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terça-feira, 10 de novembro de 2020

A revoltante falta de respeito na política do património em Santarém



Podem discordar das minhas opiniões, considerar diferenciações opostas, mas considerai que nunca uso impostura, desrespeito ou fingimento esquecido!

A diferença de opinião é saudável e motivadora em democracia - também o respeito pela cidadania e pela própria democracia o deve ser! Respeitar não é coisa de somenos – muito menos quando se trata da meritória intervenção cidadã pela melhoria da nossa terra.

Exemplo concreto: em 2015, centenas de cidadãos assinam uma petição à Assembleia Municipal “QUEREMOS DE VOLTA O CORETO ROMÂNTICO”. Uma comissão de deputados municipais presidida por um eleito do PSD propõe à Assembleia Municipal de Santarém uma recomendação que é aprovada, em 24-09-2015, por UNANIMIDADE – portanto, PSD incluído -, onde na ata [clique aqui] se diz:

C) A Comissão recomenda ao Município de Santarém a realização de um estudo interno por forma a proceder a melhorias no Coreto, em especial relativamente à sua base em cimento de cor cinzenta, a qual foi considerada unanimemente, ser o elemento que mais agride visualmente a sensibilidade estética no conjunto, não esquecendo o enquadramento com o restante Jardim, por forma a melhorar o seu aspeto visual, tornando o espaço mais aprazível aos seus utilizadores;

Isto foi em SETEMBRO de 2015. UM ANO DEPOIS, EM 2016, perguntei, na Assembleia Municipal, ao Sr. Presidente da Câmara Ricardo Gonçalves o que a Câmara fizera para dar seguimento ao aprovado por UNANIMIDADE – PSD incluído. Ata:

“O senhor Presidente da Câmara esclareceu que uma intervenção neste espaço necessita da autorização do autor do projeto, recordando que o Jardim da República foi premiado como melhor jardim de dois mil e dez. Sublinhou que só com a anuência do autor do projeto a recomendação poderá ser cumprida”.

Ou seja, o senhor Presidente da Câmara e o seu executivo que esteve UM ANO SEM FAZER NADA responde um ano depois que tem de perguntar ao autor do projeto! Tem dúvidas? Clique aqui e leia a ata da AMS de 30-09-2016.

Como o Bloco de Esquerda tem respeito pela cidadania, respeito pela democracia, respeito pelo nosso património, respeito pela nossa terra, há que não calar!

Assim, em AGOSTO de 2020, cinco anos depois da aprovação na Assembleia Municipal, voltei a questionar o senhor Presidente da Câmara Ricardo Gonçalves. A resposta chegou-me ontem e é absolutamente inacreditável!

Para que toda a população possa verificar a total veracidade da resposta recebida faço colagem das imagens da carta oficial assinada pelo Presidente da Câmara:



Poderia trazer-vos n interrogações: o respeito pela Assembleia Municipal – órgão máximo de Santarém, o respeito do PSD por aquilo que ele próprio votou a favor, o respeito pelas centenas de pessoas que se preocuparam com o património da sua/nossa terra, o respeito por um compromisso sério de trabalho… Num PSD que se junta a propagadores do ódio e do racismo, como nos Açores, que há a esperar? Que cada pessoa tire as suas conclusões!

Vamos continuar a deixar o coreto apodrecer?

Já agora, fique-se a saber que há oposição em Santarém! O BE não é uma nêspera [clique e saiba porquê], é uma oposição que age, que tem uma oposição positiva, que faz propostas e defende a sua terra, a identidade, a cultura e a democracia!

O leitor ou leitora quer ajudar-nos a defender a nossa terra? Partilhe o artigo.

Vítor Franco


terça-feira, 20 de outubro de 2020

Da estória do jovem cambaleante às estórias de Santarém

Galyna Andrushko | Dreamstime.com 


Tem estórias que fazem uma história, uma narrativa, uma lição de vida!

Corria o mês de julho daquele “longínquo” tempo do ano de dois mil e dezassete. O dia corria bem, com brisa agradável, convidativo às sensações e à introspeção; a pedalada era pausada como que trocando diálogos com a bicicleta ou acariciando forças sobre o pedal…

Era daqueles momentos, como aqui escrevi em agosto, quando me bate uma certa saudade…

“É bom sentir o frio no rosto, ouvir a fala do vento nas serras, pisar a neve na montanha, ouvir os pássaros, parar para apreciar as mariposas, as raposas de olhos de luz, as cobras procurando refúgio, as cabras querendo-te segredar amores, sentir os aromas da natureza que tudo nos dá e nada pede...”

Pedalava tranquilamente, no meu sentir, trazendo à memória a sentida história do velho carteiro. Já perto de A Calzada, a cerca de 36 km de Santiago de Compostela, encontro um jovem que caminhava cambaleando, completamente exausto e desfigurado, possivelmente desidratado, em “farrapos”. Parei a bike falei com ele, quis dar-lhe água e barritas, pedi-lhe para parar e dormir – nada aceitou –, só queria andar. Insisti e voltei a insistir, sem resultado…

A situação provocou-me um forte constrangimento. Na arena romana da minha consciência digladiavam-se as vontades de chamar um apoio médico preventivo ou de respeitar a vontade desse jovem. Todas as minhas insistências de ajuda tinham sido negadas, acabei por ceder ao seu desígnio dogmático de fé!

