A nossa terra precisa de incentivos positivos
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O envolvimento das comunidades na construção das opções e decisões para a sua terra precisa de um incentivo positivo.
É recorrente falar-se sobre alheamento, desinteresse ou
passividade face às necessidades que as pessoas e a vivência na pólis reclamam.
Em termos correntes, dir-se-á que a população não quer saber de política! No
entanto, continuam os atropelamentos na cidade, o lixo persiste entremeado com
arbustos, as fezes de animais cujos donos ou donas carecem de educação, as
descargas ilegais de lixo nas barreiras da cidade, o desrespeito pelas regras
de condução e estacionamento [ao ponto de impedirem a passagem de um peão e
muito menos de um carrinho de bebé], o desrespeito pelo património, a ausência
popular nas assembleias municipais ou de freguesia…. Poderia juntar muitos
exemplos!
Acresce, Santarém está a reforçar o “seu” papel de lugar
dormitório de Lisboa com a fuga da capital de gente que não consegue suportar
os preços da habitação. Esse fator convoca a reflexão sobre as consequências de
uma cidade dormitório.
Posto isto, há dois caminhos que se bifurcam em duas linhas
de orientação nas autarquias:
Uma procura aplicar a sua linha política apresento-a como a
melhor, a gestão eficaz, a mais competente, a que melhor serve a comunidade, a
que é – no fundo – a de argumentário mais fácil confortável e fácil para um
autarca fazer. Porquê? Porque essa linha política assenta numa decisão
unicamente de cima para baixo, ainda que seja sustentada por vitória eleitoral.
Essa é a linha seguida no nosso concelho, em particular, pelas presidências da
Câmara Municipal e da Junta de Freguesia da Cidade.
De modo distinto, a linha que procura o exercício da cidadania, ter cidadãos e
cidadãs que pensam pela sua própria cabeça, que fomenta o gosto pela terra onde
se vive, a ação cívica das pessoas em prol da comunidade [consequentemente de
si próprias em ação solidária e construtiva, não de um egoísmo e individualismo
que critica tudo e todos a partir do seu sofá – mas nada faz], pessoas com
espírito crítico que são parte da solução e não parte do problema.
O concelho de Santarém, em particular a freguesia da Cidade
[que conheço muito bem], tem excelentes exemplos de cidadania e de
voluntariado: é o caso das associações culturais e recreativas, clubes
desportivos, comissões de moradores, comissões de festas, grupos de dadores de
sangue (…) compostas por dirigentes que dão o melhor de si para um bem comum.
Essa energia positiva é fundamental para Santarém ter vida própria, precisa de
ser mais apoiada pelos poderes autárquicos.
Cabe perguntar: queremos que a cidadania seja amorfa,
composta de pessoas que se limitam a consumir as decisões dos poderes
autárquicos?
A minha linha de orientação incentiva as pessoas que criam
jardins como o fazem na Rua Dr. António Maria Galhordas ou na Prof. Manuel
Bernardo das Neves, que fazem limpeza de chafarizes e de ruas como fez o
movimento “No coração da cidade – Santarém”, que proteja o meio ambiente ou a
cultura da sua terra como fazem o movimento Movimento Ecologista Vale de Santarém ou a sua
identidade como a Associação Cultural Vale de Santarém – Identidade e Memória,
ou que proteja os animais incluindo os errantes abandonados por seus donos,
entre muitos e tantos outros bons exemplos.
Aqui chegados, há que refletir porquê a Câmara Municipal e a
Junta de Freguesia da Cidade não colocaram em prática os Orçamentos
Participativos aprovados respetivamente em 2021 na Assembleia Municipal e em 2020 na Assembleia de Freguesia da Cidade. É que os O.P.s são ferramentas
provadas que fomentam o gosto, a responsabilidade e o compromisso com a terra
onde se vive.
A nossa terra precisa de incentivos cívicos positivos,
os orçamentos participativos são um exemplo.
Vítor Franco
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