sexta-feira, 15 de março de 2024

Vencer o medo!


A história começa com um telefonema…

– Está, Vítor?

– Sim, olá amigo…

– Tenho uma proposta a fazer-te, podemos tomar um café?

– Claro, [café marcado, nós portugueses fazemos quase tudo à mesa] lá estarei.

Chegado ao dia, lá estou. Cumprimentos de bons amigos e chegámos ao tema:

– A 17 de março de 2014 faz 100 anos que foi criada a primeira central sindical portuguesa, a União Operária Nacional, e foi aqui em Tomar, diz-me…

Como foi possível eu ter-me esquecido, pensei. Bem, afinal todas as pessoas e entidades se esqueceram: a CGTP, a UGT, a Câmara Municipal de Tomar (…), todas as entidades!

E ele explica, faz-me o contexto histórico, dá-me conta dos protagonistas e, acima de tudo, da vontade de vencer o medo da opressão e da prisão. Vencer o medo, pensei, afinal como está atual… O medo é a primeira arma de opressão, um trabalhador com medo não luta por uma vida digna, aquieta-se aos ditames, treme perante a precariedade, traz a ansiedade do fim do mês com ele… O amigo tinha razão, havia que agir.

Juntámos um grupo de sindicalistas da região e fizemos um plano de comemorações. Criámos páginas “Vencer o medo” no Facebook e no wordpress, pedimos a cedência de instalações à Câmara, organizámos debates, exposições, aliámos a história às atuais lutas laborais e à mensagem: Vencer o medo. Criámos um manifesto que a dado passo dizia:

“A fundação da primeira central foi um passo positivo que juntou as forças do mundo do trabalho numa organização comum. Foi a coragem de ir à luta que conseguiu vitórias na redução do horário de trabalho para as 8 horas diárias, na criação de seguros sociais ou bairros de habitação social. A UON dinamizou o protesto contra os especuladores e açambarcadores de bens, pela defesa da paz e contra a entrada de Portugal na 1ª guerra mundial.

É admirável a coragem daqueles e daquelas que venceram o medo, as prisões, os despedimentos arbitrários, a fome e a miséria para levantar a luta pelos direitos dos trabalhadores e da paz.”

Este ano a comemoração é pelos 110 anos, dez anos depois do centenário quase nada mudou. O medo continua a assolar os imigrantes nos campos do Ribatejo e Alentejo, os jovens que não conseguem um contrato a efetivo, os efetivos com medo de não serem aumentados no seu salário, os que tem medo de fazer greve, os que tem medo de ter medo…


Cinquenta anos depois do dia libertador o medo traz consigo a herança da ditadura… No medo o fraco ataca o fraco, ataca os imigrantes ou as pessoas LGBT, ou as negras, ou as ciganas, ou as islâmicas, ou as judaicas (…), ataca sempre os fracos vendo neles adversários, os de baixo contra os de baixo, como se vive-se numa guerra surda. O medo tolha o pensamento e aprofunda a alienação.

Há 10 escrevemos:

Cem anos depois a pobreza alastra pela população. Os especuladores são agora os da finança e da banca que dizima os recursos do país e os açambarcadores de riquezas multimilionárias crescem na explosão daqueles que só conseguem comer através dos bancos alimentares ou das cantinas sociais.

Talvez tenha sido na UON que Vinicius de Moraes se inspirou para escrever o poema “O operário em construção”…

“… E foi assim que o operário 
Do edifício em construção 
Que sempre dizia sim 
Começou a dizer não. 
E aprendeu a notar coisas 
A que não dava atenção…

110 anos depois continuamos a ter necessidade de dizer não!

Vítor Franco




domingo, 31 de dezembro de 2023

Para 2024 desejo-te tempo!

Relógio do Duomo de Florença, roda em sentido inverso. 

"Não te desejo um presente qualquer.

Desejo-te somente aquilo que a maioria não tem.

Tempo, para te divertires e para sorrir;

Tempo para que os obstáculos sejam sempre superados

E muitos sucessos comemorados.

Desejo-te tempo, para planear e realizar,

Não só para ti mesmo, mas também para doá-lo aos outros.

Desejo-te tempo, não para ter pressa e correr,

Mas tempo para encontrares a ti mesmo,

Desejo-te tempo, não só para passar ou para vê-lo no relógio,

Desejo-te tempo, para que fiques;

Tempo para te encantares e tempo para confiar em alguém.

Desejo-te tempo para tocar as estrelas,

E tempo para crescer, para amadurecer.

Desejo-te tempo para aprender e acertar,

Tempo para recomeçar, se fracassar.

Desejo-te tempo também para poder voltar atrás e perdoar.

Para ter novas esperanças e para amar.

Não faz mais sentido protelar.

Desejo-te tempo para ser feliz.

Para viver cada dia, cada hora como um presente.

Desejo-te tempo, tempo para a vida.

Desejo-te tempo. Tempo. Muito tempo!"

José Régio

domingo, 3 de dezembro de 2023

Mapa de rotas ciclistas, um excelente trabalho do site Con Alforjas


Já aqui referenciámos este site. Escrito em castelhano, assim o é, Con Alforjas é um site muito interessante que faz um excelente trabalho de divulgação do ciclismo na natureza, do bikepacking mas principalmente do utilização de alforges.
O site vem também demonstrar quanto mais avançado está o estado espanhol face ao português.
O trabalho deste site, que hoje aqui referenciamos, traz-nos este mês um mapa com todas as rotas que já planificaram, fizeram e divulgaram; não só no país vizinho mas também noutros países. Um trabalho detalhado e muito útil para todas as pessoas que se querem iniciar nas viagens em bicicleta ou já querem projetos mais audaciosos.
Sem mais delongas - e porque por aqui não fazemos copypaste do trabalho dos outros - aqui fica a ligação que vos vai permitir fazer já planos de cicloviagem de crescer "água na boca"...
Clique aqui e vá direto ao mapa das rotas.
Clique aqui e vá direto à página inicial do site.
Vítor Franco

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Que tal uma viagem em bicicleta pela América do Sul?

