Franco


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #2

 "Gente do nosso pano"* pode intitular-se a nota deste dia.

A gente sem nome que colocou à beira do Caminho um cesto de fruta, sumos, leite, café, água, tudo gratuito, sem ter sequer uma caixinha para moedas. Não quis tirar nada pois tinha comida e podia fazer falta a quem viesse atrás.

A gente, Florbela Afoito e Jorge Salgueiro ,que me deram um planeamento detalhado que está a ser imprescindível para este desafio, também é do nosso pano!

"Gente do nosso pano" é também o título feliz de uma peça de teatro escrita e encenada pelo amigo José Gaspar [tb é do nosso pano] a quem roubo este título. É que não encontrei ideia tão bonita quando vi o cesto das frutas...

Por fim, o dia começou "lindo" quando chego à bici, de manhã, e os pneus estavam vazios. Os bicos da rocha xisto tinha-me furado os dois pneus em vários lugares. Reparado o que foi possível lá fui a outra localidade onde coloquei novas câmaras de ar - com líquido - anti furos. As velhas ficaram de reserva.

O céu vermelho da véspera já tinha anunciado mais um dia de calor e ele veio.

Ao fim do percurso veio uma prenda: uma bela figueira carregadinha a oferecer-me num largo sorriso. Contrariado lá parei, toca de comer figuinhos, alguns tinham bicho mas eu solidário com a figueira comi tudo; da próxima vez as lagartas já não se metem com aquela figueira senão já sabem o que lhes acontece.

Amanhã há mais!

Vítor Franco



terça-feira, 26 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #1

A primeira etapa pode começar com visita a Ponferrada, cidade onde se cruzam dois caminhos. Vale a pena.

A parte mais espetacular e difícil foi a subida a Villavieja [vídeo] é durinha, mas quando chegamos lá acima…

Esta etapa, de lindas aldeias, lindas montanhas e vales, duas subidas duras, uma descida de 8km a puxar pela "pica", 47,7km de etapa de Ponferrada a Sobradelo que custaram como 100km.

Primeiro dia do #CaminoDeInvierno depois de 17h30 em transportes e uma noite sem dormir.

Depois da primeira noite sem dormir pois cheguei de autocarro ALSA a Ponferrada às 5h30 da manhã, a noite no primeiro albergue soube muito bem. De manhã a surpresa: os dois pneus da bicicleta vazios. Tinha-me esquecido de por líquido anti furo e as pedras aguçadas fizeram estragos… Já sabem…

Vítor Franco 


sábado, 12 de agosto de 2023

Ruas cor de tijolo ou cor de sangue?




Percorro as ruas coloridas pelo tijolo “de burro”. A cidade, chamada de cor-de-rosa, tomada de sol ardente, tem cantos que surpreendem – alguns dos tempos da construção medieval. Aqui e ali surgem placas evocativas de gentes e acontecimentos passados.

A cidade e a região da Occitânia viveram talvez aquele que foi um dos primeiros massacres da história da Europa, o perpetuado pelas cruzadas da igreja católica romana sobre o povo cátaro. Como nem todas as pessoas eram do culto cátaro foi perguntado ao representante do Papa, Arnald-Amaury, como distinguir os hereges dos católicos leais e devotos. A resposta foi brutal: “Matai todos eles sem distinção de idades, sejam homens ou mulheres, Deus reconhecerá os Seus.”

Os tempos correram, dominada a região, conquistados os campos férteis e as passagens estratégicas dos Pirenéus, domesticado o povo da Occitânia e a sua língua…

A barbárie ainda haveria de revisitar a França e Toulouse em particular.

Invasão nazi da França, ocupação, assassinatos em massa, perseguições, governo traidor de Vichy…

Percorro as ruas…

Tomo o caminho do Museu da Resistência e da Deportação pelo magnífico Jardim das Plantas [imagens]. As obras da nova linha do metro obrigam a pequeno desvio.

