terça-feira, 9 de junho de 2020

Guia de visita para um dia em Santarém

O centro histórico de Santarém é testemunho de uma história rica e plural. 
Foi terra de árabes e judeus, colocados extramuros após a conquista de D. Afonso Henriques; Santarém continuou sendo plural nas suas vivências com senhores feudais e campónios, agrários, “gaibéus” e “ratinhos”, burgueses e proletários. A diversidade espelha-se por exemplo nas coletividades centenárias como Sociedade Recreativa Operária ou os Caixeiros
Neste convite para uma visita de um dia deixo-vos sugestões adequadas ao espaço / tempo disponível. As sugestões não passam pela imagem do campino/touro pois entendo-a como construção identitária deslocada da pluralidade cultural histórica e patrimonial.


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#10 Milhões de Razões para ficar em Portugal

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Entrevista ao jornalista Alexandre Cavalcante, Porto Alegre, Brasil

O momento tenso que o Brasil vive levou a conversa para alguns temas como o forte impacto da Covid-19 nos lugares mais pobres. As comunidades indígenas temem a sua extinção. Mais 200 pessoas, dos poucos serviços públicos de saúde, já faleceram pela epidemia. Nas favelas a população está a organizar-se para substituir os frágeis ou inexistentes serviços públicos.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Crónica de um peregrino ateu

foto a partir do mirador do pico de Stª Catalina
La Fuente é uma aldeia “perdida” nos Picos da Europa. É daquelas aldeias amorosas que te convocam para a ternura de um tempo sem tempo de partida. Fiquei em dívida com La Fuente. A aldeia foi meu repouso num dia frio de junho de 2019. Irei voltar a La Fuente, talvez já não seja de bicicleta...
Em San Vicente de La Barquera deixei o Caminho do Norte a Santiago, que tinha começado em Hendaye na fronteira da França com o País Basco.
Tomei fala com os técnicos do Parque Natural, aconselharam fugir da montanha, os trilhos do Caminho Lebaniego estavam perigosos, a chuva caía com frequência, optar por estrada de alcatrão, seguir pelo desfiladeiro era a opção segura.
Rio Deva
Ainda em San Vicente, no mosteiro franciscano de Nuestra Senhora de los Angeles, colhi a credencial liébana e um diálogo sereno com um frade de voz pausada e agradável. Partilhou um pouco da sua vivência, do seu rumo, e do sagrado culto à cruz no Mosteiro de Santo Toribio de Liébana… Perguntou-me por Fátima… Não é fácil a um ateu em peregrinação a Stº Toribio, um dos quatros lugares sagrados da igreja católica, explicar-se como ateu. Contei-lhe que nasci ao lado de Fátima, em Reguengo do Fetal… Acolheu com serenidade a minha consciência não religiosa [não cheguei a contar da minha opção marxista] e entre diálogos e rumos filosóficos a conversa tomou o rumo do rumo a seguir de bicicleta…
De manhã bem cedo, tinha partido da linda Santillana del Mar, onde tinha pernoitado num dos albergues do Caminho do Norte a Santiago de Compostela. Ao fim da tarde cheguei à aldeia de La Fuente.

O albergue de peregrinos estava despovoado de gente. Todas as portas estavam abertas; são assim os lugares confiantes, os que serenamente recebem sem trancas nem desconfianças.
O silêncio entrecortado pelo vento, o canto das aves, o palrar das folhas e o cantar das águas de um pequeno rio [que por aqui lhe dão nome de arroyo], construíam tranquilidade. O nevoeiro cedo tomou conta do vale.
O guarda do albergue era um jovem, talvez por uns 30 anos, tinha vindo de longe, de muito longe, para ali chegar. Meti conversa, o seu castelhano era fluente e o conhecimento dos Picos profundo. Pedi-lhe conselhos para o caminho vindouro.
Ele arrastava as palavras como se cada sílaba lhe fizesse muita falta para preencher cada minuto. Muito calmamente, o jovem búlgaro erradicado na aldeia de La Fuente explicou-me o caminho para subir ao mirador de Stª Catalina e como chegar mais facilmente a Potes. A explicação minuciosa incorporava tanta informação que à medida que avançava crescia o meu receio de me perder na montanha. Pedi-lhe para esperar e fui buscar o meu caderninho. Olhou-me calma e compreensivamente recomeçou, repetindo pausadamente cada passo.
O jovem convidou-me para jantar, mas o almoço de uma terrina de fabada asturiana ainda se mantinha, agradeci com simpatia. Andava como falava, como que caminhando naquele nevoeiro que frequentemente me acompanhava. A sua figura aparecia e desaparecia no albergue como no nevoeiro ou nas nuvens daquelas serras altas: silenciosa e rapidamente. Também ele tinha o seu rumo: guardador de sonhos da mãe natureza.
Manhã cedo retomei o meu rumo, Potes e Stº Toribio.
Potes é uma linda vila. Dali ao mosteiro é uma “pequena” subida. O joelho esquerdo, já inchado, queixava-se em cada pedalada. Lá cheguei. Encostei a bicicleta e caminhei um pouco. Na igreja fui recebido por um padre que me mostrou a cruz que se consideram sagrada por ter parte da madeira da cruz onde morreu Cristo. Carimbei a credencial e comprei o diploma…
Stª Toribio
Nessa noite dormi no albergue de Potes, paguei 5, cinco, euros. Escolhi uma cama mais junto ao rio Deva. O calmante som das águas fizeram-me recordar as conversas do dia com o frade e o jovem búlgaro. Tinha sido um belo dia de 8 de junho. No dia seguinte seria a subida aos Picos, nova etapa, rumo à natureza.
Vítor Franco
Crónica publica no Jornal online Mais Ribatejo, https://maisribatejo.pt/ 
Informações úteis em:

