Foram precisas 2h13m para chegar ao alto, 1176m, subindo só 565m e apenas uma distância de 8,57km. Foram precisos dois pequenos almoços, mas valeu a pena. Ou estou fraquinho ou isto custa um bocadinho. E foi só a parte da manhã eh eh eh
sexta-feira, 29 de setembro de 2023
Caminho de Inverno a Santiago #4.1
Foram precisas 2h13m para chegar ao alto, 1176m, subindo só 565m e apenas uma distância de 8,57km. Foram precisos dois pequenos almoços, mas valeu a pena. Ou estou fraquinho ou isto custa um bocadinho. E foi só a parte da manhã eh eh eh
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Caminho de Inverno a Santiago #3.2
Caminho de Inverno a Santiago #3.1
Hoje poderia falar-vos da estrada romana, das florestas de carvalho e castanheiros, da espetacular descida em adrenalina em "milhões" de calhaus para Belesar no Rio Minho e quando vamos a chegar ao rio olhamos em frente e à nossa frente está uma linda e enorme encosta toda cultivada de vinha em socalco tal como o nosso Douro.
Poderia, pois, mas hoje partilho convosco um vídeo que
gravei, substituindo o meu artigo semanal, está publicado no jornal online mais
Ribatejo.
E digam lá que eu não estou bonito... 😀😀
Hoje foram 56,8 km de dureza no Caminho de
Inverno. Afinal tudo isto são Desafios
Positivos D+
Vítor Franco
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
Caminho de Inverno a Santiago #2
"Gente do nosso pano"* pode intitular-se a nota deste dia.
A gente sem nome que colocou à beira do Caminho um cesto de
fruta, sumos, leite, café, água, tudo gratuito, sem ter sequer uma caixinha
para moedas. Não quis tirar nada pois tinha comida e podia fazer falta a quem
viesse atrás.
A gente, Florbela
Afoito e Jorge
Salgueiro ,que me deram um planeamento detalhado que está a ser
imprescindível para este desafio, também é do nosso pano!
"Gente do nosso pano" é também o título feliz de
uma peça de teatro escrita e encenada pelo amigo José
Gaspar [tb é do nosso pano] a quem roubo este título. É que não encontrei
ideia tão bonita quando vi o cesto das frutas...
Por fim, o dia começou "lindo" quando chego à
bici, de manhã, e os pneus estavam vazios. Os bicos da rocha xisto tinha-me
furado os dois pneus em vários lugares. Reparado o que foi possível lá fui a
outra localidade onde coloquei novas câmaras de ar - com líquido - anti furos.
As velhas ficaram de reserva.
O céu vermelho da véspera já tinha anunciado mais um dia de
calor e ele veio.
Ao fim do percurso veio uma prenda: uma bela figueira
carregadinha a oferecer-me num largo sorriso. Contrariado lá parei, toca de
comer figuinhos, alguns tinham bicho mas eu solidário com a figueira comi tudo;
da próxima vez as lagartas já não se metem com aquela figueira senão já sabem o
que lhes acontece.
Amanhã há mais!
Vítor Franco
terça-feira, 26 de setembro de 2023
Caminho de Inverno a Santiago #1
A primeira etapa pode começar com visita a Ponferrada, cidade onde se cruzam dois caminhos. Vale a pena.
A parte mais espetacular e difícil foi a subida a Villavieja
[vídeo] é
durinha, mas quando chegamos lá acima…
Esta etapa, de lindas aldeias, lindas montanhas e vales,
duas subidas duras, uma descida de 8km a puxar pela "pica", 47,7km de
etapa de Ponferrada a Sobradelo que custaram como 100km.
Primeiro dia do #CaminoDeInvierno
depois de 17h30 em transportes e uma noite sem dormir.
Depois da primeira noite sem dormir pois cheguei de
autocarro ALSA a Ponferrada
às 5h30 da manhã, a noite no primeiro albergue soube muito bem. De manhã a
surpresa: os dois pneus da bicicleta vazios. Tinha-me esquecido de por líquido anti
furo e as pedras aguçadas fizeram estragos… Já sabem…
sábado, 12 de agosto de 2023
Ruas cor de tijolo ou cor de sangue?
