domingo, 29 de dezembro de 2019

domingo, 22 de dezembro de 2019

"A terra fervente". De bicicleta pela cheia no Ribatejo.

"A terra fervente". De bicicleta pela cheia, por zonas seguras claro, para mostrar alguns aspetos positivos da cheia. Acho que vai gostar!


segunda-feira, 25 de novembro de 2019

De bicicleta pelas aldeias avieiras


Porto na aldeia da Palhota, foto [e bicicleta] de Vítor Franco
Um passeio de bicicleta pode ter o privilégio de ser uma comunhão de desporto, cultura e contato com a natureza. Há um pequeno percurso que assim o é: ligar a aldeia de Caneiras ao Porto da Palha.
Percurso plano, fácil, ao longo do dique que protege povoações e terras das cheias que já quase desapareceram, perscrutarmos a fertilidade da terra e a infertilidade do rio Maior / Vala Real de um lado e do outro o Rio Tejo.
O percurso é hoje comum ao Caminho de Santiago pelo que oportunidades para uma boa conversa não faltam.
Crédito de foto: Associação de Amigos das Caneiras
Caneiras e Porto da Palha são algumas das aldeias avieiras da região e é sempre um prazer visitá-las e trocar uns dedos de conversa com as pessoas mais idosas.

Foto de Caneiras, crédito no site Associação de Amigos das Caneiras

Porto da Palha, Foto [e bicicleta] de Vítor Franco
As aldeias têm origem na migração dos pescadores da Vieira de Leiria que procuraram no Tejo o sustento que o mar bravio da costa Oeste lhes negava no inverno. Aqui chegavam contornando a costa de barco e subindo o rio ou transportando este em carroças. Aqui chegavam com “um pouco de quase nada”, convocados pelo sustento de um rio que lhes mataria a fome… Vivenciando no barco todas as necessidades humanas, o povo avieiro foi um exemplo de um querer humano ímpar…

Créditos de Foto: Maria de Lurdes Farinha, peça de teatro "Gente do nosso pano" de José Gaspar
Os parcos meios financeiros que foram conseguindo permitiram-lhes fixarem-se, em inícios do século XIX, na borda-rio em casas palafíticas e aldeias de forte carga identitária.
Neles se inspirou um grande escritor português: Alves Redol. Médico de formação, escritor de paixão, cedo partilhou as vivências de um povo pobre numa região a que foi dado o nome de Ribatejo. Entre lezírias inundáveis, um bairro mais “industrializado” e uma charneca de grandes propriedades o Ribatejo foi inspiração multifacetada para um escritor expoente do neo-realismo.


Capa de livro, editora Bertrand
Imbricado com a vida do povo, vivendo com ele como o fez na aldeia da Palhota para escrever Avieiros, Alves redol sofreu a repressão e a prisão fascista mas deixou-nos imensas estórias que fazem uma história maravilhosa dos povos, culturas e vivências do Ribatejo. Estas culturas plurais, que tornam o mito “toureiro / campino / forcado” uma minudência, podem ser recordados em viagens de bicicleta.
Aqui, o objetivo é convocar a vossa curiosidade para o passado e o presente. Documentários, fotos e links para sites ajudar-te-ão a um olhar de prazer e admiração.
Clique em ler mais e "delicie-se".
Vítor Franco



quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Estórias do Danúbio: a caixa de revistas pornográficas

Rio Danúbio tinha inundado as margens
Este foi talvez o dia mais engraçado versus peripécias:

1ª Estava em dormida solidária em Eching. Depois de dois dias de visita a Munique e Dachau chegou o dia de partir de bike rumo ao Danúbio. Estação de comboio de Eching: ops, não consigo tirar o bilhete para a bicicleta nas máquinas automáticas, alternativa tirar só bilhete para mim e sujeitar-me a multa se for apanhado… Penso: isto na Alemanha disciplinada é muito mal visto… Pois, volto a tentar noutra máquina, e noutra… Os comboios vão passando… Vou arriscar… Uff, safei-me…

