quarta-feira, 3 de março de 2021

Fanzine de mulheres em bicicleta

Por vezes caímos na tentação de relatar as audaciosas cicloviagens deixando a sensação: "isto não está ao meu alcance".

A publicação de hoje é muito gira. Ela tem ilustrações interessantes e trata o início da "relação" entre a mulher e a bicicleta, é o abc autêntico para a mulher que nunca andou de bicicleta. 

1. Aprendendo a andar de bicicleta, 2. Pedalar em dias de chuva, 3. Seguranças nas vias, 4. Registo de bicicleta, 5. Recomendações, 6. Sinalização, 7. Como prender a bicicleta.

Clique aqui e leia a revista.







terça-feira, 2 de março de 2021

A velha das laranjas, as galegas e o eletricista

A vendedora de laranjas - Maria de Lourdes Melo e Castro

Olhei a velha… “em frente de um cesto com laranjas e limões, uma vendedora idosa, sorridente (…) exibe uma laranja na mão direita. Veste blusa branca e tem na cabeça um pano castanho alaranjado com várias dobras, deixando parcialmente descoberto, sobre a testa, o cabelo branco, penteado para trás…”

Dirijo-lhe palavra:

— Olá, bom dia! Como está a senhora?

— Bom dia senhor Vítor, vou bem, olhe, como Deus manda, sabe, ando nervosa, sabe, assinei a carta à Câmara, sabe… Já viu? Quererem fazer-nos uma coisa destas com esta crise… E a gente já velhas? Já viu? Então o que vai hoje?

— Compreendo-a, há muitas mais pessoas que vos compreendem, dia 8 fica decidido, vamos ter esperança… As laranjas este ano apodrecem rápido… Quero dois quilos, tenho aqui saco…

— Traz ovos frescos das suas galinhas? Se tiver quero uma dúzia…

— Sim, aqui estão… Você, fale lá homem, não se acanhe…

Pago.

Procuro a vizinha da velha, chamo-lhe a mulher das cebolas — mas ela gosta! Ainda se lembra da foto que lhe tirei no mercado de Rio Maior, pausava amamentando um petiz agora “homem de ir à tropa”. Homem feito, ajuda a mãe no mercado e na horta… O pai ficou desempregado e faz biscates nas obras… Cuida também da horta; que bela horta, sim, que eu já a vi, de lá vêm as cebolas, não há cebolas como aquelas…

Artur Alves Cardoso, “Uma pausa forçada”, 1913, óleo sobre madeira.


Encontro-a, meto conversa com a vizinha da velha, a mulher das cebolas… Pergunto-lhe pela irmã, sim, também já tenho uma foto dela, é uma mulher muito bonita…

— Então a sua irmã? Hoje não veio mostrar a carinha linda?

— Ah!? Senhor Vítor, não seja malandro, olhe que eu também não sou feia… A galega mais nova ficou a apanhar agriões e nabiças para fazer molhos para vendermos amanhã… Quer que lhe guarde?

— Sim, quero, um molho de cada. Já sabe da Assembleia Municipal, não sabe?

— Sei pois, também assinei aquele papel. Sabe senhor Vítor, há gente que não se lembra da pobreza, falam, falam, mas não ligam aos pobres, ao nosso sustento, sabe? O senhor está do nosso lado não está?

— Claro que sim, então devia estar de que lado? As senhoras são a vida da terra… Vou lá defender que não haja concessão aos privados, que a gestão seja municipal e nós possamos fiscalizar…

— Pois, eu li o que o senhor escreveu com os seus amigos… Sabe, olhe que está bem, sabe senhor Vítor, eu vou ver pela internet, é segunda-feira dia 8 às 8 da noite não é?

— Sim, com isto do Covid a Assembleia Municipal é pela internet… Vá, até amanhã. E traga a galega nova que ela continua gira…

Henrique Medina, “Rapariga da Galiza”, (cerca de 1948), óleo sobre tela.

Sorrimos os dois…

A mãe e o pai tinham vindo lá de cima, da Galiza, com as duas filhas, à procura de melhor sorte nas Minas do carvão de Rio Maior. O fim da mina, em junho de 1969, ditara-lhes o fim da esperança… O homem amofinou, entregou-se à taberna… Arribou e voltou ao campo… Morreu novo, coitado! Ficaram a mãe e as filhas, sozinhas, sem casa e sem pão…

José Moreira Rato, “Sem casa e sem pão”, 1919, mármore.

