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sábado, 30 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #5

Pronntttssss. O meu sexto caminho está feito!
Pelo caminho ficam os caminhos francês, inverno, costa portuguesa, interior português 2x, norte e ainda o lebaniego que é um caminho que termina em Potes.
Neste blogue tens um vasto conjunto de hiperligações, ver colunas à direita, que te podem ajudar a fazer estes percursos.
Vítor Franco

Assim estava, à partida.

Assim se chegou à Praça do Obradoiro, Santiago de Compostela.


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #4.2

A natureza é tão generosa connosco...
Reparem que não há um único eucalipto.
55km mais, falta pouco...
Vítor Franco



Caminho de Inverno a Santiago #4.1

Subida à Serra do Faro e Ermita de N. Sra. de O Faro, uau…
Foram precisas 2h13m para chegar ao alto, 1176m, subindo só 565m e apenas uma distância de 8,57km. Foram precisos dois pequenos almoços, mas valeu a pena. Ou estou fraquinho ou isto custa um bocadinho. E foi só a parte da manhã eh eh eh
Vítor Franco



quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #3.2

As fotos de hoje, trilhos, belas subidas e descidas em muita pedra, rio Minho e as lindas vinhas em socalco...

Vítor Franco


Caminho de Inverno a Santiago #3.1

Hoje poderia falar-vos da estrada romana, das florestas de carvalho e castanheiros, da espetacular descida em adrenalina em "milhões" de calhaus para Belesar no Rio Minho e quando vamos a chegar ao rio olhamos em frente e à nossa frente está uma linda e enorme encosta toda cultivada de vinha em socalco tal como o nosso Douro.

Poderia, pois, mas hoje partilho convosco um vídeo que gravei, substituindo o meu artigo semanal, está publicado no jornal online mais Ribatejo.

E digam lá que eu não estou bonito... 😀😀

Hoje foram 56,8 km de dureza no Caminho de Inverno. Afinal tudo isto são Desafios Positivos D+

Vítor Franco


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #2

 "Gente do nosso pano"* pode intitular-se a nota deste dia.

A gente sem nome que colocou à beira do Caminho um cesto de fruta, sumos, leite, café, água, tudo gratuito, sem ter sequer uma caixinha para moedas. Não quis tirar nada pois tinha comida e podia fazer falta a quem viesse atrás.

A gente, Florbela Afoito e Jorge Salgueiro ,que me deram um planeamento detalhado que está a ser imprescindível para este desafio, também é do nosso pano!

"Gente do nosso pano" é também o título feliz de uma peça de teatro escrita e encenada pelo amigo José Gaspar [tb é do nosso pano] a quem roubo este título. É que não encontrei ideia tão bonita quando vi o cesto das frutas...

Por fim, o dia começou "lindo" quando chego à bici, de manhã, e os pneus estavam vazios. Os bicos da rocha xisto tinha-me furado os dois pneus em vários lugares. Reparado o que foi possível lá fui a outra localidade onde coloquei novas câmaras de ar - com líquido - anti furos. As velhas ficaram de reserva.

O céu vermelho da véspera já tinha anunciado mais um dia de calor e ele veio.

Ao fim do percurso veio uma prenda: uma bela figueira carregadinha a oferecer-me num largo sorriso. Contrariado lá parei, toca de comer figuinhos, alguns tinham bicho mas eu solidário com a figueira comi tudo; da próxima vez as lagartas já não se metem com aquela figueira senão já sabem o que lhes acontece.

Amanhã há mais!

Vítor Franco



terça-feira, 26 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #1

A primeira etapa pode começar com visita a Ponferrada, cidade onde se cruzam dois caminhos. Vale a pena.

A parte mais espetacular e difícil foi a subida a Villavieja [vídeo] é durinha, mas quando chegamos lá acima…

Esta etapa, de lindas aldeias, lindas montanhas e vales, duas subidas duras, uma descida de 8km a puxar pela "pica", 47,7km de etapa de Ponferrada a Sobradelo que custaram como 100km.

Primeiro dia do #CaminoDeInvierno depois de 17h30 em transportes e uma noite sem dormir.