2ª Na enorme estação de comboio de Munique estava uma “pilha” de gente. Pessoas, carros de bagagem e bicicletas passavam-me pela esquerda e pela direita, quase parecia a “medina de Marraquexe” eh eh eh, procuro um canto e fico a observar as pessoas, tento descobrir o WC, era ao fim das escadas… Uff, não vou descer isto com a bike… Aguentei… Começo a dar umas voltas pela estação: onde estaria a bilheteira? Foi fácil encontrá-la, esperava uma fila gigante mas os atendimentos eram muitos e fui logo atendido. Pedi um bilhete para Ingolstadt, a menina tinha dificuldade em entender mas lá foi. Bilhete para bicicleta e para mim, fez uma bola na hora de partida e no cais de embarque. Porreiro, penso, é fácil. Meia hora antes já estava no cais nº 2. O comboio chega e sai imensa gente, imensa gente começa a entrar… procuro o símbolo da bicicleta nas carruagens, não o vejo… Deixo as pessoas entrarem e vou tentar entrar com a bike. Ops… apitos incessantes… Uma funcionária exaltada apitava-me e ralhava comigo, em alemão claro. Claro está que percebia tudo eh eh eh, népias… Afinal aquele comboio não admitia bicicletas, mostro-lhe os bilhetes, era aquela hora, aquele cais e aquele comboio… Ralhou mais… Chegou-se um outro funcionário que me explicou então que teria de tomar outro comboio embora o destino fosse o mesmo, indicou-me o cais… A “apitadeira-ralhadeira” foi dar partida ao comboio… Mudei de cais, esperei… E eu sem urinar… Prendi a bike com cadeados num separador e fui aliviar a bexiga, uff, 

3ª Eram 13h, 12h de cá, tinha-me levantado às 6h de lá, a fome apertava. As bolachas de arroz e as bananas já estavam a cargo do suco gástrico há um tempo… Só estaria em Ingolstadt por volta da 14h… Conclusão: tinha de violar uma regra! Após aturada reflexão concretizo a violação: duas carcaças grandes com queixo, tomate, chourição, dois croissants e um sumo. Regra violada: estava a comer glúten… Mas um intestino sportinguista, mesmo intolerante, está habituado às dificuldades, aguentou…
O Danúbio em Ingolstadt
4ª Ingolstadt, saio do comboio, espero ver os passageiros sair para saber onde era a saída e lá vou. Finalmente comecei a pedalar, sigo a direção do rio, num cruzamento vejo uma senhora aproximar-se, ruiva, vejo uns olhos azuis muito brilhantes e umas pintinhas na cara, uff, ciclista sofre, uff, pergunto e indica-me o caminho, apanho o rio, Eurovelo 6 indica uma placa, perfeito, faço cerca de 20 kms, o canto das aves é permanente, passo por um grupo acampado junto ao caminho, todos de negro e com várias bandeiras negras de cruz celta muito usadas por grupos de extrema-direita, finjo que não os vejo, sigo, tiro o telemóvel e faço um direto no facebook para partilhar a beleza da natureza…

