sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Rota Vicentina: aventura na beleza ou a beleza da natureza

Nos dias 8, 9 e 10 dezembro participei com um grupo de novos amigos nesta rota em regime de auto-organização. Foram 3 dias cheios de convívio com a natureza e com a amizade.
A rota está perfeitamente documentada em site próprio: http://pt.rotavicentina.com/ e pode ser feita de várias formas com largo leque de apoios.
"São 110 km de costa selvagem e cerca de 75 mil hectares de área protegida, inseridos no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, constituído por um conjunto variado de habitats, alguns deles ainda pouco alterados, onde ocorrem diversas espécies de plantas endémicas e um grande número de espécies animais, com destaque para os anfíbios, aves e fauna marinha.
Unida por duas regiões portuguesas de particular beleza, esta costa alia o romantismo e tranquilidade do Alentejo com a única faixa litoral do Algarve verdadeiramente genuína e selvagem. Natureza, ruralidade, autenticidade e um clima ameno, temperado por mais de 300 dias de sol por ano, fazem desta região um destino imperdível para os amantes do turismo de natureza", daqui: http://pt.rotavicentina.com/regiao.html.
A rota está bem marcada e será difícil alguém perder-se, mas ter gps ajuda.

O trajeto mais bonito [ainda mais bonito] é o Trilho dos Pescadores mas apenas pode ser feito a pé. Eu e mais 3 amigos optámos pela bicicleta pelo que seguimos outros trilhos, autorizados, mas tentando mantermo-nos próximos do pessoal do “ultra trail”.
A Rota Vicentina está já a adquirir um forte prestígio internacional que se comprova pelo elevado número de outras nacionalidades no trajeto e alojamentos.

Este percurso permitiu-me ainda observar uma realidade negativa: a invasão de espaços protegidos por veículos motorizados e pequenas auto-caravanas desrespeitando e destruindo a natureza.
Foi ainda possível observar muitas pessoas trabalhando nos campos e estufas que se percebe serem de outras paragens; segundo a atenta e interveniente Associação Solidariedade Imigrante, indianos, nepaleses, paquistaneses, romenos, são vítimas de sobre-exploração e tráfico humano.

A nossa aventura

Muitíssima bem organizada pelos amigos que puseram mãos-à-obra e com dois carros de apoio os 200km foram feitos com ânimo e satisfação. Estávamos divididos em três grupos: BTT, apressados e lentos em trail.
A primeira etapa, de Santiago do Cacém a Almograve, foi essencialmente pelos trilhos oficiais, foi o dia “parte-pernas”: muitas subidas e descidas,

alguns trilhos técnicos, passagens de ribeiros [secos a comprovar a danosa seca que nos atinge], estradões e algum cuidado necessário a ramos de árvores no caminho.

À hora de almoço começou uma chuva miudinha que foi reaparecendo quase até ao fim. Cheguei à pousada da juventude de Almograve com muito frio e recorri a um banho de “quase meia-hora”.

A noite caiu fez-se hora de jantar, 12horas depois da partida, faltavam atletas. Os últimos, grupo de trail lento, lá chegaram, julgo, já depois das 21h…
- Então o que se passou convosco?
- Uma velhinha viu-nos a correr e chamou-nos para casa dela para comer uma canja quentinha! 😋 😋
A segunda etapa que ligou Almograve à Praia da Arrifana foi para mim o percurso mais bonito pois também é o mais próximo da costa.

O Fernando Palhim fez-nos uma partida: levantou-se mais cedo, limpou-nos as bikes e colocou óleo nas correntes, “valeu cara 😊”. Foi o dia de maior diversão para nós grupo de BTT. Inúmeras paragens em praias e miradouros, lindas paisagens, boa motivação que nos fez chegar um pouco “adiantados”.
Alguns percursos em areia a exigir-me mudanças baixas e força nas pernas e no guiador, subida do castelo de Aljezur uff, uff, mas também estrada.

Quem fez os 70 km desse dia em trail no trilho dos pescadores usufruiu das melhores e deslumbrantes paisagens, mas sofreu correndo imensos km em areia.



A noite ia já adiantada mas a bike ainda quis parar na Igreja da Misericórdia para uma foto!


Os grupos de trail ressentiram-se dos 70km do dia anterior. O grupo mais lento chegou já depois da meia noite e às cinco da manhã puseram-se de novo a correr... O cansaço era evidente em muitos mas a satisfação e o convívio suplantava as dores.
A equipa de apoio continuava a 200% cumprindo todos os pontos de abastecimentos e contato, correndo atrás e à frente para apoiar todos (BTT, grupo trail rápido e grupo trail lento), nada faltou incluindo comida e suplementos alimentares sem glúten.
Os 70km do terceiro dia foram os mais fáceis e o tempo para o convívio e descontração aumentou. Partida consumada lá fomos nós ao cafezinho e começámos a rota. Na chegada a Vila do Bispo a descoberta do snack bar Convívio em Vila do Bispo de ótima comida e simpatia fez o grupo de BTT parar e “curtir” um bom caldo verde. Qual “pássaro voador” logo chegaria o Luís Franco que “cheirou” uma feijoada de búzios 😊
O percurso de Vila do Bispo até ao Cabo de S. Vicente é de estradão fácil, o difícil foi vencer o vento. A 200m do Cabo, a dado momento olho para trás a procurar os meus companheiros, uma rabanada de vento apanha-me distraído e zás alaga-me da bike; nada de especial, serviu para nova diversão!
Mais umas paragens para fotos e vídeos, visita ao forte e esperar pelos “trailistas”. Os últimos chegaram já de noite, cansados mas felizes pelo feito conseguido. Fizemos a festa e até houve banho de champanhe.
O vento e o frio apertavam, estava na hora de regressar a Vila do Bispo, a janta esperava-nos. A festa tinha acabado e o caminho para Lisboa foi feito nos carros de apoio debaixo de chuva torrencial.
De quinta-feira para sexta tinha dormido em casa dos amigos Carlos e Lisa; obrigado pela vossa receção e simpatia. Cheguei a casa cerca das 4:30h da manhã, cansado mas pronto para outra!

Obrigado a quem tornou esta iniciativa possível: Luís Neves Franco, Joana Sofia Martins, Carlos Baptista, Lisa Mtvabreu V Abreu, Susana Castro, Rui Batista

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O que levei na bike:
Câmara de ar com líquido anti-furos e pneu e suplentes, remendos, cola, lixa, jogo de chaves, 3 sprays anti-furos, cadeado, bomba de ar, gps, conta km.

E na mochila:
Corta vento, impermeável, luvas, camisolas técnicas dentro de sacos zip&go para ir mudando e manter-me mais seco, sacos de plástico [daqueles fininhos do pão] que são ótimos para calçar por cima da meia e manter os pés mais quentes e secos em dias de chuva, folhas de papel de alumínio que punha por dentro e na frente nos sapatos de encaixe para manter os pés quentes durante mais tempo [friorento sofre], bateria de telemóvel e pilhas recarregáveis para gps.

Foram bons momentos e criei bons novos amigos. Espero não ter esquecido nenhum nas notas.
As fotos são em geral de telemóvel e algumas das minhas são do verão passado

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