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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

É bom sentir...

É bom sentir o frio no rosto, ouvir a fala do vento nas serras, pisar a neve na montanha, ouvir os pássaros, parar para apreciar as mariposas, as raposas de olhos de luz, as cobras procurando refúgio, as cabras querendo-te segredar amores, sentir os aromas da natureza que tudo nos dá e nada pede...

É bom descer às praias e rias e tomar o barco para outra margem, tomar banho no rio, aprender com gentes de outras terras, não saber falar eslovaco, húngaro, euskerra, alemão, árabe ou berbere...

É bom não saber o que comer nem sequer como se chama, não saber onde ir dormir mas saborear a chuva caindo na tenda, conhecer religiões, culturas e costumes diferentes, conversar com amig@s do momento sem tempo de partida, partilhar as tuas histórias e do teu país...

É bom usufruir a solidariedade de todas as pessoas e poder-lhes dar um pouco de nós... É bom não haver racismos e ódios! É bom olhar as estrelas na escuridão da noite...

Vítor Franco

http://travelbloggers.pt/














sábado, 2 de maio de 2020

O campo de concentração de Mauthausen, à beira do Danúbio

Vídeo feito aquando da cicloviagem pelo Danúbio, em junho 2019.
Recomendo o excelente filme "El fotógrafo de Mauthausen, um filme que retrata a vida de um corajoso prisioneiro que reúne fotografias sobre as atrocidades dos nazis. 
É baseado em factos reais e pode ser visto na netflix.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

De indesejado a fértil

Munique, Alemanha
O dia anterior tinha sido duro, a partida de Linz tinha sido tardia, rumava “rio abaixo” com esperança de chegar cedo a Melk.
A hora de almoço chegou e com ela a pequena cidade de Grein. O sol torrava o corpo já tomado pelo sal do suor, “destempero” de estômago que já reclamava da parca refeição matinal tomada no parque de campismo de Linz, já quase nada restava no pacote de pão sem glúten.
Procuro a praça… Encontro-a, lugar simples, mas interessante, vejo o posto de turismo e dirijo a bicicleta para lá, peço informações; desejava visitar o teatro Rathhaus, um dos primeiros teatros da Europa e subir ao bonito Castelo de Greinburg.
No posto de turismo foi uma “entremeadinha linguística”, entre inglês, tradutor do telemóvel e 12 palavras de alemão obtenho as informações, folhetos e sugestões para almoço.
Um bonito café restaurante com esplanada coberta de palha, rodeada de sebe e vasos de flores e com cadeiras de madeira castanha, foi o local escolhido. Encosto a bicicleta ao suporte de madeira da sebe, tiro o capacete e as luvas e sento-me numa mesa livre. Veio o empregado, saúdo-o, Guten tag; fala-me em modo frio [será que me enganei na saudação?!], pergunta-me o que quero comer, peço a lista – escolho pela foto, não há tradutor que aguente a língua alemã -, em inglês pergunta-me se a bicicleta é minha, digo que sim, ralha, não sei o que diz, entendo que era pela bike estar encostada à sebe, faço que não percebo, ralha, olho para ele, tinha cara de zangado… Pois, um ciclista que chega suado a um lugar fino não é bem visto nem numa esplanada ao ar livre! Pego no capacete e saio, lá por ser ciclista português com equipamento sportinguista ainda tinha dinheiro para pagar…
Pego na bicicleta, renovo o olhar pela praça… Nem mais, mesmo em frente um pequeno restaurante com esplanada de chapéus de sol. É já. Encosto a bicicleta na sombra protetora da igreja, uma cadeira de plástico da pequena esplanada adota-me, peço a lista, vejo as fotos e escolho.
Entretanto, já mais duas bicicletas se tinham encostado à sebe; lá ficaram!
A simpática empregada traz-me um bife gigante, num prato gigante com batatas fritas e um pão gigante que eu não poderia comer. Apetece mesmo uma caneca de cerveja gigante, fresquinha, daquelas que eles bebem, não pode ser, peço água. Recomposto, peço um café gigante, vou ao guia de conversação, Die Rechunung, bite, pago uma conta pequena. Dou uma “boa” gorjeta à empregada. Pergunta-me de onde sou e ficamos um pouco à conversa, quer dizer, arranhamos conversa. 