Central térmica
5ª Passo à central térmica de Irsching, tiro fotos e mando a amigos da EDP, por uma ponte passo para norte do rio e sigo por cima do dique, desço, fico entre o rio e um seu braço, paisagens lindas, mas o rio tinha subido antes e o caminho passou a lama, lama mais lama, empurro a bike sempre em frente, já nem mudanças metia, mas a lama haveria de acabar, assim foi em Hinheim, tento tirar o maior com um pau, consulto o mapsme, tinha um local de acampamento a uns 6 kms, pedalo, corto à esquerda e começo a subir, a subir por uma estrada estreita, uma avioneta aterra, afinal tinha-me enganado, fui parar a um aeródromo, volto para trás, apanho a estrada principal, mais à frente corto à direita, desço para a margem do rio, encontro uma quinta, a de Armin Trübswetter, não havia ninguém, nem um cão, chamo sem resultado, toco a campainha da bicicleta, nada, entro na quinta, procuro o local de acampamento, vejo um pequeno edifício de apoio em madeira com tomadas e torneiras, olho em frente: o rio tinha inundado o local, bbbzzzz, espero, nada, pego numa mangueira e lavo bem a bicicleta, ao fundo vejo três mulheres e um jovem na minha direção, espero, quando chegam perto de mim pergunto pelo local de acampamento, apontam para o local inundado e riem-se, e seguem, bbbzzzz, mandei-os dar banho ao cão em português, também não havia cão, só ouvia umas vacas, bati a uma porta da casa grande, ninguém responde, nem cão…

6ª Recomeço a pedalar, subo para retomar a estrada principal de novo, no cruzamento encontro um casal em bicicletas, deveriam estar na casa dos 50 anos, deviam ser de perto pois nem água traziam, riam muito a ver uma revista, chego perto, olho, estava um caixote cheio de revistas pornográficas no chão, riam-se, demoraram a dar por mim, riam-se, quando dão por mim meto conversa, sou português, começo sempre assim: “sou português e não sei bem a língua alemã”, deixam de rir, explico de onde vinha e pergunto por um parque de campismo, simpáticos explicam, só tinha que seguir até Essing e cortar à esquerda até encontrar um parque. Retomo a pedalada, sempre a subir, floresta de um lado e outro, mal sabia eu que no dia a seguir a teria de subir à mão por trilhos de lama(...)



e arvoredo fechado, 


começo a descer e corto à esquerda para Essing, continuo pedalando, não vejo o parque de campismo, volto para trás, deveria ter entrado entre o rio Naab e um seu canal, apanho o trilho e chego ao camping de Landgasthof Kastlhof. 

7ª Um lugar paradisíaco. Monto a tenda, tomo um banho, como um excelente jantar no restaurante, descontraio junto ao rio, dormi bem. O dia tinha sido engraçado!

domingo, 15 de setembro de 2019

A independência de Portugal também se deve aos catalães


Quando em 1 de Dezembro de 1640, o secretário de Estado Miguel de Vasconcelos foi lançado pela janela do Paço Real de Lisboa e a vice-rainha de Portugal foi “guardada em recato” deu-se a declaração da restauração da independência do nosso país.

Mas esse ano regista também a morte de um segador [em português: ceifeiro] na Catalunha, daí a morte do líder do principado e posterior guerra Espanha – França. Em 26 de janeiro de 1941 a República Catalã declara-se independente; mais tarde fica sob protetorado da França. A guerra dura 30 anos. Após ter recuperado a Catalunha, Castela, já exausta, lança-se a Portugal. Após escaramuças, batalhas, golpes (…) a paz só acaba sendo assinada em 1668. Olivença continuará ocupada por Espanha. Portugal tinha ganho tempo para agrupar forças e beneficiado da revolta catalã.

A tentativa dos catalães se libertarem da opressão castelhana coincidiu com a portuguesa – por certo propositadamente. A diferença é que a rica Catalunha era prioritária e só em 1652 a França abdicou das suas “pretensões” tendo mesmo assim ficado com a chamada Catalunha do Norte.

Em 1873 um Estado Catalão é proclamado e integrado na Primeira República Espanhola. Em 1931 a República Catalã proclama-se como parte autónoma na Segunda República Espanhola.

Em janeiro de 1939 a República Catalã sucumbiria ao ataque das forças fascistas de Franco apoiadas por Hitler e Mussolini. Pouco tempo depois cairia Madrid. 500.000 mortos depois. Começaria a longa noite das trevas nos países do estado vizinho…

Estas notas, híper-resumidas são suficientemente elucidativas para se perceber que a história ibérica não é só uma “birra” entre os valentes lusitanos e aqueles de onde “não vem nem bom vento nem bom casamento”.