A cidade e a região da Occitânia viveram talvez aquele que foi um dos primeiros massacres da história da Europa, o perpetuado pelas cruzadas da igreja católica romana sobre o povo cátaro. Como nem todas as pessoas eram do culto cátaro foi perguntado ao representante do Papa, Arnald-Amaury, como distinguir os hereges dos católicos leais e devotos. A resposta foi brutal: “Matai todos eles sem distinção de idades, sejam homens ou mulheres, Deus reconhecerá os Seus.”
Os tempos correram, dominada a região, conquistados os campos férteis e as passagens estratégicas dos Pirenéus, domesticado o povo da Occitânia e a sua língua…
A barbárie ainda haveria de revisitar a França e Toulouse em particular.
Invasão nazi da França, ocupação, assassinatos em massa, perseguições, governo traidor de Vichy…
Percorro as ruas…
Tomo o caminho do Museu da Resistência e da Deportação pelo magnífico Jardim das Plantas [imagens]. As obras da nova linha do metro obrigam a pequeno desvio.
Um pequeno monumento de colunas surge. Aparentemente insignificante uma pequena placa conta outra barbárie: a deportação de crianças judias para os campos de concentração, onde morreriam.
Percorro os nomes e as idades, uma das crianças só tinha três meses… Era Halpern, ela só tinha três meses; Elizabeth tinha seis meses; Gelenrten tinha dez meses… Várias crianças tinham um ano… Quarenta e oito crianças foram deportadas de Toulouse para os campos da morte…
quarta-feira, 2 de agosto de 2023
Uma noite em Lisboa
A sugestão de leitura, que aqui partilho, foi escolha de debate num grupo literário. Não faço parte desse grupo, mas fui estimulado a vasculhar as entranhas dessa noite. Assim fiz. Fui à Biblioteca Municipal Braamcamp Freire e requisitei o livro de Erich Maria Remarque.
Nessa noite de 1942, em plena segunda guerra mundial, dois emigrantes alemães encenam uma estranha negociação. Um deles, um judeu perseguido pelo nazismo, conta uma história impressionante [impressionante é pouco] de resiliência e de amor. O outro ouve, a sua tarefa é só ouvir, a sua recompensa são dois bilhetes naquele barco que vai seguir para Nova York.
A narrativa do livro é aditiva, se assim se pode dizer. É quase impossível parar de ler, ou seja, parar de ouvir Schwarz – um homem que afinal não era Schwarz e foge do campo de concentração de Le Vernet [França] e decide resgatar a sua mulher em Osnabrück [Alemanha].
A narrativa trouxe-me à memória as visitas perturbantes aos campos de concentração de Dachau [Alemanha] e Mauthaussen [Áustria] aquando do meu percurso pelo rio Danúbio. Em Mauthaussen, tal como no campo onde é presa a mulher de Schwarz, as mulheres tinham também funções de escravas sexuais e uso e abuso do seu corpo por estranhos. O filme “O fotógrafo de Mauthaussen” é elucidativo.
Custa a crer como é possível que o ser humano atinja tão violento e degradante grau de desumanidade. Talvez não custe tanto a crer, basta começar por ver a indiferença geral, neste tempo, perante a morte de tantos milhares de imigrantes afogados no mar Mediterrâneo…
“– É bem possível que a nossa época venha a ser conhecida no futuro pelo Século da Ironia – observou Schwarz.”.
O que acontecerá ao personagem ouvinte de Schwarz e à mulher deste?
Fica a sugestão da leitura deste emocionante livro.
quarta-feira, 19 de julho de 2023
Aristides de Sousa Mendes
Homem singular, diplomata de carreira, tornou-se uma referência na defesa dos direitos humanos. O episódio mais conhecido foi quando, durante três dias e três noites, concedeu milhares de vistos para as pessoas fugirem da invasão alemã a França. Consta-se que 30 mil pessoas, entre elas 10 mil judeus, tenham conseguido salvar assim a sua vida.
Aristides terá apoiado o golpe de 28 de maio de 1928 que instaurou a ditadura, mas foi posição efémera que as contradições da vida são inexoráveis. Aristides “pagou cara a fatura” do seu gesto humanitário, foi expulso da carreira diplomática e terá falecido na pobreza. Salazar foi impiedoso com Aristides.
