quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Que tal uma viagem em bicicleta pela América do Sul?

Há oito anos punha a ideia de fazer uma viagem "mochileira" pela América do Sul, a fazer com muita calma, talvez durante seis a oito meses, consoante o dinheiro e a capacidade física. A previsão é parecida com isto: São Paulo, Iguaçu, Florianópolis e Porto Alegre no Brasil, Montevideu no Uruguay, Buenos Aires até Ushuaia na Terra do Fogo extremo sul da Argentina, subir algumas rotas vulcânicas a caminho de Santiago do Chile, fazer Machu Picchu e Cuzco já no Perú, daí até Lima, depois Quito no Equador, se houver “guito” dar um salto às Galápagos, ir para o interior até Puerto Francisco de Orellana já às "portas" da floresta amazónica, até aqui 16.201 km. Depois procurarei reentrar no Brasil descendo o rio Amazonas [com paragem obrigatória em Almeirim e Santarém] e sair em Belém. Daí volta a Portugal.
Ora umas ajudas davam jeito: legalidades a tratar, medidas e cuidados de saúde, informações de transportes, pdfs de revistas e lugares a visitar, informações culturais históricas e patrimoniais, sites, blogues, dicas úteis, pessoas aderentes ao Couchsurfing / “partilha de sofá”, hostels, aplicações de smartphone… O objectivo é reduzir as despesas ao mínimo. 
Dizia eu que a viagem deveria começar com a minha pré-reforma, pois... 
Mas ainda têm tempo para começarem a ser solidári@s eh eh eh.
Mandem tudo para a correspondência do blog. Quem sabe o desafio se faz?!
"Viajantes de todo o mundo uní-vos"!
Vítor Franco


sábado, 30 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #5

Pronntttssss. O meu sexto caminho está feito!
Pelo caminho ficam os caminhos francês, inverno, costa portuguesa, interior português 2x, norte e ainda o lebaniego que é um caminho que termina em Potes.
Neste blogue tens um vasto conjunto de hiperligações, ver colunas à direita, que te podem ajudar a fazer estes percursos.
Vítor Franco

Assim estava, à partida.

Assim se chegou à Praça do Obradoiro, Santiago de Compostela.


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #4.2

A natureza é tão generosa connosco...
Reparem que não há um único eucalipto.
55km mais, falta pouco...
Vítor Franco



Caminho de Inverno a Santiago #4.1

Subida à Serra do Faro e Ermita de N. Sra. de O Faro, uau…
Foram precisas 2h13m para chegar ao alto, 1176m, subindo só 565m e apenas uma distância de 8,57km. Foram precisos dois pequenos almoços, mas valeu a pena. Ou estou fraquinho ou isto custa um bocadinho. E foi só a parte da manhã eh eh eh
Vítor Franco



quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #3.2

As fotos de hoje, trilhos, belas subidas e descidas em muita pedra, rio Minho e as lindas vinhas em socalco...

Vítor Franco


Caminho de Inverno a Santiago #3.1

Hoje poderia falar-vos da estrada romana, das florestas de carvalho e castanheiros, da espetacular descida em adrenalina em "milhões" de calhaus para Belesar no Rio Minho e quando vamos a chegar ao rio olhamos em frente e à nossa frente está uma linda e enorme encosta toda cultivada de vinha em socalco tal como o nosso Douro.

Poderia, pois, mas hoje partilho convosco um vídeo que gravei, substituindo o meu artigo semanal, está publicado no jornal online mais Ribatejo.

E digam lá que eu não estou bonito... 😀😀

Hoje foram 56,8 km de dureza no Caminho de Inverno. Afinal tudo isto são Desafios Positivos D+

Vítor Franco


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #2

 "Gente do nosso pano"* pode intitular-se a nota deste dia.

A gente sem nome que colocou à beira do Caminho um cesto de fruta, sumos, leite, café, água, tudo gratuito, sem ter sequer uma caixinha para moedas. Não quis tirar nada pois tinha comida e podia fazer falta a quem viesse atrás.

A gente, Florbela Afoito e Jorge Salgueiro ,que me deram um planeamento detalhado que está a ser imprescindível para este desafio, também é do nosso pano!

"Gente do nosso pano" é também o título feliz de uma peça de teatro escrita e encenada pelo amigo José Gaspar [tb é do nosso pano] a quem roubo este título. É que não encontrei ideia tão bonita quando vi o cesto das frutas...

Por fim, o dia começou "lindo" quando chego à bici, de manhã, e os pneus estavam vazios. Os bicos da rocha xisto tinha-me furado os dois pneus em vários lugares. Reparado o que foi possível lá fui a outra localidade onde coloquei novas câmaras de ar - com líquido - anti furos. As velhas ficaram de reserva.

O céu vermelho da véspera já tinha anunciado mais um dia de calor e ele veio.

Ao fim do percurso veio uma prenda: uma bela figueira carregadinha a oferecer-me num largo sorriso. Contrariado lá parei, toca de comer figuinhos, alguns tinham bicho mas eu solidário com a figueira comi tudo; da próxima vez as lagartas já não se metem com aquela figueira senão já sabem o que lhes acontece.

Amanhã há mais!

Vítor Franco



terça-feira, 26 de setembro de 2023

Caminho de Inverno a Santiago #1

A primeira etapa pode começar com visita a Ponferrada, cidade onde se cruzam dois caminhos. Vale a pena.