Há uns anos visitei o excelente Museu da História da Catalunha (http://www.mhcat.cat/), num périplo que fiz pelo país. Tal como no País Basco há uma cultura própria bastante distinta e isso é patente nesse museu.

A Catalunha é um território definido, tem uma língua própria, uma história e uma identidade próprias. Até o domínio na net não acaba em .es mas em .cat.

O que se coloca agora em questão é: porque é que o Estado Espanhol não autoriza um referendo à independência da Catalunha? Que receio têm as forças espanholistas do voto democrático e livre se até dizem ser a maioria? Porque é que no século XXI se recorre à prisão política de pessoas só porque tentaram organizar um referendo não tendo praticado qualquer ato violento?

Na minha opinião, o “espanholismo” enquanto corrente ideológica que quer ser autoritária sobre os restantes povos da Península Ibérica não perdoa a quem deseja o elementar direito a decidir. O “espanholismo” ainda hoje é expressão organizada de uma força económica, “feudal” e burguesa ao mesmo tempo, dominadora das riquezas de outros povos de que a Catalunha é exemplo.

Na Catalunha, a disputa pelo direito a decidir ter ou não a sua Nação junta sectores sociais e económicos muito vastos – e isso só é possível quando as raízes são muito fundas.

Afinal, no século XXI, a democracia ainda é tão difícil! A democracia ainda mete tanto medo que se prendem democratas!

Deixo-vos com a música e a letra do hino da Catalunha, Els Segadors, e com o apelo de Pep Guardiola:

“Apelamos à comunidade internacional para que se posicione claramente a favor da resolução deste conflito na base do diálogo e o respeito. Só há um caminho: sentarem-se a falar”.

https://www.youtube.com/watch?v=kBlj25XgFgA

Vítor Franco

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Não tens medo de andar sozinho?