Depois da primeira noite sem dormir pois cheguei de autocarro ALSA a Ponferrada às 5h30 da manhã, a noite no primeiro albergue soube muito bem. De manhã a surpresa: os dois pneus da bicicleta vazios. Tinha-me esquecido de por líquido anti furo e as pedras aguçadas fizeram estragos… Já sabem…

Vítor Franco 


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Chegaram as novidades de fevereiro no Alforjas.com


Olá

Chegaram novidades do excelente site de cicloviagens https://conalforjas.com/. Já conhece? Se não conhece não perca tempo, vai gostar! 

Das novidades de fevereiro, salientamos e citamos:

"Como escolher rodas (fortes) para cicloturismo?

Começamos falando sobre rodas para cicloturismo. O elo mais fraco da cadeia e onde devemos prestar mais atenção. Principalmente se ultrapassarmos os 90kg ou carregarmos a bicicleta muito carregada.

Cicloturismo em Ibiza (Roteiros e Recomendações)
Continuamos com um post sobre Ibiza, um destino perfeito para o cicloturismo desde que evitemos a alta temporada. Nele propomos 2 percursos para conhecer a ilha, um por estrada e outro por caminhos.

O Caminho de Santiago de bicicleta de estrada
Com a ideia de aproximar os ciclistas de estrada do cicloturismo, preparamos este post sobre as possibilidades do Caminho de Santiago para os fãs magros . Espero que tenhamos convencido alguém.

Cicloturismo no Vietnã: Rotas e recomendações
Neste post vamos a um dos países do Sudeste Asiático preferidos pelos ciclistas: o Vietname. Seus preços baixos e sua natureza exuberante o tornam um destino muito atraente. Incluímos um mapa com algumas propostas de percurso.

30 ciclovias para 2022
Este foi o primeiro post que publicamos em 2022. Uma compilação de 30 rotas pela Europa para que você não fique sem ideias para este ano."

Tudo isto e muito mais num site a não perder!

Vítor Franco


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Português: leva esta maçã, podes ganhar fome!

Esta estória que vos trago ocorreu na minha última Donejakue bidea, [Caminho de Santiago, o do Norte], o Iparraldeko.

Ocasionalmente há recordações que revivem e declaram a presença notória na memória, coisas da chuva e do confinamento.

Essas vivências trazem um novo valor a momentos que tratámos como banais, significados que nos passaram despercebidos e constroem a história de um percurso geográfico e humano.

Para fazer este caminho apanhei “boleia” Blablacar até Hendaye, ou Hendaia, ali no lado francês do País Basco. Era hora de montar a bicicleta.



Colocados os alforges e verificados todos os apertos, fico a olhar os dois lados da fronteira, tudo parecia o mesmo país! Mais à frente, na ponte fronteira sobre o rio Bidasoa, as pessoas circulavam a pé entre a República Francesa e o Estado monárquico Espanhol como se fossem beber um café na rua ao lado.

Mas havia diferenças, muitas diferenças; uma pequena placa, no lado francês, assinalava a luta republicana e independentista de Euskal Herria e de todos os republicanos contra o golpe fascista e a guerra civil desencadeada do general Francisco Franco!

Nesse dia dei uma volta por Irun e verifiquei a qualidade do seu ordenamento territorial, a limpeza, o cuidado com os espaços verdes e desportivos, um gosto! 

Dormi no albergue de peregrinos de Irun, modesto, mas acolhedor. No jantar de véspera partilhara comida e conversa com comensais de ocasião, franceses. De manhã fui o último a partir, sou sempre o último, gosto da lentidão matinal na serenidade de um tempo sem relógio…

Peguei a bicicleta, fixei os alforges e olhei o céu cinzento… Despedi-me dos anfitriões, por precaução encerro o telemóvel no saco plástico, pedalo por Hondarribia e procuro o trilho para subir o monte a caminho do Guadalupeko Ama Birjinaren Santutegia [Santuário da Virgem de Guadalupe]. Como podem ver na imagem a língua basca, o Euskara, é muito fácil eh eh eh 


A chuva começa a cair, cada vez mais intensa, a dificuldade cresce na proporção da lama e da subida, empurro a bicicleta à mão, sigo, a chuva continua, primeiro dia, primeira molha… Ao fim de umas horas chego à igreja basca. Encontro outros peregrinos que se acoitavam da chuva torrencial, a chuva não escolhe entre católicos e ateus. Espero, converso, temas da ocasião… A chuva cai, começo a ter frio, decido recomeçar a pedalar para reaquecer…