As desobediências de Aristides à ditadura fascista já vinham de antes de 1940, mas foi neste ano que a sua atitude se reforçou. Em março concede visto ao “refugiado político espanhol, o comunista Eduardo Neira Laporte, médico que exercera o cargo de professor na Universidade de Barcelona e que, à época era o dirigente da comunidade basca espanhola em Rivière”. Em maio já passa passaportes portugueses falsos e em junho, ante o avanço das tropas alemãs, concede vistos indistintamente.
Para perpetuar e informar sobre este ato de coragem e humanismo foi criado o Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes que, enquanto Cônsul de Portugal em Bordéus, desobedeceu ao regime e salvou muitos milhares de vidas.
Os reconhecimentos dos seus atos são inúmeros. Destaco que em 1966, o Centro para a Memória do Holocausto, em Jerusalém, lhe atribuiu o título de “o Justo entre as Nações”; o Estado Português, através da Assembleia da República, concedeu-lhe honras de Panteão Nacional em julho de 2020.
A Casa do Passal, casa da família em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, teve aprovada a candidatura para a sua requalificação e musealização; os seus trabalhos aproximam-se da conclusão.
Vale a pena refletir sobre estes atos de desobediência. São atos de coragem, dignidade e humanismo. Valem pela lição que nos transmitem, valem pelos valores e valem pela consciência de que viver subjugado ao medo “não é vida”!
quinta-feira, 29 de junho de 2023
Alexandre Magno, o Grande...
Nicolas Andre Monsiau - Alexander and Diogenes 1818. |
Consta-se que Alexandre Magno, o Grande, um dia foi visitar o filósofo Diógenes, o Cínico, que vivia no seu barril. Chegado ao barril, o poderoso Alexandre perguntou a Diógenes se havia alguma coisa que pudesse fazer por ele. Ao que este respondeu: “Sim, vá um pouco para o lado, está-me a tapar o sol”. A resposta é verdadeiramente surpreendente, até porque Diógenes era despojado de posses e estava respondendo a um imperador de vitórias contínuas em suas batalhas.
Este episódio, profusamente relatado e conhecido, veio-me à
memória quando vi as notícias sobre a inauguração do monumento às vítimas da tragédia
de 2017 em Pedrogão Grande que matou mais de sessenta pessoas e deixou
prejuízos avassaladores na natureza e na vida das comunidades.
Em 2017 António Costa decretou três dias de luto nacional,
visitou a região, e disse no debate do Estado da Nação na Assembleia da
República, conforme cito do jornal
Económico:
Em resposta à tragédia, Costa diz que as “tarefas imediatas” consistem
em “reconstruir o que foi destruído” e também “esclarecer cabalmente o que
aconteceu e apurar responsabilidades.” …
Além das “tarefas imediatas”, Costa referiu-se ao “desafio estrutural” de
“revitalizar o interior e reordenar a floresta” de Portugal. Em relação a esse
desafio apelou ao “esforço conjunto para consensualizar esta reforma
estrutural.” E advertiu: “Não podemos continuar a lamentar que o grande
problema é o abandono das florestas e não aprovar os instrumentos de mobilização
das terras ao abandono.”
Depois das várias “tragédias
continuamos a ser o país do mundo com maior área de eucaliptal e o país que
mais arde no Mediterrâneo” conforme explicou João Camargo, investigador em
alterações climáticas, no jornal
Expresso. Os desastres sucedem-se, mais de cem pessoas morreram
carbonizadas…
Revitalizou-se o interior? Continua a perder população! Reordenou-se
a floresta? A área de eucalipto cresce! Bolsa Nacional de Terras? A última
notícia é de abril de 2018 e regista umas insignificantes 774 parcelas!
Há um ano escrevi sobre o tema aqui
no jornal Mais Ribatejo, recomendo vivamente a leitura. De então para cá
parece que o facto mais revelante que aconteceu foi a inauguração do monumento
aos mortos na tragédia; mas nem a inauguração escapou à incompetência e autofagia
dos “casos e casinhos” governativos.
