sábado, 22 de abril de 2023

Em Abrantes, pescadores do rio pagam por pescar em água salgada.

 

Imagem de autor desconhecido


É o imposto do pescado. O fisco atua sobre os pescadores. “vinte homens, extremamente miseráveis, que pescavam no rio – onde não podiam chegar marés vivas – e alguns mesmos não pescavam, foram obrigados a pagarem o imposto do pescado…”.

É assim o fisco, o fisco confisca os pobres! O “fisco (…) tem um meio mais singelo e mais expedito: é aproximar-se de qualquer e dizer-lhe pondo uma carabina ao peito:

– Passe para cá o que leva na algibeira”.

O castigo veio pela lei de 10 de julho de 1843 e mereceu o repúdio de Ramalho Ortigão e Eça de Queiroz que lançaram As Farpas (1) aos regimes de então. Este episódio com os pescadores de Abrantes reporta a esse período.

Eça escreveu assim: “Estes dois processos, o do fisco e o dos senhores ladrões, têm tal similitude, que pedimos ao governo – que distinga por qualquer sinal estas duas profissões! Para que não suceda que os cidadãos se equivoquem e que vão às vezes lançar a perturbação na ordem social…”.

Na monarquia, como na República, a lei determina aquilo que são as relações de força dentro do país. Quem é mais forte tem leis mais favoráveis, essa relação de forças exprime-se nas relações entre as pessoas e as classes na sociedade e tem consequência no parlamento e no governo.

Escreve o Jornal Expresso: “O facto de a variação nominal da receita fiscal (14,9%) ter sido superior à do PIB (11,4%), alavancou a carga fiscal – que se define pelos impostos e contribuições sociais efetivas (excluindo-se, portanto, as contribuições sociais imputadas, isto é, as que são suportadas pelos empregadores)…”. Ou seja, se entendo, os trabalhadores e o consumo pagaram o crescimento dos impostos!

Enquanto vastas camadas da população reivindica aumentos salariais a governos que fingem ouvidos moucos os milionários voltam a reclamar queremos pagar impostos! O grupo os milionários patriotas não desiste e criou um sítio na net. A mensagem é clara: “os extremos, tanto de pobreza, como de riqueza, estão a colocar a democracia em risco, por serem insustentáveis, muitas vezes perigosos e raramente tolerados durante muito tempo”.

Os “camaradas” milionários estão na “linha justa”! Vale a pena pensar nos seus argumentos, ou não? Vale a pena pensar na desigualdade, no que a todos deveria obrigar para um Estado Social, Justo, Democrático – incluindo a sua participação económica.

Olhai a França…

A população francesa está a mostrar a importância da democracia, da cidadania e da participação cívica nos destinos de um país.

Vítor Franco

 

(1) Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, “As Farpas, Crónica mensal da política, das letras e dos costumes”, organização de Maria Filomena Mónica, Cascais, Publicações Principia, 2004, pp. 277 – 278.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Se Santarém fosse uma menina



    
     "Com os olhos nos olhos, e as mãos nas mãos,
    Terei o coração feliz sem medo do amanhã.
    O dia em que minha alma não mais se afligirá,
    O dia em que também terei alguém que me queira.


Se Santarém fosse uma menina poderia cantar a linda canção que a linda Françoise Hardy cantou. Tous Les Garcons Et Les Filles é uma canção de esperança que poderia ser o hino da cidade. Sim, eu Santarém,

    Sim, mas eu sigo sozinha
    Pela rua, com dor na alma
”…

Sim, Santarém segue sozinha tal como a televisão francesa a mostrou. Os poderes locais invocarão que o narrador versejou, que enalteceu um “jardim das Portas do Sol que do alto abre-se ao Tejo”… Sim, mas o jardim mostrou-se nu, o jardim sem flores, um jardim romântico destruído por quem governou com olhares de “modernidade”…

As encostas viram-se castanhas, de escassas oliveiras, lugares apenas acarinhados por quem faz delas lugares de encontro, visita ou corrida…

O episódio televisivo da série “Do rio ao mar” [já aqui partilhado] veio contar o Tejo e as suas vidas. Dos pesquisadores de ouro [imagem vocês] às vindimas, dos avieiros às salinas, François Pécheux construiu uma narrativa ampla e cuidada do nosso Tejo e das nossas gentes.