Segui, mas na arena continuaram os combates entre a razão e a fé alheia; o caminho frondoso amainou as iras contraditórias, espigueiros anunciaram o sustento, linguarejares em cafés testemunharam o galaico-português, sons familiares que percorreram gerações passaram os séculos escuros e nos chegaram vivos.

Nestes dias, três anos depois, pedalando um pouco por campos com as Caneiras à vista, partilho diálogos convosco como com os peregrinos a Santiago; pessoas que escutam experiências, partilham ideias, fazem perguntas, constroem o seu Caminho.

Construir o futuro da nossa terra deveria ser como construir o Caminho a Santiago: escutar experiências, partilhar ideias, fazer perguntas, construirmos o nosso Caminho. Mas não é – não deixam que seja!

Santarém ainda atravessa os séculos escuros do dogmatismo unilateral, cultural e “provinciano”, quase pós-feudal. A aparência domina sobre a essência, o controlo partidário domina sobre cidadania, a imposição domina sobre o ouvir e o chefe estende e remunera tentáculos para controlar empresas municipais.

Aos “ciclistas solidários” cabe o incentivo à cidadania e à razão, não cabe a indulgência plenária dos pecados de um político cambaleante! Santarém tem estórias que fazem uma história, uma narrativa, uma lição de vida comunitária!

Vítor Franco

domingo, 15 de setembro de 2019

A independência de Portugal também se deve aos catalães


Quando em 1 de Dezembro de 1640, o secretário de Estado Miguel de Vasconcelos foi lançado pela janela do Paço Real de Lisboa e a vice-rainha de Portugal foi “guardada em recato” deu-se a declaração da restauração da independência do nosso país.

Mas esse ano regista também a morte de um segador [em português: ceifeiro] na Catalunha, daí a morte do líder do principado e posterior guerra Espanha – França. Em 26 de janeiro de 1941 a República Catalã declara-se independente; mais tarde fica sob protetorado da França. A guerra dura 30 anos. Após ter recuperado a Catalunha, Castela, já exausta, lança-se a Portugal. Após escaramuças, batalhas, golpes (…) a paz só acaba sendo assinada em 1668. Olivença continuará ocupada por Espanha. Portugal tinha ganho tempo para agrupar forças e beneficiado da revolta catalã.

A tentativa dos catalães se libertarem da opressão castelhana coincidiu com a portuguesa – por certo propositadamente. A diferença é que a rica Catalunha era prioritária e só em 1652 a França abdicou das suas “pretensões” tendo mesmo assim ficado com a chamada Catalunha do Norte.

Em 1873 um Estado Catalão é proclamado e integrado na Primeira República Espanhola. Em 1931 a República Catalã proclama-se como parte autónoma na Segunda República Espanhola.

Em janeiro de 1939 a República Catalã sucumbiria ao ataque das forças fascistas de Franco apoiadas por Hitler e Mussolini. Pouco tempo depois cairia Madrid. 500.000 mortos depois. Começaria a longa noite das trevas nos países do estado vizinho…

Estas notas, híper-resumidas são suficientemente elucidativas para se perceber que a história ibérica não é só uma “birra” entre os valentes lusitanos e aqueles de onde “não vem nem bom vento nem bom casamento”.

Há uns anos visitei o excelente Museu da História da Catalunha (http://www.mhcat.cat/), num périplo que fiz pelo país. Tal como no País Basco há uma cultura própria bastante distinta e isso é patente nesse museu.

A Catalunha é um território definido, tem uma língua própria, uma história e uma identidade próprias. Até o domínio na net não acaba em .es mas em .cat.

O que se coloca agora em questão é: porque é que o Estado Espanhol não autoriza um referendo à independência da Catalunha? Que receio têm as forças espanholistas do voto democrático e livre se até dizem ser a maioria? Porque é que no século XXI se recorre à prisão política de pessoas só porque tentaram organizar um referendo não tendo praticado qualquer ato violento?

Na minha opinião, o “espanholismo” enquanto corrente ideológica que quer ser autoritária sobre os restantes povos da Península Ibérica não perdoa a quem deseja o elementar direito a decidir. O “espanholismo” ainda hoje é expressão organizada de uma força económica, “feudal” e burguesa ao mesmo tempo, dominadora das riquezas de outros povos de que a Catalunha é exemplo.

Na Catalunha, a disputa pelo direito a decidir ter ou não a sua Nação junta sectores sociais e económicos muito vastos – e isso só é possível quando as raízes são muito fundas.

Afinal, no século XXI, a democracia ainda é tão difícil! A democracia ainda mete tanto medo que se prendem democratas!

Deixo-vos com a música e a letra do hino da Catalunha, Els Segadors, e com o apelo de Pep Guardiola:

“Apelamos à comunidade internacional para que se posicione claramente a favor da resolução deste conflito na base do diálogo e o respeito. Só há um caminho: sentarem-se a falar”.

https://www.youtube.com/watch?v=kBlj25XgFgA

Vítor Franco

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...