A minha curiosidade detém-se num alto pau 
Grein, Áustria
decorado com coroas de flores, encimado por uma bandeira. Já os via desde Munique, pergunto o significado. A menina explica que é uma tradição anual, alguém [não percebi quem] trata de colocar o pau no início da primavera. Segundo entendi, o objetivo é saudar a renovação da vida, desejar boas colheitas, celebrar a fertilidade…
A conversa alargou-se à mesa ao lado. Conhecer novas culturas e povos, dialogar sem meta à vista, são coisas que gosto numa cicloviagem a sós. De indesejado ao diálogo fértil! Despeço-me e agradeço, Danke.
Esta pequena história, na minha viagem em bicicleta pelo Danúbio, em junho de 2019, é também uma nota de esperança para o indesejado tempo em que vivemos. No fim de cada outono, de cada inverno, há sempre uma primavera de esperança, há sempre flores numa praça, há sempre fertilidade!
Peguei na bicicleta, as visitas ao castelo e ao teatro tinham sido vencidas pela conversa, ainda faltavam 50 km para Melk…
Vítor Franco

sábado, 4 de abril de 2020

Danúbio em "bici": dados culturais, gpx, trilhos, informações úteis

A rota do rio Danúbio, que acompanha a rota Eurovelo 6, é espetacular. Quem precisar de informações úteis posso ajudar, pois, coligi muita informação antes de a fazer em junho passado. Dados culturais e monumentais, gpx, trilhos, outras informações úteis...
Quem pretender, mande e-mail para vfranco84viagem@gmail.com
Toda a documentação é de acesso livre na net, mas muito difíceis de juntar.




quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Estórias do Danúbio: a caixa de revistas pornográficas

Rio Danúbio tinha inundado as margens
Este foi talvez o dia mais engraçado versus peripécias:

1ª Estava em dormida solidária em Eching. Depois de dois dias de visita a Munique e Dachau chegou o dia de partir de bike rumo ao Danúbio. Estação de comboio de Eching: ops, não consigo tirar o bilhete para a bicicleta nas máquinas automáticas, alternativa tirar só bilhete para mim e sujeitar-me a multa se for apanhado… Penso: isto na Alemanha disciplinada é muito mal visto… Pois, volto a tentar noutra máquina, e noutra… Os comboios vão passando… Vou arriscar… Uff, safei-me…

2ª Na enorme estação de comboio de Munique estava uma “pilha” de gente. Pessoas, carros de bagagem e bicicletas passavam-me pela esquerda e pela direita, quase parecia a “medina de Marraquexe” eh eh eh, procuro um canto e fico a observar as pessoas, tento descobrir o WC, era ao fim das escadas… Uff, não vou descer isto com a bike… Aguentei… Começo a dar umas voltas pela estação: onde estaria a bilheteira? Foi fácil encontrá-la, esperava uma fila gigante mas os atendimentos eram muitos e fui logo atendido. Pedi um bilhete para Ingolstadt, a menina tinha dificuldade em entender mas lá foi. Bilhete para bicicleta e para mim, fez uma bola na hora de partida e no cais de embarque. Porreiro, penso, é fácil. Meia hora antes já estava no cais nº 2. O comboio chega e sai imensa gente, imensa gente começa a entrar… procuro o símbolo da bicicleta nas carruagens, não o vejo… Deixo as pessoas entrarem e vou tentar entrar com a bike. Ops… apitos incessantes… Uma funcionária exaltada apitava-me e ralhava comigo, em alemão claro. Claro está que percebia tudo eh eh eh, népias… Afinal aquele comboio não admitia bicicletas, mostro-lhe os bilhetes, era aquela hora, aquele cais e aquele comboio… Ralhou mais… Chegou-se um outro funcionário que me explicou então que teria de tomar outro comboio embora o destino fosse o mesmo, indicou-me o cais… A “apitadeira-ralhadeira” foi dar partida ao comboio… Mudei de cais, esperei… E eu sem urinar… Prendi a bike com cadeados num separador e fui aliviar a bexiga, uff, 