O frio aconselhou-me a não visitar a Gotorlekua [Fortificação], pedalo, a chuva para, o céu abre e a luz rompe o nevoeiro e a humidade fazendo brilhar o mar e as encostas abruptas. As aves cantam animadas pelos raios de sol, paro junto a uma rocha e saco uma banana. Aproximam-se duas jovens chinesas a pé, saúdam-me, ofereço bananas, uma aceita, puxo pelo inglês e peço que me tirem uma foto como recompensa, sorriem, assim é…

Cortaram-me um pé :) 

Respiro fundo, sabe bem aquele ar, recomeço a pedalar no trilho, acabo a subida ao monte Jaizkibel, estou no reino das ovelhas e das vacas, aqui e ali salta um coelho, sigo, encontro uma festa…

Festa, em cicloviagem é sinónimo de paragem obrigatória! Várias tendas e rulotes anunciavam comidas e bebidas. Encosto a bicicleta, escuto euskara, o nome da língua basca, penso: começa a correr bem, procuro olhar atentamente, decido dirigir-me a uma tenda onde faziam comida, Eko Talo anuncia uma placa, dirijo-me a dois jovens cozinheiros…

O jovem da direita usa a tradicional boina basca

- Eu sou português, eu começo sempre assim quando falo castelhano no País Basco, e disparo o diálogo: vocês estão a fazer comida, que comida é essa, que festa é esta, o que significa Talo… por fim a pergunta decisiva: podem vender-me Talo?

- Sim, estamos a fazer uma comida, é à base de milho, no fim de amassada vai ao calor e fica uma base redonda que enchemos com recheio [fica semelhante à Arepa ou a um pão árabe], esta festa é privada, é de uma empresa, não podemos vender a ti!

Uff, milho não tem glúten, isto é mesmo bom para mim. Vai daí…

- Eu sou português, venho de tão longe, já apanhei imensa chuva e agora nem me vendes nada?

Riu-se, falou com o colega…

- Vem daqui a pouco, vendemos-te uma!

Assim foi, agradeci e pedi para lhes tirar uma foto; estava deliciosa – teria comido três ou quatro :) … Comi mais uma banana…

Procurei então a rulote das bebidas. Lá estava uma, cheia de bandeiras independentistas do País Basco, da Catalunha e de Cuba. 

Uma T-shirt, com as bandeiras do País Basco e da Catalunha, tinha escrito em catalão: Solidaritat entre pobles… Estou na minha gente, pensei…

- Eu sou português… E como perguntar não ofende… Vende um copo de sumo? Lindas bandeiras… Linda T-shirt… Porque tem estas bandeiras? Eu também sou independentista… Claro que as perguntas foram entrecortadas com as respostas…

- Sabe das “coincidências” históricas de Portugal com a Catalunha na libertação de Castela?

A conversa fluiu, falámos da coincidência [é claro que duas revoltas não se desencadeiam em "simultâneo" contra um opressor comum, apesar de em 1640 não haver e-mails nem telemóveis] da revolta catalã e da revolta portuguesa, dos direitos dos povos… Tentou ensinar-me algumas palavras em basco que escrevi num papel, os ponteiros galgaram o tempo mais rápido do que um monte. O diálogo construiu duas horas de fraternidade… Uma folha dizia Kafea dago [Temos café]”. Pedi um e paguei. Despedi-me com satisfação. Quando já começava a pedalar ouvi: 

- Português, volta aqui!

Assim fiz, quando cheguei ao pé do senhor, de quem esqueci o nome, disse-me:

- Leva esta maçã, podes ganhar fome!

Fiquei sem palavras, sorri, agradeci por gestos, afinal o gesto é tudo… Encaixei o pé no pedal e segui…

Tinha sido um dia bonito!

Vítor Franco

Fins de maio de 2018

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

É bom sentir...

É bom sentir o frio no rosto, ouvir a fala do vento nas serras, pisar a neve na montanha, ouvir os pássaros, parar para apreciar as mariposas, as raposas de olhos de luz, as cobras procurando refúgio, as cabras querendo-te segredar amores, sentir os aromas da natureza que tudo nos dá e nada pede...