É estranho como uma série transmitida em vários países da Europa, tenha desmerecido apreço ou simples notícia positiva pela autarquia escalabitana. Terá sido mera desatenção ou desconforto pelo facto de o realizador ignorar os touros e as touradas? Como será possível falar do Tejo, das Lezírias, das gentes e das vidas sem falar de touros e touradas? Ironizo eu…

O episódio, que já tem o n.º 11, passou no dia 5 de abril na RTP2 será visto por milhões de pessoas, convido-vos a revisitá-lo na RTP play. Aí compreenderão melhor a ligação que faço com esta linda melodia.

    “Em que olhos nos olhos
    E mãos nas mãos
    Eu terei o coração feliz
    Sem medo do amanhã


Assim deveria ser a cidadania em Santarém…

Sem medo do amanhã seria uma bela forma de comemorar a revolução de abril, a construção de uma cidade e um país realmente erguido em democracia, com a paz, o pão, a habitação, a saúde, a educação… Assim seria a liberdade a sério como nos cantou o Sérgio Godinho.

Assim… Santarém menina cantaria a linda canção de amor Tous Les Garcons Et Les Filles

    “Todos os meninos e meninas da minha idade
    Passeiam juntos na rua
    Todos os meninos e meninas da minha idade
    Sabem bem o que é ser feliz”…

Pois, se Santarém fosse uma menina… Uma menina que tem alguém que lhe quer…

Vítor Franco

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Apreciem mais este número da revista Cicloviagem


Se há revista que merece ser lida, uma revista de qualidade, oferecida gratuitamente a todos e todas as amantes de viagens em bicicleta é a revista cicloviagem.

Partilhamos, com algum atraso, o último número, o 5º. Dá pelo nome de latitude.

Dizem os editores:

"¡Esta aventura nunca termina, y hoy les traemos nuestra 5.ª publicación! Estamos supercontentos y orgullosos de cómo ha quedado este número, al cual le hemos puesto mucho cariño y trabajo. ¡Ni que hablar de las y los excelentes colaboradores que han acercado sus historias, consejos, y fotografías para que cada página sea una bomba de emociones!

Pois vale a pena de se sentirem orgulhosos. Da vasta revista de 112 páginas destacamos apenas 3 excelentes trabalhos: viajar com animais, a senhora "idosa" do pedal e a cicloviagem pela Albânia.

A nós cabe agradecer o trabalho da revista e partilhar aqui o incentivo e o gosto pelas viagens de mobilidade lenta, em contato direto com populações e natureza.

Clique aqui e veja esta bela revista.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Novidades em percursos em BTT na Costa Vicentina

Olá
Aqui e aqui abordei a Costa Vicentina como uma boa opção para viagens em bicicleta, no meu caso sugiro BTT.
O site que promove a Costa traz agora mais soluções e propostas que entram pelo Alentejo adentro.
Sabem que mais: estou com vontade de ir!
Vejam as novidades.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Manuais de bicicleta de montanha e estrada


A net tem destas coisas, de quando em quando descobrem-se boas "ferramentas" de melhoria do nosso conhecimento.

Foi assim com o site archive.org. Imensos conteúdos gratuitos e prontinhos para a sua descarga. Aqui ficam duas sugestões. Ainda não os li, nem conferi a exatidão e rigor técnico (nem tenho conhecimentos para tal desiderato), mas têm tudo para ser uma boa opção de leitura e aprendizagem.

Manual da bicicleta de estrada, clique aqui. Manual da bicicleta de montanha, clique aqui. Estes links são para descarga em pdf mas no site pode escolher outras opções. Um site a explorar.