Um pequeno monumento de colunas surge. Aparentemente insignificante uma pequena placa conta outra barbárie: a deportação de crianças judias para os campos de concentração, onde morreriam.

Percorro os nomes e as idades, uma das crianças só tinha três meses… Era Halpern, ela só tinha três meses; Elizabeth tinha seis meses; Gelenrten tinha dez meses… Várias crianças tinham um ano… Quarenta e oito crianças foram deportadas de Toulouse para os campos da morte…


A barbárie repetiu-se e poderá repetir-se! A barbárie tem sempre raízes no ódio e no racismo, seja contra quem for, e poderá chegar de novo!

A placa à entrada do Museu da Resistência e Deportação diz “A palavra resistir deve sempre ser conjugada no presente“.

Vítor Franco

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Uma noite em Lisboa



 
“A noite ia alta e o cais estava quase deserto. Já ali estava há algum tempo, quando reparei num homem que passeava ao acaso de um lado para o outro. Por fim parou e deixou-se ficar, olhando fixamente o barco, tal como eu… Não tardou que ouvisse passos atrás de mim…”.

A sugestão de leitura, que aqui partilho, foi escolha de debate num grupo literário. Não faço parte desse grupo, mas fui estimulado a vasculhar as entranhas dessa noite. Assim fiz. Fui à Biblioteca Municipal Braamcamp Freire e requisitei o livro de Erich Maria Remarque.

Nessa noite de 1942, em plena segunda guerra mundial, dois emigrantes alemães encenam uma estranha negociação. Um deles, um judeu perseguido pelo nazismo, conta uma história impressionante [impressionante é pouco] de resiliência e de amor. O outro ouve, a sua tarefa é só ouvir, a sua recompensa são dois bilhetes naquele barco que vai seguir para Nova York.

A narrativa do livro é aditiva, se assim se pode dizer. É quase impossível parar de ler, ou seja, parar de ouvir Schwarz – um homem que afinal não era Schwarz e foge do campo de concentração de Le Vernet [França] e decide resgatar a sua mulher em Osnabrück [Alemanha].

A narrativa trouxe-me à memória as visitas perturbantes aos campos de concentração de Dachau [Alemanha] e Mauthaussen [Áustria] aquando do meu percurso pelo rio Danúbio. Em Mauthaussen, tal como no campo onde é presa a mulher de Schwarz, as mulheres tinham também funções de escravas sexuais e uso e abuso do seu corpo por estranhos. O filme “O fotógrafo de Mauthaussen” é elucidativo.

Custa a crer como é possível que o ser humano atinja tão violento e degradante grau de desumanidade. Talvez não custe tanto a crer, basta começar por ver a indiferença geral, neste tempo, perante a morte de tantos milhares de imigrantes afogados no mar Mediterrâneo…

“– É bem possível que a nossa época venha a ser conhecida no futuro pelo Século da Ironia – observou Schwarz.”.

O que acontecerá ao personagem ouvinte de Schwarz e à mulher deste?

Fica a sugestão da leitura deste emocionante livro.

Vítor Franco

quarta-feira, 19 de julho de 2023

Aristides de Sousa Mendes




 
Este 19 de julho faz 138 anos que nasceu Aristides de Sousa Mendes.

Homem singular, diplomata de carreira, tornou-se uma referência na defesa dos direitos humanos. O episódio mais conhecido foi quando, durante três dias e três noites, concedeu milhares de vistos para as pessoas fugirem da invasão alemã a França. Consta-se que 30 mil pessoas, entre elas 10 mil judeus, tenham conseguido salvar assim a sua vida.

Aristides terá apoiado o golpe de 28 de maio de 1928 que instaurou a ditadura, mas foi posição efémera que as contradições da vida são inexoráveis. Aristides “pagou cara a fatura” do seu gesto humanitário, foi expulso da carreira diplomática e terá falecido na pobreza. Salazar foi impiedoso com Aristides.

