Foto Elisabete Silva, Volta ao Ciclismo |
Na aproximação a Faro paro a um sinal vermelho, sim, porque
as regras de trânsito também se aplicam aos ciclistas. Ao meu lado para um
ciclista a sério (…) nota-se logo: magrinho, ombros de nadador, equipamento e
bicicleta a sério…
Olho o sinal e vejo as horas, se chegasse rápido à estação
de comboios talvez conseguisse apanhar ainda o intercidades para cima… Pergunto
ao ciclista do Futebol Clube de Porto se sabe o caminho mais rápido para a CP,
diz que sim e que me leva lá, pede-me para eu ficar na roda dele e lá vou eu em
fila indiana tipo Volta a Portugal em Bicicleta…
Perdi o comboio por uns minutos, fico a falar com o
ciclista, a cara não me era desconhecida, agradeço a boleia e ficamos à
conversa. Obrigado Daniel Mestre, não é todos os dias que sou rebocado em “fuga
ao pelotão” dos minutos por um atleta de topo do ciclismo nacional…
A conversa com o Daniel foi muito interessante. Nela percebi
muito melhor a importância do trabalho de equipa no ciclismo e como é um
trabalho mesmo difícil…
Gostei daquele tempo à conversa e de perceber como esta
compreensão da equipa se aplica a tudo na vida – até no ciclismo!
Podia-se aplicar na política autárquica, toda ela centrada
na figura de uma só pessoa: o presidente. Um bom presidente só o pode ser se
tiver equipa e se souber líder dessa equipa. Um líder não é um patrão. Um líder
deve trabalhar cooperando, fomentar o gosto pela terra, o dinamismo da
comunidade, não só dos da sua equipa como também dos adversários – é por isso
que no ciclismo a formação mais comum é o pelotão: é a formação onde todos
ganham.
Todos vós conheceis como muitas espécies de aves voam em
“pelotão”, como muitos cardumes agem em “pelotão” para se defenderem dos
predadores, como muitos animais atravessam rios para se defenderem de
crocodilos…
O líder de um município ou junta de freguesia pode encarar a
oposição como um predador ou como um crocodilo, poder pode, porém, sofre de
visão; quem não percebe que o predador é o atraso económico e o mal-estar da
população.
Quando uma ou um líder reage em negação a qualquer proposta
que tenha a palavra Esquerda não está a agir como líder político, mas como
líder de alcateia em exasperação. Quando ideias positivas e soluções
necessárias para que a terra seja de tod@s são rejeitadas – porque na
assinatura tem a palavra Esquerda – é um líder fraco. Quando as ideias
positivas são aprovadas nos fóruns democráticos e competentes, e o líder se
recusa a aplicá-las é um líder ditador.
Um líder deve ser a personalização da construção democrática
e não a do autoritarismo. Um líder pode parecer simpático e pagar grades de
minis em festas – mas o desafio é fazer da democracia uma festa que se quer
vivida por tod@s!
Vítor Franco