Aqui e aqui abordei a Costa Vicentina como uma boa opção para viagens em bicicleta, no meu caso sugiro BTT.
O site que promove a Costa traz agora mais soluções e propostas que entram pelo Alentejo adentro.
Sabem que mais: estou com vontade de ir!
A net tem destas coisas, de quando em quando descobrem-se boas "ferramentas" de melhoria do nosso conhecimento.
Foi assim com o site archive.org. Imensos conteúdos gratuitos e prontinhos para a sua descarga. Aqui ficam duas sugestões. Ainda não os li, nem conferi a exatidão e rigor técnico (nem tenho conhecimentos para tal desiderato), mas têm tudo para ser uma boa opção de leitura e aprendizagem.
Manual da bicicleta de estrada, clique aqui. Manual da bicicleta de montanha, clique aqui. Estes links são para descarga em pdf mas no site pode escolher outras opções. Um site a explorar.
Vítor Franco
Chegada, bicicleta depois de montada. |
"O violinista rústico", óleo sobre tela, autor provável: Adriaen van Ostade, 1640, museu de Edimburgo. |
Exemplo das casas antigas da Escócia. |
Preparando o almoço. |
Ilha de Arran |
Monte Quiraing |
"O rei do Glen", famoso quadro de Edwin Landseer, 1851 |
Ilha de Skye, em dia de chuva, nevoeiro e vento. |
Castelo Dunnottar. |
A famosa ponte que liga a Edimburgo, património mundial da humanidade. |
Optei por um texto que resume "tudo" e tente ser motivador para quem não viajou ainda em bicicleta.
Em breve cá estará.
monte Quiraing |
Inverness |
casa típica no campo de batalha de Culloden Battlefield |
Castelo Dunnottar |
Vítor Franco
Imagem do site |
Ilha de Skye, Escócia, junho de 2022. |
Já saiu o número de abril com muitas e interessantes matérias.
É muito difícil manter a regularidade de uma publicação gratuita, a equipa está de parabéns!
A parabenização é reforçada quando se junta uma filosofia positiva e progressista.
Como eles dizem: "Somos una revista en movimiento. Tenemos como objetivo la divulgación de un tipo de turismo y vida alternativo donde nos relacionamos de manera responsable y consciente con el medio y las personas que lo habitan".
Vejam só que bela paginação! Não perca, clique aqui e ligue-se à revista.
Foi um gosto participar na Talk das viagens em bicicleta na Bolsa de Turismo de Lisboa.
A organização foi uma parceria da rede Travel Bloggers PT e das Pousadas da Juventude.
Fica aqui o convite para assistirem a este e a outros debates.
Saída de Narbonne |
Há dias que nunca se esquecerão! Esses dias representam o futuro da humanidade. Perceberão no fim do texto.
A chegada ao Porto de Narbonne tinha sido um bálsamo, tinha
batalhado duro contra o vento para visitar à abadia de Fontfroide, o
"camping" estar fechado foi uma sorte. Encontrei dormida num pequeno
hotel no centro da cidade. Tomei banho, comi o que restava, segui para visitar
o centro histórico. Eis que começa uma carga de água que deve ter durado toda a
noite. Devo ter dormido umas 10h... Quando acordava era com o barulho da chuva
forte. Às 9h da manhã ainda chovia. Preparei o poncho, deixo abrandar e mesmo
sem comer meto-me pelo canal de Robine para voltar ao Midi.
Lama + lama, chuva + chuva... A dado momento uma vedação e
um sinal de obras corta o caminho, volto para trás... Apanho uma saída para uma
estrada e sigo em direção à Cuxac-d'Aude na esperança de lá encontrar um café
ou supermercado onde comprar comida.
Ledo engano... Volteei por ruas e ruelas, perguntei e
perguntei, a resposta era sempre a mesma "é difícil"...
Pensei seguir para Capestang e assim evitar entrar na lama, pergunto a uma senhora por um café e a resposta foi: "venha comer a minha casa"! Pensei que tinha percebido mal e agradeço mas só queria uma indicação de algum estabelecimento mais próximo. A senhora insiste: "moro aqui, vou abrir a garagem para a bicicleta não ficar à chuva" e foi logo abrir a garagem...
Aceitei a graça concedida. Descalço as sapatilhas cheias de
lama e as meias vão deixando o rasto molhado. Manda-me sentar a mesa, apresenta
a filha e o gato e traz meia pizza... Eu que não posso comer glúten, devorei a
pizza… Depois bebi duas canecas de café. Ofereceu fruta e iogurte, agradeci,
mas já estava bem. A conversa desenvolve-se bem com a filha, veterinária, e ela.
Falámos de viagens em bicicleta e em moto, de associativismo social, em francês
e em espanhol, como dava... Tirámos uma foto para mostrar ao marido e ofereci
préstimos em Portugal.
Antes de sair "exigiu” que eu trouxesse 4 bolos da
kinder, aceito e volto a agradecer.
Nem 10 km passados já os bolos começavam a estimular o palato :) . Em Capestang retorno ao Canal du Midi e volto à lama. A partir de Colomniers surge uma belíssima Ecovia.