Schlögen, Áustria
Sou alvo de muitas perguntas sobre esta matéria. A primeira questão que me colocam é:
- Não tens medo de andar sozinho?
O mundo é muito melhor do que o sensacionalismo criminal das TVs indica. A perceção televisiva é que cada desconhecido é um perigo, em verdade é uma oportunidade de convívio e amizade. Em rigor não tenho tido medo, algumas vezes receio. Planeamento e prevenção são as minhas palavras-chave e solução sobre que situação for.
- Já levas tudo planeado onde vais dormir, não é?
Não, em regra só a primeira ou duas primeiras noites, são marcadas previamente. As seguintes são calculadas senão uma previsão de quilometragem – que na maioria das vezes não acontece :). Na última cicloviagem, Danúbio, a primeira noite em acampamento foi gorada por este estar inundado pelo rio. O treino de dormida foi cerca de uma semana dormindo na sala de casa em cima de um simples colchão de trekking [daqueles fininhos] com o saco cama [10 graus] que ia usar.
- E como comes?
Essa é a minha maior dificuldade, até pelo facto de ser intolerante ao glúten. Significa que também isso precisa de algum planeamento e medidas de prevenção. Eu não tenho [ainda] prática de fazer comida em cicloviagem mas barritas, bananas e amendoins costumam fazer-me companhia.
- Já sabes onde vais passar?
Antes de uma cicloviagem leio o suficiente sobre ela até me sentir suficientemente confortável. Tenho uma ideia onde vou passar e o que irei ver, como e quando. Ter uma ideia é isso mesmo, por exemplo: na última viagem não consegui encontrar um campo arqueológico romano em Enns e uns 20 kms antes tive de fazer uma bela subida até ao campo de concentração de Mauthausen.
- Quais as ciclo-viagens que já fizeste?
Rota Vicentina [em equipa], quatro caminhos de Santiago, Caminho Lebaniego/Picos da Europa e Rio Danúbio. Os períodos de viagem variam entre 5 e 18 dias.
- Que medidas técnicas recomendas?
Para além das peças simples de substituição e reparação [pneus com líquido anti-furo, reparadores, pastilhas de travão, câmara, um cabo, um dropot, spray anti-furo], aconselho a que leves luzes, mapsme no telemóvel [com campings e locais a visitar carregados] e gps – deves ter sempre sempre uma redundância no sistema de orientação embora no caminho de Santiago quase nem é preciso nada. A fita-cola conhecida como fita americana pode ser importante, nem que seja para embalar a bike no regresso.
- A questão da língua…
Saber um mínimo de inglês é essencial na Europa, francês em Marrocos, assim como o castelhano. Procura saber dizer palavras-chave na língua do país que vais visitar. Uma ferramenta útil é o Google translator, descarrega primeiro as línguas para teres tradução offline, de outro modo terás de utilizar dados para a tradução.
- E com o dinheiro?
Levo euros em vários “locais” de mais difícil acesso a ladrões, cartão de crédito recarregável Revolut / Mastercard, multibanco / Visa e aplicação Mbway. Nos destinos, se fores ao multibanco procura fazê-lo num interior de agência bancária e não andes com dinheiro à mostra. Não uses objetos de valor à vista, não coloques mochilas ou malas ao lado de ti, ou na cadeira ao lado… O cartão de crédito virtual de uso único pode ser útil para evitares que te tenham acesso à conta. Atenção ao uso de palavras passe em locais de acesso gratuito.
- Saúde?
Na Europa tira previamente o cartão de seguro europeu, faz seguro de viagem e leva medicamentos base ou essenciais como um desinfetante. Para locais onde a água possa ter qualidade duvidosa não se perde teres contigo uns comprimidos desinfetantes e um antibiótico de largo espetro.
- E outras notas básicas?
Se comprares bilhete de avião pela net, faz primeiro limpeza de computador e depois usa a navegação anónima. Se precisares de simular muito tenta usar outras datas e não a que pretendes. Quando te decidires pela data começa por usar um agregador e logo depois o da companhia que escolheres, vai avançando até saberes a certeza da decisão e fazeres a compra. Digitaliza a tua documentação e guarda-a no telemóvel e num e-mail. Tem um bom powerbank.
- Que ganhas nessas viagens?
Conhecimento histórico e social, prazer do contato com a natureza, aprender novas culturas e línguas, visitar imensos locais históricos, percorrer a beleza da vida... Ah, faço muitas perguntas; talvez seja o cicloviajante mais chato e curioso :) :)
Afinal, viajar é a única atividade em que se fica mais rico gastando dinheiro!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

De Ingolstadt a Budapeste, percorrendo o Danúbio de bicicleta

Resumo. O percorrido: +- 680kms de bicicleta, 400 de comboio [nomeadamente de Bratislava a Budapeste] e uns 40 de barco; ciclistas: a simpatia nas primeiras palavras; a surpresa: 3º lugar nos +50 anos da Race de Bratislava; a beleza: Abadia de Melk; o melhor: aprender culturas diferentes; o pior: o horror dos campos de concentração nazis; a modernidade: a mobilidade e as ciclovias na Alemanha e Áustria; o prazer: usufruir a natureza; a grande dificuldade: comer sem glúten; os sons inesquecíveis: o concerto de obras de Mozart em Viena e o canto permanente dos pássaros; atração permanente: o rio; cidade referência: Passau; a desilusão sócio-cultural: Budapeste; a confirmação: a pintura de Pieter Bruegel e Viena; exemplos de recuperação arqueológica: a cidade romana de Carnuntum e a aldeia celta em Mitterskirchen; a fragilidade técnica: não ter tenda e alforges impermeáveis; o começo: 28 maio; o fim: 16 junho; o balanço: muito positivo; o desejo: recomeçar um dia, até ao mar Negro!
Mais à frente publicarei notas específicas sobre os campos de concentração, Munique, Enns, Passau, Melk, cidade romana, aldeia celta...
A perspetiva era chegar ao Mar Negro, por motivos vários tive de desistir em Budapeste.
Pouco depois de Ingolstadt


Uma das primeiras "gargantas" do rio

sábado, 25 de maio de 2019

As margens do Danúbio são lugares de muitas estórias que fazem a história da humanidade.