sábado, 2 de maio de 2020

O campo de concentração de Mauthausen, à beira do Danúbio

Vídeo feito aquando da cicloviagem pelo Danúbio, em junho 2019.
Recomendo o excelente filme "El fotógrafo de Mauthausen, um filme que retrata a vida de um corajoso prisioneiro que reúne fotografias sobre as atrocidades dos nazis. 
É baseado em factos reais e pode ser visto na netflix.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

De indesejado a fértil

Munique, Alemanha
O dia anterior tinha sido duro, a partida de Linz tinha sido tardia, rumava “rio abaixo” com esperança de chegar cedo a Melk.
A hora de almoço chegou e com ela a pequena cidade de Grein. O sol torrava o corpo já tomado pelo sal do suor, “destempero” de estômago que já reclamava da parca refeição matinal tomada no parque de campismo de Linz, já quase nada restava no pacote de pão sem glúten.
Procuro a praça… Encontro-a, lugar simples, mas interessante, vejo o posto de turismo e dirijo a bicicleta para lá, peço informações; desejava visitar o teatro Rathhaus, um dos primeiros teatros da Europa e subir ao bonito Castelo de Greinburg.
No posto de turismo foi uma “entremeadinha linguística”, entre inglês, tradutor do telemóvel e 12 palavras de alemão obtenho as informações, folhetos e sugestões para almoço.
Um bonito café restaurante com esplanada coberta de palha, rodeada de sebe e vasos de flores e com cadeiras de madeira castanha, foi o local escolhido. Encosto a bicicleta ao suporte de madeira da sebe, tiro o capacete e as luvas e sento-me numa mesa livre. Veio o empregado, saúdo-o, Guten tag; fala-me em modo frio [será que me enganei na saudação?!], pergunta-me o que quero comer, peço a lista – escolho pela foto, não há tradutor que aguente a língua alemã -, em inglês pergunta-me se a bicicleta é minha, digo que sim, ralha, não sei o que diz, entendo que era pela bike estar encostada à sebe, faço que não percebo, ralha, olho para ele, tinha cara de zangado… Pois, um ciclista que chega suado a um lugar fino não é bem visto nem numa esplanada ao ar livre! Pego no capacete e saio, lá por ser ciclista português com equipamento sportinguista ainda tinha dinheiro para pagar…
Pego na bicicleta, renovo o olhar pela praça… Nem mais, mesmo em frente um pequeno restaurante com esplanada de chapéus de sol. É já. Encosto a bicicleta na sombra protetora da igreja, uma cadeira de plástico da pequena esplanada adota-me, peço a lista, vejo as fotos e escolho.
Entretanto, já mais duas bicicletas se tinham encostado à sebe; lá ficaram!
A simpática empregada traz-me um bife gigante, num prato gigante com batatas fritas e um pão gigante que eu não poderia comer. Apetece mesmo uma caneca de cerveja gigante, fresquinha, daquelas que eles bebem, não pode ser, peço água. Recomposto, peço um café gigante, vou ao guia de conversação, Die Rechunung, bite, pago uma conta pequena. Dou uma “boa” gorjeta à empregada. Pergunta-me de onde sou e ficamos um pouco à conversa, quer dizer, arranhamos conversa. 