3ª Eram 13h, 12h de cá, tinha-me levantado às 6h de lá, a fome apertava. As bolachas de arroz e as bananas já estavam a cargo do suco gástrico há um tempo… Só estaria em Ingolstadt por volta da 14h… Conclusão: tinha de violar uma regra! Após aturada reflexão concretizo a violação: duas carcaças grandes com queixo, tomate, chourição, dois croissants e um sumo. Regra violada: estava a comer glúten… Mas um intestino sportinguista, mesmo intolerante, está habituado às dificuldades, aguentou…
O Danúbio em Ingolstadt
4ª Ingolstadt, saio do comboio, espero ver os passageiros sair para saber onde era a saída e lá vou. Finalmente comecei a pedalar, sigo a direção do rio, num cruzamento vejo uma senhora aproximar-se, ruiva, vejo uns olhos azuis muito brilhantes e umas pintinhas na cara, uff, ciclista sofre, uff, pergunto e indica-me o caminho, apanho o rio, Eurovelo 6 indica uma placa, perfeito, faço cerca de 20 kms, o canto das aves é permanente, passo por um grupo acampado junto ao caminho, todos de negro e com várias bandeiras negras de cruz celta muito usadas por grupos de extrema-direita, finjo que não os vejo, sigo, tiro o telemóvel e faço um direto no facebook para partilhar a beleza da natureza…

Central térmica
5ª Passo à central térmica de Irsching, tiro fotos e mando a amigos da EDP, por uma ponte passo para norte do rio e sigo por cima do dique, desço, fico entre o rio e um seu braço, paisagens lindas, mas o rio tinha subido antes e o caminho passou a lama, lama mais lama, empurro a bike sempre em frente, já nem mudanças metia, mas a lama haveria de acabar, assim foi em Hinheim, tento tirar o maior com um pau, consulto o mapsme, tinha um local de acampamento a uns 6 kms, pedalo, corto à esquerda e começo a subir, a subir por uma estrada estreita, uma avioneta aterra, afinal tinha-me enganado, fui parar a um aeródromo, volto para trás, apanho a estrada principal, mais à frente corto à direita, desço para a margem do rio, encontro uma quinta, a de Armin Trübswetter, não havia ninguém, nem um cão, chamo sem resultado, toco a campainha da bicicleta, nada, entro na quinta, procuro o local de acampamento, vejo um pequeno edifício de apoio em madeira com tomadas e torneiras, olho em frente: o rio tinha inundado o local, bbbzzzz, espero, nada, pego numa mangueira e lavo bem a bicicleta, ao fundo vejo três mulheres e um jovem na minha direção, espero, quando chegam perto de mim pergunto pelo local de acampamento, apontam para o local inundado e riem-se, e seguem, bbbzzzz, mandei-os dar banho ao cão em português, também não havia cão, só ouvia umas vacas, bati a uma porta da casa grande, ninguém responde, nem cão…

6ª Recomeço a pedalar, subo para retomar a estrada principal de novo, no cruzamento encontro um casal em bicicletas, deveriam estar na casa dos 50 anos, deviam ser de perto pois nem água traziam, riam muito a ver uma revista, chego perto, olho, estava um caixote cheio de revistas pornográficas no chão, riam-se, demoraram a dar por mim, riam-se, quando dão por mim meto conversa, sou português, começo sempre assim: “sou português e não sei bem a língua alemã”, deixam de rir, explico de onde vinha e pergunto por um parque de campismo, simpáticos explicam, só tinha que seguir até Essing e cortar à esquerda até encontrar um parque. Retomo a pedalada, sempre a subir, floresta de um lado e outro, mal sabia eu que no dia a seguir a teria de subir à mão por trilhos de lama(...)



e arvoredo fechado, 


começo a descer e corto à esquerda para Essing, continuo pedalando, não vejo o parque de campismo, volto para trás, deveria ter entrado entre o rio Naab e um seu canal, apanho o trilho e chego ao camping de Landgasthof Kastlhof. 