Previsão de como irá ser montada a bike



Nascendo na Floresta Negra, na Alemanha, o 2º maior rio da Europa passa na Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Roménia, Bulgária, Moldávia e Ucrânia.
O seu delta é reserva mundial da biosfera e um santuário de avifauna e peixe. Embora a maior parte fique do lado romeno também a Ucrânia partilha parte essencial do delta do rio.
O rio dá acesso de todos estes países ao Mar Negro e deste, para sul, através do estreito do Bósforo (que separa a parte europeia e asiática da Turquia e da sua cidade de Istambul) dá acesso ao Mar de Mármara e depois ao Mar Egeu e deste ao Mediterrâneo. Para norte o acesso marítimo segue para o mar de Azov através do Estreito de Querche.  
Agora acrescente-lhe que a Alemanha construiu um canal de 171 kms que o liga ao rio Meno e que este desagua no Reno que por sua vez vai desaguar no Mar do Norte…
Assim, quando falamos do Danúbio, falamos de um rio altamente estratégico na geopolítica e geografia europeia e até asiática. Isso fez dele um lugar de disputa e grande circulação de povos, disputas militares e poderes. O último dos quais foi a guerra dos Balcãs e parte dos seus combates tiveram foco entre a Croácia e a Sérvia, uma guerra que só foi há 20 anos e de que restam ainda campos minados, aldeias e casas destruídas.
Perto das suas margens foi construído o Campo de Concentração de Mauthausen (https://pt.wikipedia.org/wiki/Mauthausen) cujo musealização perpétua a recordação do horror e do fascismo. Antes visitarei o de Dachau (https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_de_concentra%C3%A7%C3%A3o_de_Dachau), perto de Munique, cidade para a qual parto terça-feira de avião.
As margens do Danúbio são, pois, lugares de muitas estórias que fazem a história da humanidade.
Mas são também lugares seguros e de atração popular.
A minha intenção é fazer de Ingolstad ao delta do rio até ao Mar Negro.. Farei em autossuficiência e sozinho – mas encontrarei muita gente pelo caminho ou trilhos. Dormirei essencialmente em parques de campismo e comerei onde for possível, não tenho conhecimentos culinários para arriscar fazer sempre a minha própria comida.
A rota será longa, 2440 kms, mas não é uma “rota BTT” como a que fiz o ano passado com o Caminho do Norte de Santiago e o Caminho Lebaniego / Picos da Europa.
A maior dificuldade será de novo a chuva. Junho é o mês de maior [ou dos maiores] precipitação na Alemanha, Áustria, Sérvia, Hungria ou Croácia. Se apanhar chuva torrencial talvez seja possível recorrer ao comboio ou a algum percurso em barco.
Tentarei ir atualizando este blogue e o facebook, mas não esperem grandes fotos que a aselhice técnica não o permite; também serão essencialmente de telemóvel.
Então até breve.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Caminho português, pela costa, em bicicleta, a Santiago de Compostela