Agarraram-se à amanha da horta e vendem no mercado… Amanhã não me posso esquecer dos agriões, são bons para o ácido úrico e estes não trazem aqueles químicos… E vou comprar mais laranjas à velha… Ela até gosta que eu lhe chame a velha das laranjas. Às vezes responde:

— Diga lá velho eletricista?

Pois é, dia 8 lá estarei, [na Assembleia Municipal] a defender o pão delas, o delas e o meu porque todos juntos somos uma comunidade… Sim, elas também são gente com o coração à esquerda!

 

Vítor Franco


Créditos de fotos: Vítor Franco, Museu José Malhoa, 2020.

Quadros:

Maria de Lurdes de Mello e Castro, “A vendedeira de laranjas”, 1929, óleo sobre tela.

Artur Alves Cardoso, “Uma pausa forçada”, 1913, óleo sobre madeira.

Henrique Medina, “Rapariga da Galiza”, (cerca de 1948), óleo sobre tela.

Escultura:

José Moreira Rato, “Sem casa e sem pão”, 1919, mármore.

Texto ficcionado.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

Sete sinais de advertência de enfarte

Um dos melhores canais sobre exercício e viagens em bicicleta é o de Cristina Spínola. Para além de ser uma experiente ciclista que viaja sozinha pelo mundo, com livro publicado, a Cristina mantém um dinâmico canal no youtube.

Aqui fica mais um exemplo do seu ótimo trabalho:




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Viajar de bicicleta com crianças, na Rota dos Sete Lagos

A revista Bicicleta, publicada no Brasil, mas com acesso gratuito via issuu [clique aqui] celebrou o seu nº 100 com interessantes matérias. Destaque para um casal que resolver fazer a Rota dos Sete Lagos, dos Andes e desse destaque damos aqui relevo.

Interessante também a entrevista a três mulheres ciclistas e ainda as "Apertos que valem a pena" na costa do  Uruguai. Há também novidades sobre bicicletas elétricas.










sábado, 20 de fevereiro de 2021

Ela viajou 3 anos em bicicleta, sozinha... E conta a sua sensação de liberdade numa curta metragem premiada

Apresento-vos PEDAL

Clique na imagem e veja o filme


"O sucesso deste curta-metragem, que nasceu de um encontro entre o cineasta Scott Hardesty e eu [Hera] no Banff Festival 2016, superou todas as nossas expectativas. Ela foi selecionada para o BMFF World Tour, solicitada por vários festivais de filmes de aventura (e, acredite ou não, o Festival de Cinema Feminista de Londres) e foi aceite por todos os festivais que a inscrevemos também.

Para Scott e para mim, isso é mais do que ousamos esperar.

Nosso objetivo era capturar a história de porque eu ando de bicicleta ao redor do mundo e o que significa para mim fazer isso em 8 minutos de filme."

Créditos: Blog da Hera

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Como lidar com os medos de viajar de bike?

Chegou mais uma publicação de partilha de experiências de cicloviajantes. Hoje a questão do medo de ir sozinh@ ou para lugares desconhecidos.

Com base na minha experiência pessoal, eu abordei o tema e poderá ver clicando aqui. Deixo, também, umas notas pessoais que pode ver aqui.



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

De Berlim a Copenhaga / cidade de 3 milhões de habitantes e milhares de kms de ciclovias

Só por cá é que fazer uma ciclovia é uma complicação. Portugal é um país pequeno, de cidades pequenas e mentalidades pequenas em que as ciclovias são problemas grandes e não soluções!

Este vídeo demonstra bem como cidades populosas, mobilidade, cultura e natureza podem andar de mãos dadas. 

Confira no "Bike é legal"



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Ah ah ah, cicloviajante "maluco" transforma lata de coca cola em fogão

Pois parece impossível, mas é muito fácil. Coisas do Leo.

Eis mais uma magia: o fogão do viajante em bicicleta. Simples, barato, eficaz, leve, prático...



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Como planear uma viagem em bicicleta?

Há amigos com experiência construída na própria viagem. Esses contributos podem ser úteis para pensarmos em dar também um salto para uma experiência.

É certo que, quando olhamos para uma experiência destas, nos inclinamos sempre para dizer: "isso são coisas de malta nova" - mas não é assim!

Aqui ficam contributos meus e mais dois vídeos:

Tens medo de andar sozinho? Link, clique aqui.

Porque decidi fazer o Caminho de Santiago? Link, clique aqui.






terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

14 montanhas pela Itália, Suíça e Áustria

Pois é, a malta que gosta de montanha regressou. Agora o desafio são 14 montanhas pela Itália, Suíça e Áustria. Podiam ter-me dito eh eh eh 

"Curta" as imagens!



Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...