Pelo caminho há encontros: um velho que morava no próprio
barco quis saber o que andava a fazer e contou-me histórias de imigrante na
América do Sul, um jovem meteu também diálogo na curiosidade de um velho português
por ali, uma ciclista alemã pede informações: estava a fazer o Midi em sentido
inverso; mais uma hora de conselhos e conversa...
Tenti passar pelo Túnel de Lamas mas as barras de ferro
impediam-no...
São já 17h quando chego às lindas e famosas 9 Écluses deFonseranes.
Um grupo de franceses mete conversa... Falámos da viagem, do
que conheciam em Portugal, de ser reformado :) ...
Quando digo que penso chegar a Séte desaconselham, ainda
faltavam uns 50 kms... Uma senhora puxa do telemóvel e começa a procurar
alojamentos... Falo em hostel... Devem ter pensado que eu não tinha dinheiro, pois começaram a dizer-me que davam se fosse preciso... Devia estar mesmo com cara
de "portuga" abandonado!
Agradeço, volto a agradecer, tiro duas fotos ao canal e sigo
para Béziers...
Procuro o Ibis e cá estou...
Há dias que não esquecerei. Acima de tudo valem para mostrar
a todos nós que a esperança na humanidade deve estar no centro da nossa vida.
O mundo não é a perceção de violência e desconfiança que as
TVs transmitem, apesar da invasão da Ucrânia. Os povos podem gerar
solidariedade com imigrantes ou pobres ou, simplesmente, entre todos nós.
A comunidade pode ser isso mesmo. Marx e Engels também lutaram
pelo crescimento da "Liga dos Justos"... Liga dos Justos! Sim,
justiça! Sim solidariedade! Sim paz!
Hoje [4 de outubro de 2021] choveu torrencialmente, mas o
sol brilhou e até se pôs em tons vermelhos!
Quando pessoas que nunca te viram, te acolhem dois dias em sua casa, te levam a passear à linda aldeia medieval de Minerve e às gargantas do rio Cesse |
Direitos de autor AP Photo/Rodrigo Abd |
A criminosa invasão da Ucrânia trouxe consigo o reforço de narrativas dúbias usadas para a manipulação da mensagem ou tão só por inabilidade do emissor da mensagem.
Os ditos valores ocidentais tornaram-se um “chapéu” que serve para discriminar religiosamente ou etnicamente como para defender direitos humanos. Nesse “chapéu” tanto cabe o extremista racista como o bem-intencionado humanista.
Podemos encarar como lugar comum que os valores ocidentais são os da fraternidade, da solidariedade, da defesa dos direitos individuais e coletivos das pessoas – de todas as pessoas – e o respeito pela vontade e independência dos povos! Esse lugar comum é um bom ponto de partida para olhar a invasão da Ucrânia mas também para nos olharmos a nós próprios.
Vejamos dois aspetos diferentes: a política internacional e o individualismo como ideologia.
No lugar comum a partir do qual observamos a Ucrânia podemos partir para refletir o que foi a “intervenção militar Ocidental” nos Balcãs, no Iraque ou na Síria. Que responsabilidades foram imputadas a Durão Barroso e outros que afirmaram ter visto documentação – que afinal não existia – para justificar uma invasão, uma mortandade, uma catástrofe no Iraque? Onde esteve o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e a ONU?
Desse lugar comum podemos olhar a ocupação da Palestina por Israel, o roubo de terras e casas, a opressão e agressão militar continuada, o cerco da Faixa de Gaza…
Desse lugar comum olhamos a indiferença ocidental generalizada perante a morte de milhares de refugiados africanos e árabes no Mediterrâneo, que também fogem das guerras e da fome nos seus países. Olhamos como os escorraçam (…) enquanto multinacionais e governos ocidentais apoiam ditadores locais e rapinam matérias primas e preciosas!
Onde está a civilização ocidental?
Onde está quando se deixa morrer, só e ao frio, um idoso caído na rua? Quando centenas ou milhares de pessoas passaram indiferentes à hipotermia que galgava sobre René Robert, fotógrafo, de 84 anos, morrendo ao fim de nove horas sem receber ajuda.
Olhai-vos amigas e amigos. Olhai-vos quando vos sensibilizais [e bem] com os refugiados brancos mas ignorais os negros. Olhai-vos quando vos sensibilizais com os que sofrem na Ucrânia [e bem] e ficais indiferentes aos que vivem ao vosso lado.
Olhai a sociedade que vivemos, os valores de competição a sobreporem-se aos valores da cooperação, os valores do individualismo [ideologicamente também liberais] a sobreporem-se à solidariedade, “eu que me safe, os outros que se lixem”! Olhemo-nos, quando caímos na tentação de ostracizar o mais fraco e de odiá-lo porque é diferente, porque é gay ou lésbica, porque é pobre ou gordo, porque é negro ou cigano…
Olhai-vos, olhemo-nos, quando a morte galga sobre um idoso caído na rua… E nós indiferentes!
O que é a civilização ocidental?
Vítor Franco
O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...