Há oito anos punha a ideia de fazer uma viagem "mochileira" pela América do Sul, a fazer com muita calma, talvez durante seis a oito meses, consoante o dinheiro e a capacidade física. A previsão é parecida com isto: São Paulo, Iguaçu, Florianópolis e Porto Alegre no Brasil, Montevideu no Uruguay, Buenos Aires até Ushuaia na Terra do Fogo extremo sul da Argentina, subir algumas rotas vulcânicas a caminho de Santiago do Chile, fazer Machu Picchu e Cuzco já no Perú, daí até Lima, depois Quito no Equador, se houver “guito” dar um salto às Galápagos, ir para o interior até Puerto Francisco de Orellana já às "portas" da floresta amazónica, até aqui 16.201 km. Depois procurarei reentrar no Brasil descendo o rio Amazonas [com paragem obrigatória em Almeirim e Santarém] e sair em Belém. Daí volta a Portugal.
Ora umas ajudas davam jeito: legalidades a tratar, medidas e cuidados de saúde, informações de transportes, pdfs de revistas e lugares a visitar, informações culturais históricas e patrimoniais, sites, blogues, dicas úteis, pessoas aderentes ao Couchsurfing / “partilha de sofá”, hostels, aplicações de smartphone… O objectivo é reduzir as despesas ao mínimo. 
Dizia eu que a viagem deveria começar com a minha pré-reforma, pois... 
Mas ainda têm tempo para começarem a ser solidári@s eh eh eh.
Mandem tudo para a correspondência do blog. Quem sabe o desafio se faz?!
"Viajantes de todo o mundo uní-vos"!
Vítor Franco


sábado, 30 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #5

Pronntttssss. O meu sexto caminho está feito!
Pelo caminho ficam os caminhos francês, inverno, costa portuguesa, interior português 2x, norte e ainda o lebaniego que é um caminho que termina em Potes.
Neste blogue tens um vasto conjunto de hiperligações, ver colunas à direita, que te podem ajudar a fazer estes percursos.
Vítor Franco

Assim estava, à partida.

Assim se chegou à Praça do Obradoiro, Santiago de Compostela.


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #4.2

A natureza é tão generosa connosco...
Reparem que não há um único eucalipto.
55km mais, falta pouco...
Vítor Franco



Caminho de Inverno a Santiago #4.1

Subida à Serra do Faro e Ermita de N. Sra. de O Faro, uau…
Foram precisas 2h13m para chegar ao alto, 1176m, subindo só 565m e apenas uma distância de 8,57km. Foram precisos dois pequenos almoços, mas valeu a pena. Ou estou fraquinho ou isto custa um bocadinho. E foi só a parte da manhã eh eh eh
Vítor Franco



quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #3.2

As fotos de hoje, trilhos, belas subidas e descidas em muita pedra, rio Minho e as lindas vinhas em socalco...

Vítor Franco


Caminho de Inverno a Santiago #3.1

Hoje poderia falar-vos da estrada romana, das florestas de carvalho e castanheiros, da espetacular descida em adrenalina em "milhões" de calhaus para Belesar no Rio Minho e quando vamos a chegar ao rio olhamos em frente e à nossa frente está uma linda e enorme encosta toda cultivada de vinha em socalco tal como o nosso Douro.

Poderia, pois, mas hoje partilho convosco um vídeo que gravei, substituindo o meu artigo semanal, está publicado no jornal online mais Ribatejo.

E digam lá que eu não estou bonito... 😀😀

Hoje foram 56,8 km de dureza no Caminho de Inverno. Afinal tudo isto são Desafios Positivos D+

Vítor Franco


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #2

 "Gente do nosso pano"* pode intitular-se a nota deste dia.

A gente sem nome que colocou à beira do Caminho um cesto de fruta, sumos, leite, café, água, tudo gratuito, sem ter sequer uma caixinha para moedas. Não quis tirar nada pois tinha comida e podia fazer falta a quem viesse atrás.

A gente, Florbela Afoito e Jorge Salgueiro ,que me deram um planeamento detalhado que está a ser imprescindível para este desafio, também é do nosso pano!

"Gente do nosso pano" é também o título feliz de uma peça de teatro escrita e encenada pelo amigo José Gaspar [tb é do nosso pano] a quem roubo este título. É que não encontrei ideia tão bonita quando vi o cesto das frutas...

Por fim, o dia começou "lindo" quando chego à bici, de manhã, e os pneus estavam vazios. Os bicos da rocha xisto tinha-me furado os dois pneus em vários lugares. Reparado o que foi possível lá fui a outra localidade onde coloquei novas câmaras de ar - com líquido - anti furos. As velhas ficaram de reserva.

O céu vermelho da véspera já tinha anunciado mais um dia de calor e ele veio.

Ao fim do percurso veio uma prenda: uma bela figueira carregadinha a oferecer-me num largo sorriso. Contrariado lá parei, toca de comer figuinhos, alguns tinham bicho mas eu solidário com a figueira comi tudo; da próxima vez as lagartas já não se metem com aquela figueira senão já sabem o que lhes acontece.

Amanhã há mais!

Vítor Franco



Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...