A parte mais espetacular e difícil foi a subida a Villavieja [vídeo] é durinha, mas quando chegamos lá acima…

Esta etapa, de lindas aldeias, lindas montanhas e vales, duas subidas duras, uma descida de 8km a puxar pela "pica", 47,7km de etapa de Ponferrada a Sobradelo que custaram como 100km.

Primeiro dia do #CaminoDeInvierno depois de 17h30 em transportes e uma noite sem dormir.

Depois da primeira noite sem dormir pois cheguei de autocarro ALSA a Ponferrada às 5h30 da manhã, a noite no primeiro albergue soube muito bem. De manhã a surpresa: os dois pneus da bicicleta vazios. Tinha-me esquecido de por líquido anti furo e as pedras aguçadas fizeram estragos… Já sabem…

Vítor Franco 


sábado, 12 de agosto de 2023

Ruas cor de tijolo ou cor de sangue?




Percorro as ruas coloridas pelo tijolo “de burro”. A cidade, chamada de cor-de-rosa, tomada de sol ardente, tem cantos que surpreendem – alguns dos tempos da construção medieval. Aqui e ali surgem placas evocativas de gentes e acontecimentos passados.

A cidade e a região da Occitânia viveram talvez aquele que foi um dos primeiros massacres da história da Europa, o perpetuado pelas cruzadas da igreja católica romana sobre o povo cátaro. Como nem todas as pessoas eram do culto cátaro foi perguntado ao representante do Papa, Arnald-Amaury, como distinguir os hereges dos católicos leais e devotos. A resposta foi brutal: “Matai todos eles sem distinção de idades, sejam homens ou mulheres, Deus reconhecerá os Seus.”

Os tempos correram, dominada a região, conquistados os campos férteis e as passagens estratégicas dos Pirenéus, domesticado o povo da Occitânia e a sua língua…

A barbárie ainda haveria de revisitar a França e Toulouse em particular.

Invasão nazi da França, ocupação, assassinatos em massa, perseguições, governo traidor de Vichy…

Percorro as ruas…

Tomo o caminho do Museu da Resistência e da Deportação pelo magnífico Jardim das Plantas [imagens]. As obras da nova linha do metro obrigam a pequeno desvio.

Um pequeno monumento de colunas surge. Aparentemente insignificante uma pequena placa conta outra barbárie: a deportação de crianças judias para os campos de concentração, onde morreriam.

Percorro os nomes e as idades, uma das crianças só tinha três meses… Era Halpern, ela só tinha três meses; Elizabeth tinha seis meses; Gelenrten tinha dez meses… Várias crianças tinham um ano… Quarenta e oito crianças foram deportadas de Toulouse para os campos da morte…


A barbárie repetiu-se e poderá repetir-se! A barbárie tem sempre raízes no ódio e no racismo, seja contra quem for, e poderá chegar de novo!

A placa à entrada do Museu da Resistência e Deportação diz “A palavra resistir deve sempre ser conjugada no presente“.

Vítor Franco

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Uma noite em Lisboa



 
“A noite ia alta e o cais estava quase deserto. Já ali estava há algum tempo, quando reparei num homem que passeava ao acaso de um lado para o outro. Por fim parou e deixou-se ficar, olhando fixamente o barco, tal como eu… Não tardou que ouvisse passos atrás de mim…”.

A sugestão de leitura, que aqui partilho, foi escolha de debate num grupo literário. Não faço parte desse grupo, mas fui estimulado a vasculhar as entranhas dessa noite. Assim fiz. Fui à Biblioteca Municipal Braamcamp Freire e requisitei o livro de Erich Maria Remarque.

Nessa noite de 1942, em plena segunda guerra mundial, dois emigrantes alemães encenam uma estranha negociação. Um deles, um judeu perseguido pelo nazismo, conta uma história impressionante [impressionante é pouco] de resiliência e de amor. O outro ouve, a sua tarefa é só ouvir, a sua recompensa são dois bilhetes naquele barco que vai seguir para Nova York.

A narrativa do livro é aditiva, se assim se pode dizer. É quase impossível parar de ler, ou seja, parar de ouvir Schwarz – um homem que afinal não era Schwarz e foge do campo de concentração de Le Vernet [França] e decide resgatar a sua mulher em Osnabrück [Alemanha].

A narrativa trouxe-me à memória as visitas perturbantes aos campos de concentração de Dachau [Alemanha] e Mauthaussen [Áustria] aquando do meu percurso pelo rio Danúbio. Em Mauthaussen, tal como no campo onde é presa a mulher de Schwarz, as mulheres tinham também funções de escravas sexuais e uso e abuso do seu corpo por estranhos. O filme “O fotógrafo de Mauthaussen” é elucidativo.

Custa a crer como é possível que o ser humano atinja tão violento e degradante grau de desumanidade. Talvez não custe tanto a crer, basta começar por ver a indiferença geral, neste tempo, perante a morte de tantos milhares de imigrantes afogados no mar Mediterrâneo…

“– É bem possível que a nossa época venha a ser conhecida no futuro pelo Século da Ironia – observou Schwarz.”.

O que acontecerá ao personagem ouvinte de Schwarz e à mulher deste?

Fica a sugestão da leitura deste emocionante livro.

Vítor Franco

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...