Este ano fui experimentar o caminho da costa. A ideia era atravessar as rias e subir primeiro a Finisterra e só depois ir para Santiago.
Parti do Porto. Em Caminha passei o rio de barco, ligeiro porque a maré estava baixa e o ferry não podia, mas foi fácil com o barco/táxi. Segui +- pela costa, direito a Baiona e depois Vigo. Também a ria de Vigo não teve dificuldade de transporte, o ferry lá me levou a Cangas.
De Cangas fui até Bueu esperando aí encontrar barco para Sanxexo, atravessando a ria de Pontevedra, mas não havia. Perguntei pelo porto, deambulei entre barcos e gaivotas... Nada! Solução única: seguir direto a Pontevedra.
A ideia inicial implicava entrar na "península do Grove" e aí voltar a apanhar novo barco até à ilha de Arousa e daí, passando a ria de Arousa, chegar a Insuela e contornar a ria de Muros até Finisterra.
Sem garantias de barcos, abandonei a ideia inicial pois implicava muitos mais kms e tempo.
Em Pontevedra retomei o Caminho até Santiago.
O percurso pela costa é muito bonito e usufruí da presença quase constante do mar. O primeiro dia foi duro com muito vento contra e frio.. No segundo dia ressenti-me... Depois a normalidade regressou.
Fiz em 3 dias e meio.
Aconselho à leitura do site https://www.gronze.com/camino-portugues-costa/informacion antes de se porem ao destino.
Uma nota final para as pessoas que se põem ao Caminho no "espírito de ir a Fátima". Regra geral são pessoas sem preparação física nenhuma, movidas pela ideia de que "a fé move montanhas" e isso paga-se por vezes caro.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

4ª Revista Bike Viajante

Clique aqui e descarregue
"Nesta edição:
- Entrevista com o casal de cicloviajantes brasileiros, Dani e Léo (BetterWayBR)
- Entenda um pouco mais sobre pneus.
- Conheça quem está pronto para iniciar uma ciclo viagem.
- Saiba como lidar com a barreira de comunicação
- História de viagem na Argentina."
- Caso tenha interesse em ajudar este projeto acesse: www.apoia.se/bikeviajante e entenda melhor o projeto deles e as formas de contribuição.
https://drive.google.com/file/d/1sDw5qvqbqBpb8JQRIj3ZXnj6roWO14Pm/view 

Cheguei, cheguei :) Plaza de Obradoiro, Santiago de Compostela, Galiza

Numa das cidade mais belas do mundo. Cheguei a 30 de abril 2019. 
Já cá cantam: Caminho Português Central, Caminho da Costa, Caminho Francês desde Burgos, Caminho Lebaniego e Caminho do Norte de Irun a San Vicente de la Barquera.

sábado, 4 de maio de 2019

Técnicas, truques e medidas de segurança para a "bike" na cidade

Traduzido com google a partir do site bikexprt
Este artigo, pela sua simplicidade e pertinência merece ser divulgado o mais amplamente possível.
"
- Introdução
- Um bom começo
- Onde andar na estrada
- Guiando através de interseções
- Cruzamentos não padronizados
- Orientando os problemas
- Saber usar os travões
- Pedalando em grupos
- Pedalando em chuva e escuridão
- Formas de lidar com situações difíceis
- Pedalando com confiança

Este manual irá ensiná-lo a pedalar em ruas e estradas públicas.
A maioria dos livros sobre ciclismo começa com a seleção de uma bicicleta e acessórios. Este vai ser diferente. Vamos começar com as atitudes dos ciclistas sobre andar na estrada.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Partida!

Mais um Caminho de Santiago, agora pela costa, com paragem no Porto para encontros com trabalhadores.

terça-feira, 19 de março de 2019

Sapatilhas novas para a rota do rio Danúbio :)