As desobediências de Aristides à ditadura fascista já vinham de antes de 1940, mas foi neste ano que a sua atitude se reforçou. Em março concede visto ao “refugiado político espanhol, o comunista Eduardo Neira Laporte, médico que exercera o cargo de professor na Universidade de Barcelona e que, à época era o dirigente da comunidade basca espanhola em Rivière”. Em maio já passa passaportes portugueses falsos e em junho, ante o avanço das tropas alemãs, concede vistos indistintamente.

Para perpetuar e informar sobre este ato de coragem e humanismo foi criado o Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes que, enquanto Cônsul de Portugal em Bordéus, desobedeceu ao regime e salvou muitos milhares de vidas.

Os reconhecimentos dos seus atos são inúmeros. Destaco que em 1966, o Centro para a Memória do Holocausto, em Jerusalém, lhe atribuiu o título de “o Justo entre as Nações”; o Estado Português, através da Assembleia da República, concedeu-lhe honras de Panteão Nacional em julho de 2020.

A Casa do Passal, casa da família em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, teve aprovada a candidatura para a sua requalificação e musealização; os seus trabalhos aproximam-se da conclusão.

Vale a pena refletir sobre estes atos de desobediência. São atos de coragem, dignidade e humanismo. Valem pela lição que nos transmitem, valem pelos valores e valem pela consciência de que viver subjugado ao medo “não é vida”!

Vítor Franco

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Alexandre Magno, o Grande...

Nicolas Andre Monsiau - Alexander and Diogenes 1818.

Consta-se que Alexandre Magno, o Grande, um dia foi visitar o filósofo Diógenes, o Cínico, que vivia no seu barril. Chegado ao barril, o poderoso Alexandre perguntou a Diógenes se havia alguma coisa que pudesse fazer por ele. Ao que este respondeu: “Sim, vá um pouco para o lado, está-me a tapar o sol”. A resposta é verdadeiramente surpreendente, até porque Diógenes era despojado de posses e estava respondendo a um imperador de vitórias contínuas em suas batalhas.

Este episódio, profusamente relatado e conhecido, veio-me à memória quando vi as notícias sobre a inauguração do monumento às vítimas da tragédia de 2017 em Pedrogão Grande que matou mais de sessenta pessoas e deixou prejuízos avassaladores na natureza e na vida das comunidades.

Em 2017 António Costa decretou três dias de luto nacional, visitou a região, e disse no debate do Estado da Nação na Assembleia da República, conforme cito do jornal Económico:

Em resposta à tragédia, Costa diz que as “tarefas imediatas” consistem em “reconstruir o que foi destruído” e também “esclarecer cabalmente o que aconteceu e apurar responsabilidades.” … Além das “tarefas imediatas”, Costa referiu-se ao “desafio estrutural” de “revitalizar o interior e reordenar a floresta” de Portugal. Em relação a esse desafio apelou ao “esforço conjunto para consensualizar esta reforma estrutural.” E advertiu: “Não podemos continuar a lamentar que o grande problema é o abandono das florestas e não aprovar os instrumentos de mobilização das terras ao abandono.”

Depois das várias “tragédias continuamos a ser o país do mundo com maior área de eucaliptal e o país que mais arde no Mediterrâneo” conforme explicou João Camargo, investigador em alterações climáticas, no jornal Expresso. Os desastres sucedem-se, mais de cem pessoas morreram carbonizadas…

Revitalizou-se o interior? Continua a perder população! Reordenou-se a floresta? A área de eucalipto cresce! Bolsa Nacional de Terras? A última notícia é de abril de 2018 e regista umas insignificantes 774 parcelas!

Há um ano escrevi sobre o tema aqui no jornal Mais Ribatejo, recomendo vivamente a leitura. De então para cá parece que o facto mais revelante que aconteceu foi a inauguração do monumento aos mortos na tragédia; mas nem a inauguração escapou à incompetência e autofagia dos “casos e casinhos” governativos.

As populações do interior já estão quase como Diógenes a pedir esmola a uma estátua. À indagação da sua conduta ele respondeu "por dois motivos: primeiro é que ela é cega e não me vê, e segundo é que eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem depender de alguém."