7ª Um lugar paradisíaco. Monto a tenda, tomo um banho, como um excelente jantar no restaurante, descontraio junto ao rio, dormi bem. O dia tinha sido engraçado!

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Não tens medo de andar sozinho?

Schlögen, Áustria
Sou alvo de muitas perguntas sobre esta matéria. A primeira questão que me colocam é:
- Não tens medo de andar sozinho?
O mundo é muito melhor do que o sensacionalismo criminal das TVs indica. A perceção televisiva é que cada desconhecido é um perigo, em verdade é uma oportunidade de convívio e amizade. Em rigor não tenho tido medo, algumas vezes receio. Planeamento e prevenção são as minhas palavras-chave e solução sobre que situação for.
- Já levas tudo planeado onde vais dormir, não é?
Não, em regra só a primeira ou duas primeiras noites, são marcadas previamente. As seguintes são calculadas senão uma previsão de quilometragem – que na maioria das vezes não acontece :). Na última cicloviagem, Danúbio, a primeira noite em acampamento foi gorada por este estar inundado pelo rio. O treino de dormida foi cerca de uma semana dormindo na sala de casa em cima de um simples colchão de trekking [daqueles fininhos] com o saco cama [10 graus] que ia usar.
- E como comes?
Essa é a minha maior dificuldade, até pelo facto de ser intolerante ao glúten. Significa que também isso precisa de algum planeamento e medidas de prevenção. Eu não tenho [ainda] prática de fazer comida em cicloviagem mas barritas, bananas e amendoins costumam fazer-me companhia.
- Já sabes onde vais passar?
Antes de uma cicloviagem leio o suficiente sobre ela até me sentir suficientemente confortável. Tenho uma ideia onde vou passar e o que irei ver, como e quando. Ter uma ideia é isso mesmo, por exemplo: na última viagem não consegui encontrar um campo arqueológico romano em Enns e uns 20 kms antes tive de fazer uma bela subida até ao campo de concentração de Mauthausen.
- Quais as ciclo-viagens que já fizeste?
Rota Vicentina [em equipa], quatro caminhos de Santiago, Caminho Lebaniego/Picos da Europa e Rio Danúbio. Os períodos de viagem variam entre 5 e 18 dias.
- Que medidas técnicas recomendas?
Para além das peças simples de substituição e reparação [pneus com líquido anti-furo, reparadores, pastilhas de travão, câmara, um cabo, um dropot, spray anti-furo], aconselho a que leves luzes, mapsme no telemóvel [com campings e locais a visitar carregados] e gps – deves ter sempre sempre uma redundância no sistema de orientação embora no caminho de Santiago quase nem é preciso nada. A fita-cola conhecida como fita americana pode ser importante, nem que seja para embalar a bike no regresso.
- A questão da língua…
Saber um mínimo de inglês é essencial na Europa, francês em Marrocos, assim como o castelhano. Procura saber dizer palavras-chave na língua do país que vais visitar. Uma ferramenta útil é o Google translator, descarrega primeiro as línguas para teres tradução offline, de outro modo terás de utilizar dados para a tradução.
- E com o dinheiro?
Levo euros em vários “locais” de mais difícil acesso a ladrões, cartão de crédito recarregável Revolut / Mastercard, multibanco / Visa e aplicação Mbway. Nos destinos, se fores ao multibanco procura fazê-lo num interior de agência bancária e não andes com dinheiro à mostra. Não uses objetos de valor à vista, não coloques mochilas ou malas ao lado de ti, ou na cadeira ao lado… O cartão de crédito virtual de uso único pode ser útil para evitares que te tenham acesso à conta. Atenção ao uso de palavras passe em locais de acesso gratuito.
- Saúde?
Na Europa tira previamente o cartão de seguro europeu, faz seguro de viagem e leva medicamentos base ou essenciais como um desinfetante. Para locais onde a água possa ter qualidade duvidosa não se perde teres contigo uns comprimidos desinfetantes e um antibiótico de largo espetro.
- E outras notas básicas?
Se comprares bilhete de avião pela net, faz primeiro limpeza de computador e depois usa a navegação anónima. Se precisares de simular muito tenta usar outras datas e não a que pretendes. Quando te decidires pela data começa por usar um agregador e logo depois o da companhia que escolheres, vai avançando até saberes a certeza da decisão e fazeres a compra. Digitaliza a tua documentação e guarda-a no telemóvel e num e-mail. Tem um bom powerbank.
- Que ganhas nessas viagens?
Conhecimento histórico e social, prazer do contato com a natureza, aprender novas culturas e línguas, visitar imensos locais históricos, percorrer a beleza da vida... Ah, faço muitas perguntas; talvez seja o cicloviajante mais chato e curioso :) :)
Afinal, viajar é a única atividade em que se fica mais rico gastando dinheiro!