Vítor Franco

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Porquê uma viagem pela Escócia em bicicleta?


Chegada, bicicleta depois de montada.

Este artigo aborda a minha paixão pelas viagens em bicicleta e o porquê da escolha da Escócia. A opção traz consigo a escolha pelo minimalismo e pela autossuficiência na viagem por razões de conceito e económicas, que mais à frente abordo com as relacionadas à dormida e à comida.

Muitas pessoas perguntam se não tenho medo, costumo responder que o lugar mais perigoso é Santarém onde me roubaram um carro e agora a bicicleta de viagens e BTT. É claro que é preciso planeamento e preparação sobre a própria bicicleta, o percurso e visitas, as finanças, os hábitos e culturas, a saúde… Deixo ainda algumas sugestões preventivas à viagem.

Por fim, deixo-vos as minhas lindas imagens [gaba-te cesto roto que amanhã vais para a vindima J] e relatos diários – por link – dos 27 dias em viagem na Escócia.

Esta viagem foi uma realização pessoal. Também foi mais difícil porque comecei por fazer a maratona sem fazer recuperação posterior e porque apanhei muitos ventos contrários apesar de estar pensada para assim não ser.

Convido-vos a entusiasmarem-se!

1. Porquê a opção de viajar em bicicleta?

A cicloviagem é, para mim, um ato cultural. A deslocação é lenta, económica, propiciadora de contato e socialização com as vivências e comunidades locais. A mobilidade em bicicleta propicia o acesso e o conhecimento de locais e belezas só assim acessíveis. Cicloviante é um conceito e até uma identidade!

Cicloviajar implica previamente um esforço de reflexão, concentração, método e planeamento mínimo. Cicloviajar é uma forma de viagem que é independente do dinheiro da pessoa, embora lento é muito mais barato. Há um conjunto de conceitos culturais e solidários que se materializam, por exemplo, na rede mundial de ciclistas warmshowers. Apoio em dormidas e até comida, ajuda em itinerários ou dificuldades a enfrentar… Na preparação da volta à Escócia eu recebi dezenas de propostas e sugestões de cicloviajantes escoceses.

A mobilidade lenta tem impactos positivos nos lugares que se visita. Mais tempo de permanência na região, maior consumo de bens e serviços locais, mais ecológica, favorece o contato entranhado com a natureza, a proximidade e a diversidade das economias locais em vez das ondas [“bate e volta”] do turismo de massas. Esta forma lenta de viajar também impacta positivamente na necessidade de melhores transportes públicos locais, no comércio local, nos vários serviços incluindo os públicos, na fixação de pessoas no interior e locais mais despovoados.

Nas minhas cicloviagens procuro frequentar os eventos locais, as manifestações sindicais, as festas, os atos culturais e alguns desportivos e religiosos [sendo ateu], procuro conviver com a população. Daí vêm histórias maravilhosas e inesquecíveis.

"O violinista rústico", óleo sobre tela, autor provável: Adriaen van Ostade, 1640, museu de Edimburgo.

2. A opção de fazer a Escócia em bicicleta.

A Escócia é daqueles países que está na nossa imaginação romântica. A simpatia do povo, as paisagens e cenários idílicos popularizados pelo cinema, a música, a cultura, uma realidade de um país com língua própria [o gaélico escocês] que foi dissolvida pela língua do país que o dominou [o inglês].

A Escócia é possuidora de uma identidade e culturas fortes, votações maioritárias em partidos republicanos e independentistas – mas que rejeitou a independência em referendo e onde a monarquia ainda tem peso.

Além da sua beleza, a geografia multifacetada da Escócia permite-nos intercalar circuitos em bicicleta [trilhos ou estradas] com bons e belos passeios de comboio [como o popularizado viaduto de Glenfinnan pelo filme de Harry Potter] e viagens de ferry entre ilhas também muito prazerosas.

