quinta-feira, 16 de abril de 2020

De indesejado a fértil

Munique, Alemanha
O dia anterior tinha sido duro, a partida de Linz tinha sido tardia, rumava “rio abaixo” com esperança de chegar cedo a Melk.
A hora de almoço chegou e com ela a pequena cidade de Grein. O sol torrava o corpo já tomado pelo sal do suor, “destempero” de estômago que já reclamava da parca refeição matinal tomada no parque de campismo de Linz, já quase nada restava no pacote de pão sem glúten.
Procuro a praça… Encontro-a, lugar simples, mas interessante, vejo o posto de turismo e dirijo a bicicleta para lá, peço informações; desejava visitar o teatro Rathhaus, um dos primeiros teatros da Europa e subir ao bonito Castelo de Greinburg.
No posto de turismo foi uma “entremeadinha linguística”, entre inglês, tradutor do telemóvel e 12 palavras de alemão obtenho as informações, folhetos e sugestões para almoço.
Um bonito café restaurante com esplanada coberta de palha, rodeada de sebe e vasos de flores e com cadeiras de madeira castanha, foi o local escolhido. Encosto a bicicleta ao suporte de madeira da sebe, tiro o capacete e as luvas e sento-me numa mesa livre. Veio o empregado, saúdo-o, Guten tag; fala-me em modo frio [será que me enganei na saudação?!], pergunta-me o que quero comer, peço a lista – escolho pela foto, não há tradutor que aguente a língua alemã -, em inglês pergunta-me se a bicicleta é minha, digo que sim, ralha, não sei o que diz, entendo que era pela bike estar encostada à sebe, faço que não percebo, ralha, olho para ele, tinha cara de zangado… Pois, um ciclista que chega suado a um lugar fino não é bem visto nem numa esplanada ao ar livre! Pego no capacete e saio, lá por ser ciclista português com equipamento sportinguista ainda tinha dinheiro para pagar…
Pego na bicicleta, renovo o olhar pela praça… Nem mais, mesmo em frente um pequeno restaurante com esplanada de chapéus de sol. É já. Encosto a bicicleta na sombra protetora da igreja, uma cadeira de plástico da pequena esplanada adota-me, peço a lista, vejo as fotos e escolho.
Entretanto, já mais duas bicicletas se tinham encostado à sebe; lá ficaram!
A simpática empregada traz-me um bife gigante, num prato gigante com batatas fritas e um pão gigante que eu não poderia comer. Apetece mesmo uma caneca de cerveja gigante, fresquinha, daquelas que eles bebem, não pode ser, peço água. Recomposto, peço um café gigante, vou ao guia de conversação, Die Rechunung, bite, pago uma conta pequena. Dou uma “boa” gorjeta à empregada. Pergunta-me de onde sou e ficamos um pouco à conversa, quer dizer, arranhamos conversa. 

A minha curiosidade detém-se num alto pau 
Grein, Áustria
decorado com coroas de flores, encimado por uma bandeira. Já os via desde Munique, pergunto o significado. A menina explica que é uma tradição anual, alguém [não percebi quem] trata de colocar o pau no início da primavera. Segundo entendi, o objetivo é saudar a renovação da vida, desejar boas colheitas, celebrar a fertilidade…
A conversa alargou-se à mesa ao lado. Conhecer novas culturas e povos, dialogar sem meta à vista, são coisas que gosto numa cicloviagem a sós. De indesejado ao diálogo fértil! Despeço-me e agradeço, Danke.
Esta pequena história, na minha viagem em bicicleta pelo Danúbio, em junho de 2019, é também uma nota de esperança para o indesejado tempo em que vivemos. No fim de cada outono, de cada inverno, há sempre uma primavera de esperança, há sempre flores numa praça, há sempre fertilidade!
Peguei na bicicleta, as visitas ao castelo e ao teatro tinham sido vencidas pela conversa, ainda faltavam 50 km para Melk…
Vítor Franco

sábado, 4 de abril de 2020

Danúbio em "bici": dados culturais, gpx, trilhos, informações úteis

A rota do rio Danúbio, que acompanha a rota Eurovelo 6, é espetacular. Quem precisar de informações úteis posso ajudar, pois, coligi muita informação antes de a fazer em junho passado. Dados culturais e monumentais, gpx, trilhos, outras informações úteis...
Quem pretender, mande e-mail para vfranco84viagem@gmail.com
Toda a documentação é de acesso livre na net, mas muito difíceis de juntar.