sexta-feira, 21 de junho de 2019

De Ingolstadt a Budapeste, percorrendo o Danúbio de bicicleta

Resumo. O percorrido: +- 680kms de bicicleta, 400 de comboio [nomeadamente de Bratislava a Budapeste] e uns 40 de barco; ciclistas: a simpatia nas primeiras palavras; a surpresa: 3º lugar nos +50 anos da Race de Bratislava; a beleza: Abadia de Melk; o melhor: aprender culturas diferentes; o pior: o horror dos campos de concentração nazis; a modernidade: a mobilidade e as ciclovias na Alemanha e Áustria; o prazer: usufruir a natureza; a grande dificuldade: comer sem glúten; os sons inesquecíveis: o concerto de obras de Mozart em Viena e o canto permanente dos pássaros; atração permanente: o rio; cidade referência: Passau; a desilusão sócio-cultural: Budapeste; a confirmação: a pintura de Pieter Bruegel e Viena; exemplos de recuperação arqueológica: a cidade romana de Carnuntum e a aldeia celta em Mitterskirchen; a fragilidade técnica: não ter tenda e alforges impermeáveis; o começo: 28 maio; o fim: 16 junho; o balanço: muito positivo; o desejo: recomeçar um dia, até ao mar Negro!
Mais à frente publicarei notas específicas sobre os campos de concentração, Munique, Enns, Passau, Melk, cidade romana, aldeia celta...
A perspetiva era chegar ao Mar Negro, por motivos vários tive de desistir em Budapeste.
Pouco depois de Ingolstadt


Uma das primeiras "gargantas" do rio

sábado, 25 de maio de 2019

As margens do Danúbio são lugares de muitas estórias que fazem a história da humanidade.