O facto de já ter inscrição para a maratona de Edimburgo ajudou na escolha. Correria a maratona e faria depois a volta em bicicleta.

Exemplo das casas antigas da Escócia.

3. A opção pelo minimalismo e autossuficiência.

A opção pelo minimalismo decorre de vários fatores: uso apenas de materiais necessários e multifuncionais, diminuição do peso a transportar na bicicleta, cultural – não consumista – e poupança de dinheiro. A opção pelo minimalismo também significa boas escolhas de materiais, equipamentos técnicos, roupas técnicas (…) por regra mais caros.

a) Dormida. Não dormi uma única das 27 noites em hotel, estes tinham custos de 130 e 140 euros. A opção foi a compra de um saco cama zero graus, uma tenda capaz de suportar forte pluviosidade e vento, alforges impermeáveis. Mesmo comprando materiais caros acabei poupando imenso dinheiro. O saco cama custou 170€, o colchão insuflável 40€, a almofada 5€, a tenda [Husky extreme-flame-2-green] 235€…

Dado o cansaço da jornada é importante ter uma boa dormida, dada pela boa capacidade dos equipamentos em resistirem ao mau tempo, garantirem um mínimo de conforto, garantirem fiabilidade na viagem. Recomendo a tenda Husky por várias razões: a montagem começa pelo teto o que permite montar o interior em seco mesmo que esteja a chover, provou ser impermeável em quase 40 horas de temporal e tem um desenho ergonómico para melhor resistir ao vento. Dormi 3 noites em hostel [média de 20 libras cada], 1 em caravana emprestada, 8 em casa de amigos da rede de ciclistas warmshowers, 2 em terrenos e 12 em campismo [média e 13 libras] e 1 no aeroporto.

b) Comida. A regra foi comprar comida em supermercados e fazer as minhas refeições. Umas 5 refeições foram em restaurante ou tasca de comidas típicas. Tive 8 jantares oferecidos pelos amigos. O fogão, 20€, foi comprado cá, pequenino e prático; A louça mais simples, 10€; botija de gás comprada na Escócia, 8€, pois não é permitido em aviões. A grande dificuldade foi conseguir comer sem glúten, pois sou intolerante. O meu “grande aliado” foi o arroz pré-cozinhado que pela Escócia se vende muito em refeições pré-feitas. Beber água é ainda mais importante para quem só tem um rim, 3 litros por dia era o normal. Aqui exagerei na prevenção: o filtro de água e os comprimidos de desinfeção nunca foram necessários.

Preparando o almoço.


4. Planeamento e preparação.

Cria uma folha word, com texto e hiperligações, para planeamento.

a) A bicicleta. Uma das coisas boas das viagens em autossuficiência é o planeamento, começas a viajar antes mesmo de começar. No caso de uma viagem em bicicleta tens de ter o conhecimento fundamental de como reparar as principais avarias e transportar contigo materiais e equipamentos de reparação mínimos. A viagem cria sempre avarias – isso não é um azar, é um desafio ao teu autodomínio e capacidade. Faz uma lista de equipamentos e materiais para teres controlo sobre a preparação. Na viagem, todos os dias é preciso olhar a bicicleta a ver se está tudo bem. Se a levares no avião vais precisar de pagar e embalar protegida [pressão reduzida nos pneus, volante e roda da frente desmontada, desviador e mudanças muito bem protegidas], para lá eu costumo pedir caixas de papelão nas lojas de bicicleta, para cá faço igual – verifica sempre se no aeroporto de retorno há ou não venda de caixas. Tira fotos à bicicleta, ao autocolante com o código de barras do quadro, ao recibo de compra [se tiveres] e manda tudo para o teu próprio email. Estuda o melhor cadeado que podes ter juntando uma corrente que prenda também a roda dianteira e o selim. Usa uma preferencialmente bicicleta simples e minimamente robusta, quanto mais técnica mais problemas com difícil solução. Antes de ir faz revisão geral.