É bom descer às praias e rias e tomar o barco para outra margem, tomar banho no rio, aprender com gentes de outras terras, não saber falar eslovaco, húngaro, euskerra, alemão, árabe ou berbere...

É bom não saber o que comer nem sequer como se chama, não saber onde ir dormir mas saborear a chuva caindo na tenda, conhecer religiões, culturas e costumes diferentes, conversar com amig@s do momento sem tempo de partida, partilhar as tuas histórias e do teu país...

É bom usufruir a solidariedade de todas as pessoas e poder-lhes dar um pouco de nós... É bom não haver racismos e ódios! É bom olhar as estrelas na escuridão da noite...

Vítor Franco

http://travelbloggers.pt/














sexta-feira, 10 de maio de 2019

Caminho português, pela costa, em bicicleta, a Santiago de Compostela


Este ano fui experimentar o caminho da costa. A ideia era atravessar as rias e subir primeiro a Finisterra e só depois ir para Santiago.
Parti do Porto. Em Caminha passei o rio de barco, ligeiro porque a maré estava baixa e o ferry não podia, mas foi fácil com o barco/táxi. Segui +- pela costa, direito a Baiona e depois Vigo. Também a ria de Vigo não teve dificuldade de transporte, o ferry lá me levou a Cangas.
De Cangas fui até Bueu esperando aí encontrar barco para Sanxexo, atravessando a ria de Pontevedra, mas não havia. Perguntei pelo porto, deambulei entre barcos e gaivotas... Nada! Solução única: seguir direto a Pontevedra.
A ideia inicial implicava entrar na "península do Grove" e aí voltar a apanhar novo barco até à ilha de Arousa e daí, passando a ria de Arousa, chegar a Insuela e contornar a ria de Muros até Finisterra.
Sem garantias de barcos, abandonei a ideia inicial pois implicava muitos mais kms e tempo.
Em Pontevedra retomei o Caminho até Santiago.
O percurso pela costa é muito bonito e usufruí da presença quase constante do mar. O primeiro dia foi duro com muito vento contra e frio.. No segundo dia ressenti-me... Depois a normalidade regressou.
Fiz em 3 dias e meio.
Aconselho à leitura do site https://www.gronze.com/camino-portugues-costa/informacion antes de se porem ao destino.
Uma nota final para as pessoas que se põem ao Caminho no "espírito de ir a Fátima". Regra geral são pessoas sem preparação física nenhuma, movidas pela ideia de que "a fé move montanhas" e isso paga-se por vezes caro.

domingo, 1 de julho de 2018

De Irun a Cangas de Onis, passando pelos Picos da Europa

Caminho do Norte a Santiago, até San Vicente de la Barquera; Caminho Lebaniego pelo desfiladeiro de La Hermida até ao fim em Stº Toribio / Potes. Subida, nos Picos da Europa, em Fuente Dé e descida até Poncebos. Rota do rio Cares a pé, e bicicleta até Cangas de Onis. Desistência, em Oviedo, devido à chuva persistente. 
Foi simplesmente espetacular apesar da chuva quase permanente. Mais de 500km em pedal e uns 14 de acumulado.
Filme de fotos "salteadas"!

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Notas republicanas no molhado Caminho do Norte a Santiago de um estado monárquico

Hendaye é País Basco (Euskal Herria), quer dizer, o lado basco do estado francês quando passamos o rio Bidasoa depois da basca Irun. Irun está do lado monárquico, o espanhol; Hendaye está do lado republicano, o francês.
É toda uma diferença. Ora vejam estas fotos:





sábado, 16 de junho de 2018

Sugestões de planificação de uma ciclo viagem

Uma ciclo viagem necessita sempre de preparação pois os imprevistos podem surgir quando menos se espera. 
Antes de ir defina a essência dos seus objetivos, seja flexível mas construa uma programação mínima. Investigue, pesquise, use a net, procure blogues ou sites, pense...
O fundamental é construir perguntas sobre a ciclo viagem, antes e durante. Em qualquer momento, faça previsões sobre qualquer circunstância, tenha a palavra chave segurança no centro da previsão e da concretização da ação. Uma questão banal que pode ter consequências: vazar água num bidon, se ele não estiver estável e cair você pode ficar sem água e sofrer desidratação por isso.
A queda da bike é o acidente mais comum, mas muitos imponderáveis podem surgir: furos, pequenos acidentes, perder-se no caminho, ficar sem água ou sem comida... Eu não uso tubless mas câmaras com líquido anti-furo. Uso ainda adaptador num dos lados de pedal de encaixe, assim tanto pode pedalar com sapato de encaixe como com sapatilha.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Caminho Português a Santiago de Compostela em BTT



