segunda-feira, 17 de julho de 2017

Diários de Motocicleta - o filme apaixonante. Ernesto Guevara na América do Sul

8.000 km em 4 meses, método: improviso, equipamento: a poderosa...

A história do velho carteiro

Em Vilafranca del Bierzo opto por parar numa oficina /loja de bicicletas. Foi uma ótima opção, querem saber porquê?
Quem me atende tinha 70 anos, era um carteiro reformado, a bicicleta tinha sido o seu meio de transporte e trabalho durante dezenas de anos. Carregado de cartas e encomendas percorria as aldeias distribuindo as más e as boas novas. Percorreu-as numa velha "pasteleira" que fez questão de me mostrar, assim como pesados alforges de cabedal; à medida que as suas recordações saíam dos fundos do seu baú memorial a sua emoção aumentava. Fui ficando como ele.
Era um homem muito interessante, sofrera os tempos mais duros do fim da República e a ditadura fascista... 
Chega o filho, "é um especialista" diz. Explico-lhe o problema no desviador traseiro e deitou mãos à obra.
Volto à conversa com o "velho carteiro". Volto a recuar dezenas de anos. A sua simplicidade era contagiante. A bike ficou pronta e nós ficámos ainda à conversa...
Peço-lhe conselhos para a viagem... "Não suba O Cebreiro hoje, não vai conseguir fazê-lo ainda de dia" recomendou...
Paguei ao filho, pediu-me 5 euros, achei pouco, comprei gels mesmo não precisando, sentia-me em dever. 
Despedi-me do "velho carteiro" com um forte aperto de mão e um inevitável abraço. Éramos amigos de "longa data". Saio emocionado [ainda hoje o fico ao escrever estas notas], pego na bicicleta e retomo o caminho, pedalo cerca de 20 km e vejo a placa Ruitelan, estava quase.
Paro em Las Herrerias, o cansaço já imperava.
O trajeto tinha sido espetacular, tinha escolhido uns trilhos de opção junto a uma ribeira e mesmo o caminho junto à estrada serpenteava sempre o rio Valcarce.
A subida do dia seguinte, a mais dura de todo o caminho obrigava a descanso. 
Encontro uma pensão, faço o check in e dou de caras com uma revista que desconhecia "O guia do bicigrino". Acabou por ser uma boa ajuda.
Aqui fica o site e o link de descarga gratuita para o caminho francês.
"Nesta nova atualização temos colaborado com a revista BIKE e mostramos um guia prático para o Caminho de Santiago (Caminho Francês) com mapas detalhados, hotéis, pousadas, lojas de bicicletas, estágios proposta..."




Livro gratuito - destaque de lançamento blogueiro

DE MOTO PELA AMÉRICA DO SUL

"Alberto Granado, um bioquímico irmão dos amigos de escola de Ernesto, Tomás e Gregório, sugeriu que meu filho o acompanhasse em uma viagem através da América do Sul. Isso foi em 1951. Naquela época, Ernesto namorava uma jovem simpática de Córdoba. Minha família e eu estávamos convencidos de que ele iria se casar com ela. 
Um dia, ele anunciou: “Estou partindo para a Venezuela, pai”. 
Pode-se imaginar minha surpresa quando lhe perguntei quanto tempo ficaria longe, ao que ele respondeu: “Por um ano”. 
“E quanto a sua namorada?”, perguntei. 
“Se ela me ama, vai esperar”, veio a resposta. 
Eu já estava acostumado com os entusiasmos repentinos de meu filho, mas sabia também que ele gostava muito da jovem e pensei que isso faria diminuir sua sede por novos horizontes. Fiquei intrigado. Não conseguia entender Ernesto. Havia coisas sobre ele que eu não conseguia penetrar. Coisas que só se tornaram mais claras com o passar do tempo. Eu não compreendia na época que sua obsessão por viagens era apenas outro lado de seu zelo pelo estudo. Ele sabia que, para conhecer realmente as necessidades dos pobres, tinha de viajar pelo mundo não apenas como turista, parando aqui e ali para tirar belas fotos e apreciar a paisagem, mas da maneira como ele fez, compartilhando o sofrimento humano encontrado em cada curva da estrada e procurando as causas daquela miséria. Suas viagens foram uma espécie de pesquisa social, saindo para ver o mundo com os próprios olhos, mas tentando, ao mesmo tempo, aplacar um pouco do sofrimento humano, sempre que pudesse". 
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Descarregue aqui: http://lelivros.stream/ ou diretamente aqui: http://lelivros.stream/book/baixar-livro-de-moto-pela-america-do-sul-che-guevara-em-pdf-epub-e-mobi/

domingo, 16 de julho de 2017

Porque decidi fazer o Caminho de Santiago?