O equipamento para a rota do rio Danúbio está quase completo. Hoje chegaram as minhas Shimano XM7 Mountain Bike. O treino é que está um pouco atrasado, mas em 2440 km tenho tempo de treinar eh eh eh
Junho, julho e agosto são meses de chuva pelas terras alemãs, austríacas… Ao contrário de cá, lá chove no verão. Há que ir preparado e aproveitando os saldos junta-se o útil ao agradável. Compradas na Ofimoto ao amigo Nuno.
Uma das vantagens da travessa de encaixe embebida na sapatilha é que a podes usar quer em encaixe no pedal, com as vantagens conhecidas, quer como passeio ou caminhada.
Segundo a descrição “o trunfo de referência deste modelo reside no forro impermeável Gore-Tex: contrariamente à maioria dos modelos resistente à água, não sacrifica a ventilação do pé. Por esta razão, a humidade corporal é evacuada durante o exercício e a pele seca mantém-se à temperatura ideal. Sem sufocar, este modelo garante excelentes desempenhos com mau tempo.
Muito aderente, a sola antiderrapante permite-lhe estabilizar o pé, independentemente das condições do terreno. Também encontra uma palmilha Cup que acompanha a morfologia da sua abóbada plantar. A placa flexível aumenta a potência de apoio, absorvendo as ondas de choque sentidas no pedal.
Graças aos atacadores e ao velcro, o ajuste efetua-se facilmente e o pé muito apertado mantém-se apoiado. Adorámos, a resistência do couro da gáspea: para o proteger, o fabricante revestiu a biqueira e o calcanhar (muito solicitados) com borracha, o que proporciona uma proteção suplementar contra impactos”.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Riscos e atividades físicas em meio natural

Algures no País Basco
Muitas pessoas me equacionam sobre os perigos de fazer "grandes" cicloviagens sozinho - a minha forma preferida. 
Na verdade o perigo existe em todo o lado e em todos os atos, pelo que o essencial dá pelos nomes de planeamento, concentração, avaliação, pensamento permanente em perguntas, ação e medição racional.
É importante não nos deixarmos levar pela perceção em desfavor da análise fria da realidade. A porta da minha casa é, teoricamente, um lugar seguro; foi de onde me roubaram um carro que nunca mais apareceu.
Há cicloviagens muitos diferentes e riscos muitos diferentes, tal como nas atividades de montanha.
Um dos artigos fundamentais é este que aqui partilho. É útil para desportistas amadores e para promotores de atividade.
Boas leituras.
Resumo:

"O risco associado às atividades físicas desenvolvidas em ambiente natural pode ser condicionado por muitos fatores em alguns casos de difícil objetivação. Este artigo tem como objetivo fazer uma abordagem conceitual e uma análise dos fatores implícitos nos diferentes componentes que compõem a prática de atividades físicas no ambiente natural. No meio da prática, podemos considerar um conjunto de elementos estáticos e dinâmicos que facilitam a prática de atividades. Suas características, como altura, grau de coesão, velocidade, presença de obstáculos, etc., às vezes acarretam uma limitação, até mesmo um risco quando as associamos a variáveis ​​qualitativas e quantitativas. Outros fatores de risco estudados são aqueles derivados do planejamento das ações e de sua aprendizagem. Em relação a este último ponto, falaremos sobre as características do contínuo temporal-espacial, a irreversibilidade das ações e a adaptação de ações baseadas em um contínuo energético. Por fim, trata da variabilidade que pode existir na avaliação de risco, ou seja, os fatores que influenciam a percepção de uma situação como arriscada."Risco e atividades físicas no ambiente naturaluma abordagem multidimensional
Link de todo o artigo com todo o texto em pdf.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Mercado municipal de Santarém, uma beleza

Foto de Luis Lopes (https://www.facebook.com/LUISLOPES60)
Datado de 1930, sob o risco do Arquiteto Cassiano Branco, veio subtituir o mercado ao ar livre que sobreviveu durante séculos na Praça Visconde Serra do Pilar, conhecida como Praça Velha. Para além da linguagem arquitetónica do edifício sobressai, no seu exterior, um notável conjunto de cinquenta e cinco painéis de azulejos figurativos e oito decorativos encomendados à extinta Fábrica de Sacavém, e que representam motivos da propaganda turistica e regional, que caracterizavam a Capital do Ribatejo nos inicios do século XX.
(descrição site da CMS)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Rota do Rio Danúbio

A planear mais uma rota. O objetivo subiu um pouco.
Vamos ver se se concretiza...
Se alguém se quiser juntar ou mandar sugestões e ajudas ..

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...