As populações do interior já estão quase como Diógenes a
pedir esmola a uma estátua. À indagação da sua conduta ele respondeu "por dois motivos: primeiro é que ela é cega
e não me vê, e segundo é que eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem
depender de alguém."
No artigo
citado relatei 9 factos que comprovam a incompetência no tão proclamado
apoio ao interior do país. Nele descrevi também como é possível e é
preciso “plantar água”. O biólogo Ricardo Leitão prova como se faz com sucesso.
[Leia aqui o exemplo dos Sistemas Agroflorestais de Sucessão]. Em
consequência: há conhecimento científico, há comprovadamente soluções para sair
do fosso em que este modelo destruidor da natureza e do interior do país nos está
a colocar.
O conhecimento, a cidadania, os movimentos ambientalistas já
nos “mostraram o sol”. Porque é que se continua a fracassar?! Vale a pena
pensar e perguntar…
Dos bombeiros às populações e aos movimentos cívicos, a
minha solidariedade e esperança para todas as pessoas que não desistem!
quarta-feira, 17 de maio de 2023
Que perguntas lhe surgem?
Começando. O fim de semana passado dediquei-o à Trienal de Arquitetura de Lisboa. É um fim de semana aberto a todas as pessoas, cheio de possibilidades de visita, desde monumentos a obras públicas e particulares normalmente não acessíveis, estimulando a comunidade a perceber os olhares e escolhas dos arquitetos. Uma feliz ideia!
Convido-vos a seguirem a página e não perderem as iniciativas do próximo ano.
As minhas escolhas recaíram nas obras de prolongamento do Metro de Lisboa, em particular em Alcântara, em casas particulares e no Observatório Astronómico de Lisboa.
Termino. Deixo agora a palavra a uma senhora que está “na boca do mundo”, a IA.
“O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) é uma instituição científica localizada em Lisboa, Portugal. Fundado em 1861, tem uma longa história de contribuições para a astronomia e a investigação científica em Portugal.
O objetivo principal do Observatório Astronómico de Lisboa é promover a investigação astronómica e geofísica, bem como a disseminação do conhecimento científico no campo da astronomia. Ao longo dos anos, o OAL tem desempenhado um papel importante na investigação e observação astronómica em Portugal, bem como na formação de astrónomos e cientistas.
Uma das características mais emblemáticas do Observatório é o seu edifício principal, localizado no topo do Parque Florestal de Monsanto, proporcionando uma vista desimpedida do céu. O edifício abriga uma variedade de telescópios, instrumentos e equipamentos de observação astronómica. Além disso, o Observatório possui também um planetário e um centro de divulgação científica, onde são realizadas atividades educativas e eventos para o público em geral.
O Observatório Astronómico de Lisboa está envolvido em várias áreas de investigação, como astrofísica, cosmologia, dinâmica estelar, sistemas planetários e estudos sobre o Sol. Os seus investigadores e cientistas colaboram em projetos de investigação nacionais e internacionais, contribuindo para o avanço do conhecimento científico no campo da astronomia…”
Retiro a palavra à minha convidada, a IA.
A IA é a inteligência artificial, no caso o ChatGPT, que me escreveu o texto [em itálico], em segundos. Segundos que podem substituir horas de pensamento, investigação, escrita e correção de texto. Isto é bom?
A resposta é difícil, à partida parece que sim, mas… Se mais pessoas quisessem escrever sobre o OAL os textos seriam iguais ou quase… Se uma turma de alunos for mandada fazer um texto sobre um tema o ChatGPT pode “resolver” em segundos o que deveria ser a investigação dos alunos, a procura, a reflexão, a escolha das abordagens, o trabalho de equipa (…) o desenvolvimento do espírito crítico do aluno…
É verdade que a inteligência artificial já entrou nas nossas vidas em muitos aspetos. Entendo que as novas tecnologias devem estar ao serviço do ser humano, mas dá que pensar quando um desenho criado por IA ganha um concurso de arte. Como ficará a arte, a engenharia, a arquitetura, a imaginação, o empoderamento humano com a inteligência artificial? Há tantas perguntas por fazer…
Vale a pena refletir sobre isto tudo, eu não tenho conclusões, só algumas poucas perguntas. Que perguntas lhe surgem?
Consta que Albert Einstein dizia "Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas."
Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!
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