Toulouse, a cidade rosa


Esta “coisa” de escrever em tempos de férias… Não dá muito para falar de coisas sérias, se bem que as férias pagas tenham sido uma grande conquista dos trabalhadores.

Na falta de novas grandes viagens em bicicleta, não levais a mal que “faça render o peixe”, até porque abundaram as lesões e não abundou aquilo com que se compram os melões… Enfim, acrimónias minhas…

A pedido de várias famílias [conversa para fingir que foi muita gente] venho partilhar mais algumas experiências do Canal du Midi.

– Que chato! Já estou a ouvir! Bem, direi só umas breves palavras sobre Toulouse – a linda cidade rosa que me “ficou no goto” –, onde ganhei amigos franceses também apaixonados por esta “maluqueira” de pedalar kms e kms e demorar um dia a fazer o que num carro se faz em uma hora… Vamos à chegada à cidade rosa.

A chegada ao aeroporto da cidade foi fácil [há ligações lowcost], descobrir a caixa com a minha bicicleta é que não. O translator lá foi ajudando, “monsieur, mon vélo n'est pas venu?!”.  Lá eu ia insistindo com os funcionários que estavam na entrega das embalagens fora de formato. Ao princípio não me ligaram muito, então eu lancei o meu truque secreto, fiz voz mais grave, e, francofonamente, arranhei qualquer coisa a parecer: “eu sou português, venho para Toulouse andar de bicicleta e agora a bicicleta não aparece, não pode ser”!

Vocês podem não acreditar, mas a afirmação “eu sou português” é ótima para gerar simpatia, ou então para parecer um “atrapalhado”, o que é certo é que já me livrei de multas por não validar bilhetes de comboio, fui perdoado pela polícia por ter entrado em zonas proibidas [aqui tive que responder ao polícia que indagou porquê eu ter passado as fitas sinalizadoras: “Cristiano Ronaldo, sem me rir!], outras mais…

Bem, finalmente um funcionário decide ir procurar a minha caixa de bicicleta, e, por fim, lá apareceu com ela, estava num elevador disse; ele não sabia explicar porquê e eu quase não o percebia, ficámos empatados. Talvez se eu tivesse arranhado em occitano ele entendesse; eu também levava essa cábula linguística, ciclista prevenido é como pneu com líquido antifuro…

Pronto, passei à fase seguinte, montar a bicicleta: a montagem foi “supervisionada” por trabalhadores do aeroporto que iam assistindo divertidos e fumando cigarros. Tirar as proteções, colocar os ferros da tenda por baixo do quadro, cada bolsa em seu sítio, selim regulado na altura certa, volante e ângulo dos manípulos dos travões e mudanças, pedais, etc e tais…

No fim de colocar todo o lixo nos devidos recetores pedi informações aos fumadores de como chegar à cidade… Simples, “via metro de superfície, barato e bom”, ok, porreiro, chegado ao metro, lá tive de ir pedir nova ajuda” para tirar o bilhete correto a outro “descendente de Junot”. Com esta conversa toda e ainda não falei da cidade…

Saí no Palácio de Justiça e de lá dei a volta pelo centro da cidade rosa, tendo como objetivo o posto de turismo situado na belíssima torre da Capitólio.

Como é costume começou a chuviscar, S. Pedro adora receber-me assim. Num café fiquei à conversa com um casal que se interessou pela bicicleta e Portugal. Chega-se o tempo de me aproximar da casa do casal até então desconhecido e amigo warmshower... Ainda deu para espreitar a Cité de l'espace [visitei esta atração no dia seguinte] e fotografei a réplica [julgo] do Ariane.

O jovem casal, que me recebeu em sua casa, tinha feito a rota da seda em bicicleta; claro que a primeira noite foi uma maravilha de receber tão belas vivências e tão marcadas experiências.

No dia seguinte visitei a cidade. A primeira evidência que salta à vista é o excelente trabalho de ligação e usufruto popular ao rio Garona e ao canal du Midi. As pessoas usufruem de margens tratadas e frondosas, há ciclovias, atos culturais, património (…) vida! Mais uma lição para Santarém, “fui dizendo aos meus botões”.

Não vos maço com mais descrições [sugiro verem as ligações nas palavras azuis], realço ainda o centro histórico, o Museu da Resistência e da Deportação, o Convento dos Jacobins, a Catedral de Saint-Étienne e a Basílica de St. Sernin, património mundial.

Fico satisfeito se vos agucei o apetite para visitar a linda Toulouse. Se a curiosidade vos impeliu a fazer o belo canal du Midi em bicicleta, ide amigos, ide! Se precisarem de informações para planearem a vossa viagem cá estarei.

Vítor Franco

Poderá também ler e ouvir:

https://maisribatejo.pt/2021/11/06/abc-de-uma-viagem-em-bicicleta-pelo-canal-du-midi/

https://maisribatejo.pt/2021/10/02/cronica-visual-do-canal-do-midi-em-franca-a-ecovia-do-rio-tejo-video-e-podcast/

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