 Porto - Santiago em BTT, feito em Março 2018 em dias afetados pela invernia. Filme e montagem de Hugo Ferreira, a partir de câmara em bicicleta, com Vítor Franco. Obrigado às pessoas que nos ajudaram!

sexta-feira, 30 de março de 2018

Caminho Português de Santiago: bonito e durinho [aqui para o velhote].

O meu segundo Caminho de Santiago foi o português, com ida de inter-cidades para o Porto, na companhia do amigo Hugo Ferreira.


Parti sem ter feito preparação física prévia, o que teve consequências à medida que o esforço se estendia no tempo. O mau tempo, em particular a chuva e o frio, acrescentaram dificuldades.


A saída do Porto é algo confusa, até porque há três Caminhos portugueses: o do litoral, o do interior e o central que é o que nós fizemos.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Não tenhas receio de viajar sozinho... Anda arranca!

Fazer o Caminho de Santiago em “modo solitário” foi uma agradável experiência.
Ao fazê-lo tens de planear, prevenir, pensar… Ganhas autoconfiança, valorizas o lado positivo das coisas e no fim chegas à conclusão de que não é difícil. A tua autoestima fica mais forte!
Mas fazer o Caminho a solo não quer dizer que estejas sempre sozinho, se tiveres mente e espírito aberto, seres alegre e fraterno vais encontrar um vasto leque de pessoas interessantes.
"Deixa que elas se sentem contigo."

Também podemos encarar a nossa vida assim e, estou convencido, se o fizermos ela correrá melhor!
No Caminho encontrei pessoas muito interessantes:
- Um grupo de jovens que me disse estar a fazer o Caminho em sentido inverso com destino a Jerusalém para apelar à paz – é com pena que direi que é caminhada ingrata – Israel não cederá à vontade do grupo e deixará de oprimir os palestinianos;

- Um grupo de catalães adeptos [como eu] do direito à independência da Catalunha, pessoas alegres e cultas com quem travei boas conversas e ainda hoje recordo as suas palmas quando subia ao Alto de S. Roque;

- Um casal de jovens, de Burgos, com quem brinquei na temerosa subida de Cebreiro e que chegados ao Alto se juntaram numa sopa galega comigo (..) e o Li, um caminhante chinês;


De todos e todas ficaram boas recordações, de momentos efémeros é verdade, mas até a nossa vida individual é efémera…
Viajar a solo é um desafio, enfrenta-o!

sábado, 22 de julho de 2017

O glúten e as surpresas picantes :)

Sendo intolerante ao glúten, a minha viagem de bicicleta para Santiago de Compostela colocava-me algum receio. Com o tempo foi-se esvanecendo. As surpresas agradáveis surgiram a pouco e pouco.


Logo no Hostel, onde fiquei a primeira noite em Burgos, preparam-me um jantar de vegetais cozidos e salada, dois pratos cheios de coisas boas e fortificantes. Quem pensa que comer vegetariano é passar fome está bem enganado, aquele foi um bom exemplo.
Foi em Hornillos del Camino que comecei a conhecer as belas sopas do norte do país irmão. Uma sopa que levava feijão, grão, batata, tipo guisado, saborosíssima. Não só saborosa mas também com excelentes capacidades de reposição de hidratos de carbono e energia.
O prazer foi maior porque fui atendido de forma bastante simpática por uma linda mulher que me fazia tirar os olhos do prato para mandar uns mirones. É claro que a minha beleza também produzia os seus efeitos, pois, nas moscas 😉 Bem, passada esta “boca machista” volto à gastronomia. O preço do almoço não chegou a 7 euros.