No artigo citado relatei 9 factos que comprovam a incompetência no tão proclamado apoio ao interior do país. Nele descrevi também como é possível e é preciso “plantar água”. O biólogo Ricardo Leitão prova como se faz com sucesso. [Leia aqui o exemplo dos Sistemas Agroflorestais de Sucessão]. Em consequência: há conhecimento científico, há comprovadamente soluções para sair do fosso em que este modelo destruidor da natureza e do interior do país nos está a colocar.

O conhecimento, a cidadania, os movimentos ambientalistas já nos “mostraram o sol”. Porque é que se continua a fracassar?! Vale a pena pensar e perguntar…

Dos bombeiros às populações e aos movimentos cívicos, a minha solidariedade e esperança para todas as pessoas que não desistem!

Vítor Franco
29/06/2023

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Que perguntas lhe surgem?


 
O artigo desta semana é sui generis. Não, não vou escrever com expressões em latim, vou partilhar convosco algo novo. Então, é assim. As minhas crónicas demoram sempre várias horas a escrever [por vezes muitas] decorrendo da inspiração, das minhas idiossincrasias perante factos que por vezes nos devem fazer pensar, da necessidade de rigor ou confirmação de dados… Esta semana quase não é assim.

Começando. O fim de semana passado dediquei-o à Trienal de Arquitetura de Lisboa. É um fim de semana aberto a todas as pessoas, cheio de possibilidades de visita, desde monumentos a obras públicas e particulares normalmente não acessíveis, estimulando a comunidade a perceber os olhares e escolhas dos arquitetos. Uma feliz ideia!

Convido-vos a seguirem a página e não perderem as iniciativas do próximo ano.

As minhas escolhas recaíram nas obras de prolongamento do Metro de Lisboa, em particular em Alcântara, em casas particulares e no Observatório Astronómico de Lisboa.

Termino. Deixo agora a palavra a uma senhora que está “na boca do mundo”, a IA.

O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) é uma instituição científica localizada em Lisboa, Portugal. Fundado em 1861, tem uma longa história de contribuições para a astronomia e a investigação científica em Portugal.

O objetivo principal do Observatório Astronómico de Lisboa é promover a investigação astronómica e geofísica, bem como a disseminação do conhecimento científico no campo da astronomia. Ao longo dos anos, o OAL tem desempenhado um papel importante na investigação e observação astronómica em Portugal, bem como na formação de astrónomos e cientistas.

Uma das características mais emblemáticas do Observatório é o seu edifício principal, localizado no topo do Parque Florestal de Monsanto, proporcionando uma vista desimpedida do céu. O edifício abriga uma variedade de telescópios, instrumentos e equipamentos de observação astronómica. Além disso, o Observatório possui também um planetário e um centro de divulgação científica, onde são realizadas atividades educativas e eventos para o público em geral.

O Observatório Astronómico de Lisboa está envolvido em várias áreas de investigação, como astrofísica, cosmologia, dinâmica estelar, sistemas planetários e estudos sobre o Sol. Os seus investigadores e cientistas colaboram em projetos de investigação nacionais e internacionais, contribuindo para o avanço do conhecimento científico no campo da astronomia…


Retiro a palavra à minha convidada, a IA.

A IA é a inteligência artificial, no caso o ChatGPT, que me escreveu o texto [em itálico], em segundos. Segundos que podem substituir horas de pensamento, investigação, escrita e correção de texto. Isto é bom?