"Viajar é a única atividade em que 
ficas mais rico gastando dinheiro"

1. Foi por fé que decidi fazer o Caminho de Santiago? Não. Queria fazer uma actividade diferente, cultural e até auto reflexão, desportiva em auto suficiência, nova, exigente fisicamente e enfrentar as dificuldades sozinho.
2. O Caminho é uma atividade religiosa? Para a maioria das pessoas sim; para mim, ateu, não. Mas gosto de estudar e compreender as religiões porque elas se ligam à história dos povos, às relações de poder, muitas vezes predominam-se como “ópio”sobre a razão e/ou determinam ou justificam guerras. Não me interessa decorar religiões, interessa-me percebê-las. Não acredito mas respeito. Já visitei muitas e muitas centenas de lugares de culto de variadas religiões.
Sendo, para muitas pessoas, um percurso de fé isso determina a forma como decidem fazer o caminho. Levado ao extremo isso pode conduzir a sacrifícios desumanos, à morte por exaustão, saúde debilitada (…) e há um nº significativo de pessoas que faleceram a fazê-lo. Há, até, muitas “sinalizações” disso mesmo. Perto de A Calzada (a cerca de 36km de Santiago) um jovem “caminhava” cambaleando, completamente exausto e desfigurado, possivelmente desidratado, em “farrapos”; parei a bike falei com ele, quis dar-lhe água e barritas, pedi-lhe para parar e dormir – nada aceitou – só queria andar. Insisti e voltei a insistir, sem resultado… 
3. É arriscado fazer o Caminho de Santiago sozinho? Um pouco! Por isso é necessário tomar cuidados, mas há muitas aldeias e apoios pelo Caminho. O Caminho é uma atividade secular e é hoje um negócio de suporte de e para muitos milhares de pessoas. Aí se incluem albergues, pensões, hotéis, restaurantes, aluguer de cavalos, táxis, bicicletas, carrinhas, clínicas, massagistas… Além de serviços de apoio social comunitário e/ou religioso.
4. Mas não tem mais riscos de bike? Tem. Para que vai de bicicleta, como fiz, o risco é maior e isso requer muita concentração, planeamento, análise de dificuldades, muitas e variadas ações preventivas, seguro de acidentes… Há sempre surpresas ao passar de uma curva, pedras, descidas ou subidas perigosas, possibilidades de quedas “barreira abaixo”, peregrinos parados no trilho a tirar fotos, animais… Mas a vida é feita de riscos, como costumo dizer o lugar mais arriscado que conheço é a porta da minha casa de onde me roubaram um carro…
5. O que preciso para fazer o Caminho? Em primeiro lugar decidires-te a fazê-lo – com antecedência. Nessa decisão tem em conta: i) o teu estado de saúde e capacidade física, ii) o teu tempo disponível, iii) a extensão e a forma de a fazer e iv) a capacidade financeira.
Decidiste fazer. Agora precisas de tempo para planeá-lo e treinar: usa a net para auxiliares as tuas múltiplas opções. Youtube e sites como bicigrino.com/en, gronze.com, editorial buen caminho (tem APP paga), caminodesantiago.consumer.es (revista Eroski) tem APP grátis, Walk and Talk No Caminho de Santiago, Viajar pela Europa - Caminho de Santiago, Tudo sobre o Caminho de Santiago ( Especial Estadão ), Tours Caminho de Santiago, Portal do Peregrino de Santiago, Peregrino Oswaldo Buzzo, O Meu Caminho, O Caminho de Santiago, Mundicamino, Meu Caminho de Santiago, Estadão - Especial Santiago de Compostela, Dicas do Caminho de Santiago, Diario de uma Peregrina, Caminho de Santiago - As Cidades do Caminho Francês, Caminho de Santiago de Bike, Caminho de Santiago, Caminhando eu vou, Amigos do Caminho, AAPCSC - Associação dos Amigos e Peregrinos do Caminho de Santiago de Compostela, AACS ( Associação Brasileira dos Amigos de Santiago ), A Caminho de Santiago ou A Caminho de Compostela
Prevê os transportes de ida e vinda, consulta a Renfe e a CP (mas os comboios são complicados para as bikes) mas há um autocarro (penso diário) de Santiago para Lisboa, parando em cidades mais importantes (eu vim nele até Fátima). Regista-te, por exemplo, no blablacar e explora-o, foi assim que fui para Burgos.
Nos sites e blogs encontrarás opiniões e sugestões de toda a ordem. Escolhe as tuas… Usar a net é começar a construir uma estrutura mental de viagem.
As minhas opções foram ir de bicicleta, sozinho, sem mapas, sem gps, só seguindo as setas amarelas; perguntei umas 30 ou 40 vezes, meti conversa com as pessoas e fui com espírito positivo. Levei o mínimo peso possível – é que foi preciso puxar por ele. Fecha tua roupa em sacos Zip&Go, pões-te em cima dele e fechas o fecho, o saco fica reduzido a tamanho mínimo e a roupa protegida de água e pó.
Foge das temperaturas mais extremas (o calor foi a minha maior dificuldade), bebe bastante água, mesmo antes de teres sede e com pó ou pastilhas de hidratação, alimenta-te bem, usa gel e proteínas, usa recuperador logo no final da etapa, faz alongamentos, no fim deita-te um tempo com as pernas um pouco levantadas, faz quiromassagem antes de ir (eu dei-me óptimo aqui: https://www.facebook.com/quiromassagemgustavofaria/?fref=ts ), dorme bem.
Leva um picelinho, limpa e lava a bike com frequência, usa óleo, spray ou cera de lubrificação para as partes móveis, reparadores de furos, pneus com líquido reparador já metido; sugiro alforges e não mochila para baixar centro de gravidade e ajudar nas subidas porque o pneu agarra mais à terra… Há vídeos muito ÚTEIS no youtube / pedalaria aqui: https://www.youtube.com/watch?v=UYXGE4d426s 
Diverte-te, vais encontrar lugares e paisagens maravilhosas, conhecer mais da cultura e da história, o teu pensamento vai abrir-se mais ao mundo e a realidades que desconhecias, vais encontrar pessoas simpáticas com quem conversar, vais suar e cansar-te mas isso vai saber-te bem… Vais ficar mais forte!
Além disso, viajar é a única atividade em que ficas mais rico gastando dinheiro!