sexta-feira, 27 de março de 2020

"Lira libertária" a canção dos cicloviajantes


Hoy no es la esperanza
La que me dibuja esta sonrisa
Es la idea de mi mismx
rodando por las cornizas

Como quien rompe su cancha
La lógica de su suelo
Para ser como la ficha
que no responde al tablero

Voy a salir a pedalear y es facil
a veces ver amigos, los compas, los pankis
Inesperadamente por cualquier lugaaar
También pedalean, despreciando autos
Quizá si tengo suerte alguien se saque algo
Pa sentir que me da alas el tanto rodaaar

Cooon dos ruedas no más
Cooon dos ruedas no más
Cooon dos ruedas no más
Cooon dos ruedas no más


Voy a salir a pedalear y es fácil
a veces ver amigas, las compas, las pankis
Inesperadamente por cualquier lugaaar
También pedalean, despreciando autos
Quizá si tengo suerte alguien se saque algo
Pa sentir que me da alas el tanto rodaaar
Con dos ruedas no más
¿Cuánto falta?¿Cuánto queda?
¿Para la última vuelta de la rueda?

Hoy no es la esperanza
La que me dibuja esta sonrisa
Es la idea de mi mismx
rodando por las cornizas
Como quien rompe su cancha
La lógica de su suelo
Para ser como la ficha
que no responde al tablero

¿Cuanto falta? ¿Cuanto queda?
¿Para la última vuelta de la rueda?
¿Cuanto falta? ¿Cuanto queda?
¿Para la última vuelta de la rueda?

terça-feira, 17 de março de 2020

Cartoon sobre fogos na Amazónia vence concurso mundial


"Doaa el-Adl (n. 1979) é a grande vencedora do Women Cartoonists International Award, uma iniciativa da United Sketches, organização internacional para cartoonistas independentes com sede na Normandia, em França, cujo objectivo é fomentar a liberdade de expressão e ajudar cartoonistas exilados. A egípcia ganhou o grande prémio com uma obra sobre os fogos na Amazónia".

Citação do jornal Publico.pt  

sábado, 22 de fevereiro de 2020

😢😢😢

Há 15 dias sofri uma queda da bicicleta cuja consequência foi a perda do rim esquerdo.
A queda foi a mais simples possível, naqueles lugares que mandamos as crianças andarem porque é seguro, a 10km… Não sofri aparentemente nada. Até que dois dias depois o médico de família me manda de urgência para o hospital… Já tinha hemorragias.
A minha primeira ilação é: nunca desvalorizar o meio físico onde te inseres; a segunda é: pode haver sempre uma lesão não visível.
O aspeto mais violento que me recordo foi o de bater com a cabeça no chão, o bom capacete ter-me-á poupado outra lesão.
Fiquei algum tempo deitado no chão tentando perceber o que tinha; apareceu uma viatura que me ofereceu ajuda e ida ao hospital, agradeci e recusei, montei a bicicleta e fiz os 22 kms de regresso a casa. Mais um erro: devia ter aceite ajuda e a chamada da ambulância.
Nos dias seguintes os problemas agravaram-se e a retirada do rim foi inevitável.
Encontro-me a recuperar bem. As cicloviagens estão congeladas!
Tinha-me inscrito para fazer a maratona de Edimburgo a 24 de Maio, já adiada, depois fazia a Escócia em bicicleta... Vamos lá ver se dá em Setembro.
Boas viagens a tod@s!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Mensagem de Pepe Mujica aos cicloviajantes

Aos companheiros cicloviajantes que o foram visitar.
Obrigado por teu exemplo Pepe, continuaremos a tentar mudar o mundo e as nossas atitudes!

domingo, 19 de janeiro de 2020

Às vezes "bate" umas saudades...

Às vezes "bate" umas saudades
Da montanha 
Do vento nas árvores
Da chuva 
Do canto das aves
Da incógnita do lado de lá
Do barco e do rio
Do que sabes que não sabes
Até do frio
E das firmes vontades...



  
  





País Basco, Astúrias, Picos da Europa, 2018, fotos minhas
Vítor Franco

Pereiro, onde as casas morrem com as pessoas!

O bairro do Pereiro foi o da minha criação, assim diria a minha mãe. A senhora Alice tinha uma mercearia no Largo dos Capuchos, mais conheci...