b) Percurso e visitas. Descarrega o mapa do destino para o teu telemóvel em duas aplicações, eu uso Google maps e mapsme que podem ser usadas em offline. Na Escócia nem cheguei a usar o gps. O Google maps foi muito útil, por exemplo, em encontrar os lugares, as empresas de ferrys e poder telefonar de imediato. Ter uma redundância ajuda a que se uma aplicação falhe tens a outra, no fundo acabam por ser complementares. Nelas podes marcar os pontos a visitar com “alfinetes” o que te vai ajudar a ires ajustando o teu plano de viagem conforme ela decorrer e como quiseres priorizar. Deixa o teu espírito aberto a novas possibilidades e, acredita, vais ter coisas que não vais conseguir ver. Mesmo que não pretendas usar transportes públicos faz um mínimo de recolha de informação sobre eles e coloca na folha de planeamento básico. Nunca se sabe se mudas os planos, se decides tomar um comboio, um barco, um autocarro. Eu tinha assinalado de 185 pontos de interesse, claro que teria de lá estar seis meses para os ver… Tem em atenção a forma como se fazem pagamentos de transportes varia de país para país, por exemplo, na Escócia os autocarros são normalmente pagos em cartão, com o telemóvel ou dinheiro sem direito a troco.

Ilha de Arran

c) Finanças. Eu abri uma conta no Revolut. Recebe-se um cartão físico e a conta é controlada na aplicação do telemóvel. Faz-se um pagamento e recebe-se de imediato uma notificação. A conta básica, a que eu tenho, é gratuita e muito fiável. É de carregamento prévio, e podes ter contas em moedas diferentes. Ao ter criado um depósito em libras poupei muito dinheiro nos pagamentos na Escócia pois não pagava taxas de conversão. O carregamento pode ser feito usando um cartão de crédito virtual que também podes criar na tua aplicação bancária, transferência Nib ou MBway. A perda da carteira na Escócia ficou-me de lição: a partir daí dinheiro, passaporte e cartões vão numa bolsinha pendurada ao pescoço e por dentro da tshirt. Tenta fazer um orçamento de viagem para que te possas orientar com alguma segurança.

Monte Quiraing

d) Hábitos e culturas. É útil fazer-se previamente uma pesquisa sobre as culturas e hábitos locais. Uma coisa que aqui é insignificante num outro país pode até ser uma ofensa. Rapariga no Brasil é um insulto, na Alemanha [e não só] os sapatos ficam sempre à porta de casa [tal como numa mesquita]… Nessa pesquisa encontrarás festas típicas de cada região, comidas, jogos tradicionais e até línguas, povos ou cultos religiosos diferenciados. Experimenta comparar o euskara com o castelhano J, no sul de França há aldeias onde muitos idosos ainda sabem falar o occitano, região que teve forte presença da religião cátara [milhares dos seus fiéis foram queimados em piras humanas, nas praças públicas, pelos seguidores da igreja católica romana]. Apesar da intolerância ao glúten eu tento sempre provar comidas típicas, a gastronomia também faz parte da cultura e muitas vezes reflete aquilo que cada povo pode cultivar e produzir.

"O rei do Glen", famoso quadro de Edwin Landseer, 1851

e) A saúde. A primeira sugestão é tirar o cartão europeu de saúde, é gratuito. Por prevenção fiz um seguro de viagem [80€] que não foi necessário e quando perdi a carteira remeteram contato para o dia seguinte [por mim foi o último contrato]. Levei um mini estojo de primeiros socorros e os medicamentos devidamente acondicionados em frascos estanques. Sugiro que quando viaje leve sempre cópias das suas receitas em papel, não só porque as nossas receitas em sms só funcionam cá como, pode necessitar das receitas nos aeroportos para provar o transporte dos medicamentos ou ainda numa farmácia se precisar de os comprar. Eu levo também uma cópia das vacinas tomadas. Há países onde é necessário ou recomendado vacinas específicas, vale mais prevenir do que remediar.