(Esta viagem foi feita na páscoa de 2017)



León, a "loucura" da procissão de páscoa

As fotos "mais religiosas" do Caminho de Santiago: quatro fotos da procissão de León com as tradicionais confrarias transportando pesadíssimos andores e imagens da Catedral de Astorga e Santiago. Construída sobre outras, a atual é do século XV, é dedicada a Stª Maria e sede episcopal. As suas fases de construção mostram estilos e arquitetos distintos: algumas naves e capelas em estilo gótico, algumas outras em estilo renascentista e a fachada principal em barroco, reconstruída sobre a anterior no século XVIII em estilo barroco. E um curioso, talvez único, relógio que funciona segundo as fases da lua [segundo percebi] e marca as 24 horas do dia. Segue-se uma foto do palácio episcopal do grande Gaudí. Por fim algumas fotos do interior da Catedral de Santiago.

Diz a wikipédia:
"Leão (em espanhol: León; em leonês: Llión) é um município da Espanha, capital da província homônima, na comunidade autónoma de Castela e Leão, noroeste da Espanha. Tem 39,2 km² de área e em 2016 tinha 126 192 habitantes (densidade: 3 219,2 hab./km²).[1] É o município mais populoso da província, perfazendo um quarto da sua população.[2]
Leão é famosa por sua catedral gótica, e por diversos outros monumentos e edifícios, como a Basílica de Santo Isidoro, onde está o Panteão Real, o mausoléu ricamente decorado no qual foi enterrada a família real do reino medieval de Leão (Leão), e que também possui uma das melhores coleções do mundo de pinturas românicas; a Casa de Botines, uma das primeiras obras do arquiteto catalão Antoni Gaudí, ocupada atualmente por um banco; o Mosteiro de São Marcos, originalmente a sede da Ordem Militar de Santiago, construída no século XVI; ou o novo MUSAC, Museu de Arte Contemporânea de Castela e Leão.
Conhecida por suas fiestas, como as realizadas durante a Páscoa, as procissões realizadas em Leão foram declaradas de Interesse Internacional, e, nestas datas, visitantes de diversas partes do mundo visitam a cidade e participam de suas tradições."


(Fotos de telemóvel)





O começo das partilhas: "Caminho de Santiago"


Astorga
"Bom Caminho", é das expressões que mais ouvi neste sete dias bicicletada e um de caminhada. Tod@s desejam "bom Caminho" a tod@s, é o espírito de Santiago ou - com mais rigor - o espírito do Caminho. Nos sete dias que passei puxando a bike fui encontrando e fazendo amigos - mas sempre fugazes -, o espírito do Caminho é continuar, mas há sempre boas estórias que fazem a história e a experiência de cada um.
É muito diferente fazê-lo a solo, onde tudo ou quase depende de ti, ou fazê-lo em grupo. As duas coisas são boas, mas diferentes.
Já depois de ter chegado ao Albergue Menor de Santiago falei com @s amig@s pace.makers que faziam o caminho português a pé.
Apanharam-me em Santiago e recomecei o Caminho, agora a pé, para fazer mais 23km. 
Foram mais horas de diversão e convívio com bons amigos e amigas!
Aqui se reforça a motivação da partilha pelas viagens e conhecimentos dos povos.
Foto de Rui Marçal ( https://www.facebook.com/rpamarcal )

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...