A minha curiosidade detém-se num alto pau 
Grein, Áustria
decorado com coroas de flores, encimado por uma bandeira. Já os via desde Munique, pergunto o significado. A menina explica que é uma tradição anual, alguém [não percebi quem] trata de colocar o pau no início da primavera. Segundo entendi, o objetivo é saudar a renovação da vida, desejar boas colheitas, celebrar a fertilidade…
A conversa alargou-se à mesa ao lado. Conhecer novas culturas e povos, dialogar sem meta à vista, são coisas que gosto numa cicloviagem a sós. De indesejado ao diálogo fértil! Despeço-me e agradeço, Danke.
Esta pequena história, na minha viagem em bicicleta pelo Danúbio, em junho de 2019, é também uma nota de esperança para o indesejado tempo em que vivemos. No fim de cada outono, de cada inverno, há sempre uma primavera de esperança, há sempre flores numa praça, há sempre fertilidade!
Peguei na bicicleta, as visitas ao castelo e ao teatro tinham sido vencidas pela conversa, ainda faltavam 50 km para Melk…
Vítor Franco

sábado, 4 de abril de 2020

Danúbio em "bici": dados culturais, gpx, trilhos, informações úteis

A rota do rio Danúbio, que acompanha a rota Eurovelo 6, é espetacular. Quem precisar de informações úteis posso ajudar, pois, coligi muita informação antes de a fazer em junho passado. Dados culturais e monumentais, gpx, trilhos, outras informações úteis...
Quem pretender, mande e-mail para vfranco84viagem@gmail.com
Toda a documentação é de acesso livre na net, mas muito difíceis de juntar.




sexta-feira, 27 de março de 2020

"Lira libertária" a canção dos cicloviajantes


Hoy no es la esperanza
La que me dibuja esta sonrisa
Es la idea de mi mismx
rodando por las cornizas

Como quien rompe su cancha
La lógica de su suelo
Para ser como la ficha
que no responde al tablero

Voy a salir a pedalear y es facil
a veces ver amigos, los compas, los pankis
Inesperadamente por cualquier lugaaar
También pedalean, despreciando autos
Quizá si tengo suerte alguien se saque algo
Pa sentir que me da alas el tanto rodaaar

Cooon dos ruedas no más
Cooon dos ruedas no más
Cooon dos ruedas no más
Cooon dos ruedas no más


Voy a salir a pedalear y es fácil
a veces ver amigas, las compas, las pankis
Inesperadamente por cualquier lugaaar
También pedalean, despreciando autos
Quizá si tengo suerte alguien se saque algo
Pa sentir que me da alas el tanto rodaaar
Con dos ruedas no más
¿Cuánto falta?¿Cuánto queda?
¿Para la última vuelta de la rueda?

Hoy no es la esperanza
La que me dibuja esta sonrisa
Es la idea de mi mismx
rodando por las cornizas
Como quien rompe su cancha
La lógica de su suelo
Para ser como la ficha
que no responde al tablero

¿Cuanto falta? ¿Cuanto queda?
¿Para la última vuelta de la rueda?
¿Cuanto falta? ¿Cuanto queda?
¿Para la última vuelta de la rueda?

terça-feira, 17 de março de 2020

Cartoon sobre fogos na Amazónia vence concurso mundial


"Doaa el-Adl (n. 1979) é a grande vencedora do Women Cartoonists International Award, uma iniciativa da United Sketches, organização internacional para cartoonistas independentes com sede na Normandia, em França, cujo objectivo é fomentar a liberdade de expressão e ajudar cartoonistas exilados. A egípcia ganhou o grande prémio com uma obra sobre os fogos na Amazónia".

Citação do jornal Publico.pt  

sábado, 22 de fevereiro de 2020

😢😢😢

Há 15 dias sofri uma queda da bicicleta cuja consequência foi a perda do rim esquerdo.
A queda foi a mais simples possível, naqueles lugares que mandamos as crianças andarem porque é seguro, a 10km… Não sofri aparentemente nada. Até que dois dias depois o médico de família me manda de urgência para o hospital… Já tinha hemorragias.
A minha primeira ilação é: nunca desvalorizar o meio físico onde te inseres; a segunda é: pode haver sempre uma lesão não visível.
O aspeto mais violento que me recordo foi o de bater com a cabeça no chão, o bom capacete ter-me-á poupado outra lesão.
Fiquei algum tempo deitado no chão tentando perceber o que tinha; apareceu uma viatura que me ofereceu ajuda e ida ao hospital, agradeci e recusei, montei a bicicleta e fiz os 22 kms de regresso a casa. Mais um erro: devia ter aceite ajuda e a chamada da ambulância.
Nos dias seguintes os problemas agravaram-se e a retirada do rim foi inevitável.
Encontro-me a recuperar bem. As cicloviagens estão congeladas!
Tinha-me inscrito para fazer a maratona de Edimburgo a 24 de Maio, já adiada, depois fazia a Escócia em bicicleta... Vamos lá ver se dá em Setembro.
Boas viagens a tod@s!

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...