Ilha de Skye, em dia de chuva, nevoeiro e vento.

f) Sugestões preventivas. Eu sugiro várias coisas. Inscrever-se no site do registo viajante / site do Portal das Comunidades, ver os seus conselhos para o seu destino e registar a viagem, ter todos os teus principais documentos digitalizados e com acesso num seu email, na folha de planeamento ter os contatos da embaixada e consulados, contatos do banco para perda de cartões, números locais de saúde e polícia. Sugiro ainda, principalmente em países mais “problemáticos”, usar preferencialmente uma cópia a cores do passaporte tendo este em lugar seguro. Uma das coisas que faço sempre é procurar grupos de facebook daquele destino [tipo Portugueses na Escócia, Brasileiros na Itália…] e pedir-lhes previamente informação de dúvidas; isso pode ser muito importante nomeadamente em ligações de transportes, melhores formas de sair do aeroporto, custos e muito mais coisas. O meu micro blogue tem muitas ligações para sites úteis, de qualquer modo sugiro a consulta do site Rede Brasileira de Blogues de Viagem que é muito bom.

Como uma lenda se torna uma atração turística de massas.
 
5. Imagens e relatos diário de 27 dias em viagem na Escócia.

Nas viagens não levo computador para reduzir os pesos ao mínimo. Os meus relatos diários são fotografados e escritos por telemóvel e narrados no facebook, embora dê perda de qualidade na imagem e no texto. Aqui ficam as ligações:

Castelo Dunnottar.

Clique em baixo nas hiperligações em texto colorido / sublinhado para ver lindas imagens [digo eu] e relatos de viagem:

Dias de maio

24, a chegada a Edimburgo, montar a bike; 25, imagens das ruas e o excelente Museu Nacional da Escócia, Edimburgo; 26, Stirling e viva o ventinho (…) mas que bem se está; 27, enamorado por dama escocesa casei com ela, fui nomeado rei e decretei a independência da Escócia; 28, Stirling – Edimburgo, comboio e bike ao encontro dos leões portugueses; 29, a festa na maratona e os meus tempos; 30, Kelvingrove Art Gallery, Glasgow; 31, museu de transportes de Glasgow.

Dias de junho

1, o primeiro ferry; não se estranha, “osmose” nas belezas da natureza; 2, da cascata de Glen Rose à “subidinha” do glaciar North Glen Sannox, delícia de sentidos; 3, da visita aos monumentos arqueológicos de Dunchraigaig às festas do jubileu da rainha; 4, a história do ursinho verde na chegada a Oban; 5, o único aeroporto do mundo numa praia; 6, as focas que afinal são lontras e o museu da história da sociedade da Ilha sul de Uist; 7, Uist nas ilhas Hébridas Exteriores, não há árvores que o vento dá cabo delas; 8, o lindíssimo monte Quiraing [só custa a subir], as quedas de água Kilt Rock e subir a montanha de novo, agora a pé para ir visitar The Old Man of Storr, ilha de Skye; 9, ventania e chuva desde Portree, ilha de Skye; 10, de Mallaig a Fort Williams pelo viaduto de Glenfinnan; 11, na linda Glen Nevis em chuva permanente; 12, Fort Augustus e Lago Ness; 13, rota 78 [Caledónia], as quedas de água Falld of Foyers e o “Great Glen Ways”; 15, o lugar pré-histórico de Clava Cairns, o lendário campo de batalha de Culloden Battlefield e fazer almoço em vida de cicloviajante; 16, conquistei o Castelo Dunnottar; 17, o belo passeio em Dundee; 18, avarias e surpresas boas em Falkland e St. Andrews; 19, quando te convidam a dormir num "quarto" de vidro dentro de um grande jardim paradisíaco; 20, de bicicleta para o aeroporto com papelões em carga; 21, a história da carteira perdida.

Outras histórias:

Como se fazem parques gratuitos de bicicletas; a proteção de crianças na estrada; medidas de diminuição de velocidade e favorecimento da bicicleta em meio urbano; os passing place – “devagar se não bates”; mapa final do roteiro.