A resposta é difícil, à partida parece que sim, mas… Se mais pessoas quisessem escrever sobre o OAL os textos seriam iguais ou quase… Se uma turma de alunos for mandada fazer um texto sobre um tema o ChatGPT pode “resolver” em segundos o que deveria ser a investigação dos alunos, a procura, a reflexão, a escolha das abordagens, o trabalho de equipa (…) o desenvolvimento do espírito crítico do aluno…

É verdade que a inteligência artificial já entrou nas nossas vidas em muitos aspetos. Entendo que as novas tecnologias devem estar ao serviço do ser humano, mas dá que pensar quando um desenho criado por IA ganha um concurso de arte. Como ficará a arte, a engenharia, a arquitetura, a imaginação, o empoderamento humano com a inteligência artificial? Há tantas perguntas por fazer…

Vale a pena refletir sobre isto tudo, eu não tenho conclusões, só algumas poucas perguntas. Que perguntas lhe surgem?

Consta que Albert Einstein dizia "Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas."

Vítor Franco

sábado, 22 de abril de 2023

Em Abrantes, pescadores do rio pagam por pescar em água salgada.

 

Imagem de autor desconhecido


É o imposto do pescado. O fisco atua sobre os pescadores. “vinte homens, extremamente miseráveis, que pescavam no rio – onde não podiam chegar marés vivas – e alguns mesmos não pescavam, foram obrigados a pagarem o imposto do pescado…”.

É assim o fisco, o fisco confisca os pobres! O “fisco (…) tem um meio mais singelo e mais expedito: é aproximar-se de qualquer e dizer-lhe pondo uma carabina ao peito:

– Passe para cá o que leva na algibeira”.

O castigo veio pela lei de 10 de julho de 1843 e mereceu o repúdio de Ramalho Ortigão e Eça de Queiroz que lançaram As Farpas (1) aos regimes de então. Este episódio com os pescadores de Abrantes reporta a esse período.

Eça escreveu assim: “Estes dois processos, o do fisco e o dos senhores ladrões, têm tal similitude, que pedimos ao governo – que distinga por qualquer sinal estas duas profissões! Para que não suceda que os cidadãos se equivoquem e que vão às vezes lançar a perturbação na ordem social…”.

Na monarquia, como na República, a lei determina aquilo que são as relações de força dentro do país. Quem é mais forte tem leis mais favoráveis, essa relação de forças exprime-se nas relações entre as pessoas e as classes na sociedade e tem consequência no parlamento e no governo.

Escreve o Jornal Expresso: “O facto de a variação nominal da receita fiscal (14,9%) ter sido superior à do PIB (11,4%), alavancou a carga fiscal – que se define pelos impostos e contribuições sociais efetivas (excluindo-se, portanto, as contribuições sociais imputadas, isto é, as que são suportadas pelos empregadores)…”. Ou seja, se entendo, os trabalhadores e o consumo pagaram o crescimento dos impostos!

Enquanto vastas camadas da população reivindica aumentos salariais a governos que fingem ouvidos moucos os milionários voltam a reclamar queremos pagar impostos! O grupo os milionários patriotas não desiste e criou um sítio na net. A mensagem é clara: “os extremos, tanto de pobreza, como de riqueza, estão a colocar a democracia em risco, por serem insustentáveis, muitas vezes perigosos e raramente tolerados durante muito tempo”.

Os “camaradas” milionários estão na “linha justa”! Vale a pena pensar nos seus argumentos, ou não? Vale a pena pensar na desigualdade, no que a todos deveria obrigar para um Estado Social, Justo, Democrático – incluindo a sua participação económica.

Olhai a França…

A população francesa está a mostrar a importância da democracia, da cidadania e da participação cívica nos destinos de um país.

Vítor Franco

 

(1) Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, “As Farpas, Crónica mensal da política, das letras e dos costumes”, organização de Maria Filomena Mónica, Cascais, Publicações Principia, 2004, pp. 277 – 278.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Se Santarém fosse uma menina



    
     "Com os olhos nos olhos, e as mãos nas mãos,
    Terei o coração feliz sem medo do amanhã.
    O dia em que minha alma não mais se afligirá,
    O dia em que também terei alguém que me queira.