Previsão de como irá ser montada a bike



Nascendo na Floresta Negra, na Alemanha, o 2º maior rio da Europa passa na Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Roménia, Bulgária, Moldávia e Ucrânia.
O seu delta é reserva mundial da biosfera e um santuário de avifauna e peixe. Embora a maior parte fique do lado romeno também a Ucrânia partilha parte essencial do delta do rio.
O rio dá acesso de todos estes países ao Mar Negro e deste, para sul, através do estreito do Bósforo (que separa a parte europeia e asiática da Turquia e da sua cidade de Istambul) dá acesso ao Mar de Mármara e depois ao Mar Egeu e deste ao Mediterrâneo. Para norte o acesso marítimo segue para o mar de Azov através do Estreito de Querche.  
Agora acrescente-lhe que a Alemanha construiu um canal de 171 kms que o liga ao rio Meno e que este desagua no Reno que por sua vez vai desaguar no Mar do Norte…
Assim, quando falamos do Danúbio, falamos de um rio altamente estratégico na geopolítica e geografia europeia e até asiática. Isso fez dele um lugar de disputa e grande circulação de povos, disputas militares e poderes. O último dos quais foi a guerra dos Balcãs e parte dos seus combates tiveram foco entre a Croácia e a Sérvia, uma guerra que só foi há 20 anos e de que restam ainda campos minados, aldeias e casas destruídas.
Perto das suas margens foi construído o Campo de Concentração de Mauthausen (https://pt.wikipedia.org/wiki/Mauthausen) cujo musealização perpétua a recordação do horror e do fascismo. Antes visitarei o de Dachau (https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_de_concentra%C3%A7%C3%A3o_de_Dachau), perto de Munique, cidade para a qual parto terça-feira de avião.
As margens do Danúbio são, pois, lugares de muitas estórias que fazem a história da humanidade.
Mas são também lugares seguros e de atração popular.
A minha intenção é fazer de Ingolstad ao delta do rio até ao Mar Negro.. Farei em autossuficiência e sozinho – mas encontrarei muita gente pelo caminho ou trilhos. Dormirei essencialmente em parques de campismo e comerei onde for possível, não tenho conhecimentos culinários para arriscar fazer sempre a minha própria comida.
A rota será longa, 2440 kms, mas não é uma “rota BTT” como a que fiz o ano passado com o Caminho do Norte de Santiago e o Caminho Lebaniego / Picos da Europa.
A maior dificuldade será de novo a chuva. Junho é o mês de maior [ou dos maiores] precipitação na Alemanha, Áustria, Sérvia, Hungria ou Croácia. Se apanhar chuva torrencial talvez seja possível recorrer ao comboio ou a algum percurso em barco.
Tentarei ir atualizando este blogue e o facebook, mas não esperem grandes fotos que a aselhice técnica não o permite; também serão essencialmente de telemóvel.
Então até breve.

terça-feira, 19 de março de 2019

Sapatilhas novas para a rota do rio Danúbio :)

O equipamento para a rota do rio Danúbio está quase completo. Hoje chegaram as minhas Shimano XM7 Mountain Bike. O treino é que está um pouco atrasado, mas em 2440 km tenho tempo de treinar eh eh eh
Junho, julho e agosto são meses de chuva pelas terras alemãs, austríacas… Ao contrário de cá, lá chove no verão. Há que ir preparado e aproveitando os saldos junta-se o útil ao agradável. Compradas na Ofimoto ao amigo Nuno.
Uma das vantagens da travessa de encaixe embebida na sapatilha é que a podes usar quer em encaixe no pedal, com as vantagens conhecidas, quer como passeio ou caminhada.
Segundo a descrição “o trunfo de referência deste modelo reside no forro impermeável Gore-Tex: contrariamente à maioria dos modelos resistente à água, não sacrifica a ventilação do pé. Por esta razão, a humidade corporal é evacuada durante o exercício e a pele seca mantém-se à temperatura ideal. Sem sufocar, este modelo garante excelentes desempenhos com mau tempo.
Muito aderente, a sola antiderrapante permite-lhe estabilizar o pé, independentemente das condições do terreno. Também encontra uma palmilha Cup que acompanha a morfologia da sua abóbada plantar. A placa flexível aumenta a potência de apoio, absorvendo as ondas de choque sentidas no pedal.
Graças aos atacadores e ao velcro, o ajuste efetua-se facilmente e o pé muito apertado mantém-se apoiado. Adorámos, a resistência do couro da gáspea: para o proteger, o fabricante revestiu a biqueira e o calcanhar (muito solicitados) com borracha, o que proporciona uma proteção suplementar contra impactos”.

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...