Qualquer ajuda necessária disponha.

"Viajar é a única coisa onde se gasta dinheiro, e te torna mais rico."

Vítor Franco

A famosa ponte que liga a Edimburgo, património mundial da humanidade.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Volta à Escócia


A volta à Escócia de maio e junho foi uma viagem maravilhosa. Talvez por isso tenho tido dificuldade em encontrar a melhorar maneira em partilhá-la convosco.

Optei por um texto que resume "tudo" e tente ser motivador para quem não viajou ainda em bicicleta.

Em breve cá estará.

monte Quiraing

Inverness

casa típica no campo de batalha de Culloden Battlefield

Castelo Dunnottar

Vítor Franco

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Guia de escolha para comprar bicicleta de cicloturismo

Imagem do site

Enquanto não saem as matérias sobre os 27 dias na Escócia saibam que saiu mais um número da revista "Com Alforges".
Esta excelente revista é um bom auxiliar para quem se quer iniciar nas cicloviagens e não só. Uma das matérias que sugiro a leitura tem o tema deste artigo.
Nem sempre o que é mais caro é melhor. Nas bicicletas de cicloturismo as bicis com carbono e /ou titânio são não recomendáveis. Repara: Quem te solda um quadro ou outra peça da bicicleta se ela for destes materiais? Ninguém ou quase ninguém!
No site poderás também ver as 30 rotas sugeridas, na Europa, 2022, que te aguçarão o apetite.
Aqui fica a minha bicicleta, agora roubada, na volta pela Escócia.
Ilha de Skye, Escócia, junho de 2022.

Os Caminhos de Santiago têm farta matéria na revista e site. Uma informação útil é saber onde existem albergues. Sabe que para utilizares os públicos ou das associações, ou paróquias, tens de levar contigo o "passaporte", a credencial de peregrino. Nos privados não é necessário mas é sempre bom ter.
No "Santarém no Mundo", tens vasta matéria sobre os Caminhos.
Até breve!
Caminho de Santiago do Norte

Vítor Franco

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Crónicas do Caminho de Santiago a Compostela, (com podcast)



Hoje cheguei a Santiago. Até para um ateu, como eu, chegar à linda Praza do Obradoiro é uma emoção. A Praça é um lugar de poder e de história, tal como Santiago. Os poderes marcam lugar no Hospital dos Reis Católicos, no Pazo do Raxoi, lugar de uma Galiza aberta ao mundo! Ali fiquei durante um tempo, apreciando as emoções humanas.

Dei uma volta na bicicleta, deambulei pelas ruas, dirijo-me pela Rua do Franco [cujo nome não é em minha homenagem, muito menos ao ditador fascista Franco, mas sim aos peregrinos chegados através dos Pirinéus, como “homens livres” ou como “Nação Franca”] e fui visitar [como sempre faço] as duas irmãs Marias cuja história merece muito ser lida aqui].

E fico à conversa, talvez eu seja um conversador; das conversas sem tempo e compromisso vão ficando amigos efémeros, mas bons… E fotos, ficam muitas fotos…


Podcast, pode ouvir toda a crónica clicando aqui
(Clique para continuar a ler)

terça-feira, 12 de abril de 2022

Já saiu o número de abril da revista Cicloviagem Desafio.

Já saiu o número de abril com muitas e interessantes matérias. 

É muito difícil manter a regularidade de uma publicação gratuita, a equipa está de parabéns! 

A parabenização é reforçada quando se junta uma filosofia positiva e progressista. 

Como eles dizem: "Somos una revista en movimiento. Tenemos como objetivo la divulgación de un tipo de turismo y vida alternativo donde nos relacionamos de manera responsable y consciente con el medio y las personas que lo habitan". 

Vejam só que bela paginação! Não perca, clique aqui e ligue-se à revista.

















Todas as imagens são crédito da Revista.
Vítor Franco

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...