Se Santarém fosse uma menina poderia cantar a linda canção que a linda Françoise Hardy cantou. Tous Les Garcons Et Les Filles é uma canção de esperança que poderia ser o hino da cidade. Sim, eu Santarém,

    Sim, mas eu sigo sozinha
    Pela rua, com dor na alma
”…

Sim, Santarém segue sozinha tal como a televisão francesa a mostrou. Os poderes locais invocarão que o narrador versejou, que enalteceu um “jardim das Portas do Sol que do alto abre-se ao Tejo”… Sim, mas o jardim mostrou-se nu, o jardim sem flores, um jardim romântico destruído por quem governou com olhares de “modernidade”…

As encostas viram-se castanhas, de escassas oliveiras, lugares apenas acarinhados por quem faz delas lugares de encontro, visita ou corrida…

O episódio televisivo da série “Do rio ao mar” [já aqui partilhado] veio contar o Tejo e as suas vidas. Dos pesquisadores de ouro [imagem vocês] às vindimas, dos avieiros às salinas, François Pécheux construiu uma narrativa ampla e cuidada do nosso Tejo e das nossas gentes.

É estranho como uma série transmitida em vários países da Europa, tenha desmerecido apreço ou simples notícia positiva pela autarquia escalabitana. Terá sido mera desatenção ou desconforto pelo facto de o realizador ignorar os touros e as touradas? Como será possível falar do Tejo, das Lezírias, das gentes e das vidas sem falar de touros e touradas? Ironizo eu…

O episódio, que já tem o n.º 11, passou no dia 5 de abril na RTP2 será visto por milhões de pessoas, convido-vos a revisitá-lo na RTP play. Aí compreenderão melhor a ligação que faço com esta linda melodia.

    “Em que olhos nos olhos
    E mãos nas mãos
    Eu terei o coração feliz
    Sem medo do amanhã


Assim deveria ser a cidadania em Santarém…

Sem medo do amanhã seria uma bela forma de comemorar a revolução de abril, a construção de uma cidade e um país realmente erguido em democracia, com a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação… Assim seria a liberdade a sério como nos cantou o Sérgio Godinho.

Assim… Santarém menina cantaria a linda canção de amor Tous Les Garcons Et Les Filles

    “Todos os meninos e meninas da minha idade
    Passeiam juntos na rua
    Todos os meninos e meninas da minha idade
    Sabem bem o que é ser feliz”…

Pois, se Santarém fosse uma menina… Uma menina que tem alguém que lhe quer…

Vítor Franco

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Apreciem mais este número da revista Cicloviagem


Se há revista que merece ser lida, uma revista de qualidade, oferecida gratuitamente a todos e todas as amantes de viagens em bicicleta é a revista cicloviagem.

Partilhamos, com algum atraso, o último número, o 5º. Dá pelo nome de latitude.

Dizem os editores:

"¡Esta aventura nunca termina, y hoy les traemos nuestra 5.ª publicación! Estamos supercontentos y orgullosos de cómo ha quedado este número, al cual le hemos puesto mucho cariño y trabajo. ¡Ni que hablar de las y los excelentes colaboradores que han acercado sus historias, consejos, y fotografías para que cada página sea una bomba de emociones!

Pois vale a pena de se sentirem orgulhosos. Da vasta revista de 112 páginas destacamos apenas 3 excelentes trabalhos: viajar com animais, a senhora "idosa" do pedal e a cicloviagem pela Albânia.

A nós cabe agradecer o trabalho da revista e partilhar aqui o incentivo e o gosto pelas viagens de mobilidade lenta, em contato direto com populações e natureza.

Clique aqui e veja esta bela revista.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Novidades em percursos em BTT na Costa Vicentina

Olá
Aqui e aqui abordei a Costa Vicentina como uma boa opção para viagens em bicicleta, no meu caso sugiro BTT.
O site que promove a Costa traz agora mais soluções e propostas que entram pelo Alentejo adentro.
Sabem que mais: estou com vontade de ir!
Vejam as novidades.

Crónica de uma corrida

A caminhada ou a corrida na natureza propiciam momentos prazerosos e úteis à saúde física e psíquica. O trail, palavra inglesa que se normal...