Astorga foi uma excelente surpresa em todos os aspectos, ou quase. Tinha ajudado dois ciclistas galegos, com fitas Aptonia e pomada analgésica; ao chegar a Astorga ofereceram-me almoço mas na pizaria onde queriam ir não havia sem glúten. Quiseram levar-me a outro lado mas disse-lhes que não. Encontro “La cocina de la Abuela”, isto deve ser bem penso. Não me enganei. Ainda antes de escolher meto conversa com um casal de namorados. Não queria empatar a “marmelada” mas é sempre bom perguntar conselhos aos locais. Dito e feito, comi o que eles escolheram, um excelente prato de enchidos e uma daquelas sopas que ficamos com força para subir paredes, esta era uma espécie de tripas à moda do Porto.






Ou quase porquê. Sem pó para hidratar espero mais de duas horas sentado à porta de uma loja de bicicletas: Não queria arriscar pedalar sem estar prevenido,o calor era muito e esperava-me ainda uns bons kms. Abriu às 17.30h, grande sexta dormiu o homem!!!
Pergunto-lhe… Não tinha. Mandou-me para uma ervanária que afinal até à hora de almoço estava aberta. São as surpresas que fazem a graça da viagem, lol. Compro 4 tubos de isostar e sigo viagem.
Outra refeição digna de nota foi num hostel em Rabanal del Camiño. Um excelente, fausto e variado pequeno almoço composto de cereais sem glúten, frutas, pão sem glúten, doces variados, leite, café, queijo caseiro, enchidos, iogurte… Tratei-me bem...


Uff foi difícil comer aquilo tudo, mas como tinha muitos kms pelo caminho lá fiz o esforço 😊

Outra excelente surpresa foi em Portomarín onde passa o “nosso” rio Miño. Cheguei cerca das 14horas, o calor era muito e já tinha uns bons Kms nas pernas. Subo à pequena cidade, vou pela rua central onde se fixam muitos restaurantes(…) vou pedalando devagar (…) às tantas começa um cá um cheirinho a pizza. Rogo umas pragas à dermatite mas vou-me aproximando, “pizzas sem glúten” dizia. Parei logo a bike e sentei-me logo numa mesa. Um jovem funcionário vem ter comigo e peço uma das grandes. Pergunta-se o que beber… Respondo-lhe: se tivesse também cerveja sem glúten é que sabia bem! Claro que sim, respondeu. Venham fresquinhas...




Apeteceu-me dizer: vivo num país atrasado. Aquelas cervejinhas e a pizza souberam-me muito bem, há dois anos que não lhes tocava…

O moço ainda voltou a perguntar: nem a Superbock tem? Deve ter ficado mesmo convencido que vivemos num país atrasado… Talvez não se tenha enganado muito!

Duas belas trutas do rio foi o meu jantar em Herrerias. Decidi acompanhar com um bom tintinho. Bem satisfeito fiquei à conversa com as moças, elas falavam uma espécie de língua mista com calão local, era uma mistura de galego, castelhano e palavras da zona do Bierzo. Foi um divertimento, até porque já conhecia algo das suas tradições e aspirações. Por duas vezes representei o Bloco de Esquerda no congresso do Bloco Nacionalista Galego e no Dia da Pátria Galega e nos encontros e jantares das representações internacionais já tinha tido falado com eles. Pessoas interessantes...

Pronto, tempo de retomar o Caminho.

Aqui a bike foi ao banho, mas eu safei-me :) 
Em Melide foi a última noite antes de Santiago. Mais uma bela sopa, um bife gigante. Aproveitei para lavar a roupa na máquina da pensão. A surpresa foi matinal, acordo com gritos e gemidos, no quarto ao lado havia acção intensa. Coitado do ciclista 😊 Nada a fazer, toca de levantar e começar a preparar as mochilas e equipamentos. Ao pequeno almoço desvenda-se o segredo: uma senhora dos seus 40 anos senta-se na mesa de outra. A companheira ralha pelo tempo que tinha estado à espera dela, mais um pouco um individuo escapa-se furtivamente por uma porta; tinha havido encontro “imediato do terceiro grau” 😉por certo abençoado por Santiago. 👍

O Caminho tem destas coisas, as coisas da vida, as coisas das pessoas!

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...