Ele arrastava as palavras como se cada sílaba lhe fizesse muita
falta para preencher cada minuto. Muito calmamente, o jovem búlgaro erradicado
na aldeia de La Fuente que tomava conta do albergue municipal explicou-me o
caminho para o mirador de Stª Catalina e como chegar mais facilmente a Potes. A
explicação minuciosa incorporava tanta informação que à medida que avançava crescia
o meu receio de me perder nas serras. Pedi-lhe para esperar e fui buscar o meu
caderninho. Olhou-me calma e compreensivamente recomeçou, repetindo
pausadamente cada passo.
O jovem convidou-me para jantar mas eu já trazia como farnel
o segundo prato de fausto e delicioso almoço de fabada asturiana, agradeci com simpatia. Andava como falava, como
que caminhando naquele nevoeiro que frequentemente me acompanhava ou em lugar
de força gravítica inferior. A sua figura aparecia e desaparecia no albergue de
peregrinos como as nuvens naquelas serras altas: silenciosa e rapidamente.